É muito comum nos dias de hoje ouvirmos falar em limites. Por que será que este tema está sendo tão comentado? Por que pais e educadores estão tão preocupados em dar limites às crianças?
São muitas as mudanças ocorridas no âmbito educacional e das relações humanas.
Antigamente, pais e educadores tratavam as crianças como seres que não pensavam ou não deveria pensar. Elas não tinham o direito de discordar dos mais velhos, fossem eles professores, pais ou avós: a única opção era silenciar para não serem castigadas, e, com isso, seus sentimentos iam sendo reprimidos.
O tempo foi transcorrendo e, a cada nova geração, o processo educativo foi-se modificando, porque os pais não queriam que os filhos passassem por aquilo que eles haviam passado. Por essa razão, aos poucos, tudo foi sendo liberado para que jovens e crianças não sofressem frustrações.
Atualmente, impera a confusão novamente, já que muitos pais e educadores não sabem a hora certa de dizer sim ou não, ou seja, os grandes responsáveis pela educação encontram muita dificuldade em cumprir seu papel. Os pais não sabem como impor os padrões de comportamento e limites, e os educadores, na sua maioria, preferem se omitir. Qual é a hora certa de dar um sim ou um não para seu filho, seu aluno?
Zagury, no seu livro Limites sem trauma, diz que, no afã de atender aos reclames da moderna pedagogia e da psicologia, os pais perderam um pouquinho o rumo e, sem querer, exageram na dose. Quiseram tanto acertar que por vezes erraram.
E, agora, os pais se perguntam: É possível reverter este quadro? O que fazer para sermos modernos sem perdemos a autoridade?
A resposta é simples, e está dentro de cada um de nós. É preciso termos certeza do que realmente queremos e que tipo de cidadão desejamos formar.e não esquecer que dar limites é importante e essencial.
Por isso, é imprescindível saber que dar limites é:
- fazer a criança ou jovem entender que é possível realizar inúmeras coisas que se deseja, mas nem tudo e nem sempre;
- ensinar que somos todos iguais e temos os mesmos direitos;
- saber dizer não sempre que houver necessidade;
- ensinar que outras pessoas são tão importantes quanto nós;
- saber ouvir e falar na medida certa;
- ensinar que nem sempre temos razão e que nem tudo o que fazemos é o certo e o mais importante;
- fazer a criança ou jovem entender a importância de respeitar o próximo com seus defeitos e qualidades;
- ser firme e seguro tanto na hora de dar um sim como na hora de dar o não.
Para cumprir os pontos supracitados, é salutar saber que dar limites ou disciplinar é, como nos diz Tiba, na obra O limite na medida certa, algo vivo, que confere satisfação nos próprios atos de se organizar e de colher. Cada etapa precisa ter a própria satisfação para animar a pessoa a seguir m frente.
A disciplina não é estática e nem somente um conjunto de regras cumpridas. Disciplina é sinônimo de amor ao próximo, sejam eles filhos ou alunos, com o intuito de conduzi-los ao ápice de sua plenitude.
Limite ou disciplina pressupõe um trabalho bem alicerçado, onde o desenvolvimento da afetividade seja o ponto central desse grande empreendimento. Mas, para que a afetividade aflore. É necessário fazermos um resgate da família e da escola, com o objetivo de fazer nascer uma sociedade mais justa, ética e igualitária.
Parece fácil falar em disciplina, entretanto é mais complicado do que se imagina. Entender, impor e manter a disciplina é uma tarefa árdua, que se resume em dois pontos fundamentais: paciência e persistência.
Ao ouvir falar em disciplina, muitas pessoas a interpretam como permissão para exercer o autoritarismo, isto é, controlar totalmente a situação por meio da violência física ou psicológica.
Tiba faz alusão ao assunto dizendo que, para haver disciplina, é necessário a presença de uma autoridade saudável. O segredo que difere o autoritarismo do comportamento autoritário adotado para que outra a pessoa torne-se mais educada ou disciplinada é o respeito à auto-estima.
Diante da importância de dar limites ou disciplinar, vale ressaltar, ainda, que aquela criança ou jovem que não aprende a ter limites sofre graves conseqüências no decorrer de sua vida, conseqüências essas muito freqüentes no nosso dia-a-dia, as quais são destacadas por Zagury como:
-desinteresse pelos estudos;
- falta de concentração;
- falta de capacidade de suportar qualquer mínima dificuldade;
- falta de persistência;
- desrespeito pelo outro – colegas, irmãos, familiares e pelas autoridades em geral.
Rossini, em seu livro, Pedagogia afetiva, expressa seus sentimentos com relação à falta de limites dizendo que criar um filho sem nunca dizer não significa comprometer seu equilíbrio futuro: será um ser humano com dificuldade de tomar conta do próprio destino.
Sendo assim, é necessário lembrar que dar limites ou disciplinar não quer dizer castigar. Pelo contrario, a imposição dos limites na vida de um ser humano é a maior prova de amor que pais e educadores podem oferecer aos seus pupilos.
Então, é importante que pais e educadores iniciem o quanto antes a estabelecer limites com seus filhos e alunos, pois só assim as chances deles se tornarem cidadãos equilibrados, comprometidos, responsáveis e felizes serão maiores.
É bom não esquecer que a qualidade é melhor eu quantidade. Aos pais, é importante dar qualidade no tempo que dedicam aos filhos. É preciso, acima de tudo, amá-los sempre.
Kelly Simões C. Lima Abrantes
Pedagoga
Especialista em tecnologia Educacional
Coordenadora da Educação Infantil e das Séries Iniciais do Ensino Fundamental do Colégio Nossa Senhora de Lourdes. Cajazeiras/PB
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