Domingo do amor aos inimigos e da santidade do Pai

Jesus interpreta a lei, buscando e propondo aos discípulos os valores que ela defende, muito mais do que a simples execução da norma. Hoje ele se refere a dois mandamentos: a lei do dente por dente e o amor aos inimigos.

O primeiro é a lei de talião, que previa uma pena proporcional ao dano causado. Visava evitar vinganças exageradas, colocando um freio à espiral da violência. Jesus exorta seus seguidores a se absterem até mesmo do que é permitido pela lei, e assim interromperem totalmente o ciclo de vingança.

O segundo mandamento, sobre o amor aos inimigos, retoma a tradição conhecida em Levítico que manda “não guardar rancor contra os concidadãos”. Jesus radicaliza esta tradição e propõe aos discípulos que amem não só os membros de seu grupo, mas até mesmo os inimigos. Essa nova exigência baseia-se não na natureza humana. De fato, não é fácil amar os inimigos; a tendência natural do ser humano é guardar ódio do inimigo. Por isso, não bastam motivações psicológicas; são necessárias razões teológicas: sermos bons como Deus é bom. A palavra final deste evangelho é justamente esta: “Sede perfeitos como o Pai de vocês é perfeito”.

Com estes dois mandamentos, Jesus propõe não a resignação ou a indiferença diante da violência e da injustiça, mas uma resistência ativa, não violenta. O que desarma o inimigo é o amor, não a passividade ou a indiferença. O evangelho de hoje retoma as bem-aventuranças dos que promovem a paz, recordando a nossa vocação de construtores da paz.

Não podemos buscar esta meta sozinhos(as). A comunidade é o ambiente favorável que nos lembra constantemente esta vocação. Cada um(a) de nós é responsável por criar este ambiente espiritual, no qual não serve a lógica da competição e da luta pelo poder. Imitar a integridade de Deus é justamente buscar qualidade interior e uma conduta de vida capaz de modificar o lugar onde habitamos.

Na liturgia somos a assembléia dos que foram santificados por Deus. Não porque sejamos pessoas boas, puras, perfeitas, mas porque Deus, que é perfeito, nos agraciou e nos chama a imitar a sua santidade.

Retirado da Revista de Liturgia

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