Cozinhar é uma arte que depende de dom e de alguns segredos. Muitas vezes essa arte, e os seus segredos, são passados de geração para geração. Esta é a história da família Alves, imigrantes portugueses que há gerações moram no Brasil e preparam um excelente peixe cozido.
Carlos, intrigado com o fato de o peixe que sua esposa preparava vez ou outra ser tão delicioso, mas ter uma aparência feia, questionou-a:
- Querida, este peixe que você prepara é muito saboroso, mas porque ele fica todo em pedaços, quebrado, parecendo que está estragado?
- Foi minha mãe quem me ensinou. A melhor maneira de se preparar um peixe não é inteiro. Ele deve ser partido em pedaços pequenos. É um segredo de família – afirmou a mulher, orgulhosa.
Carlos ficou pensativo. Algumas semanas depois, foram jantar na casa da sogra. Ainda intrigado com o preparo do peixe, perguntou:
- Estimada sogra, por que a melhor maneira de se preparar um peixe é cortando-o em pequenos pedaços?
- Não sei ao certo, foi minha mãe quem me ensinou. É um segredo de família – respondeu a sogra.
Mais algumas semanas se passaram e certo dia Carlos foi visitar a avó de sua esposa. Lembrou-se então, da história do peixe e do segredo de família. Ficou curioso e não se conteve:
- Vovó, minha esposa faz um prato delicioso que parece ser uma tradição da família. O peixe fica excelente, mas a aparência não é boa. Por que ele não pode ser servido inteiro com o mesmo tempero. Por que a melhor maneira de servi-lo é aquela?
A vovó deu um sorriso maroto e respondeu:
- Meu filho, o peixe inteiro deve ser ainda melhor. O que acontece é que, quando viemos de Portugal, a situação era muito difícil. Quase não tínhamos dinheiro para comprar comida. Comprávamos peixes menores. Também não tínhamos panelas boas, então cortávamos o peixe em diversos pedaços para caber na panela. Assim é que fazíamos. Ai minha filha aprendeu a cozinhá-lo desse modo. E a filha de minha filha, sua esposa, também.
Para refletir
O que foi uma solução criativa para resolver um problema especifico pode se tornar uma norma em empresas, famílias ou grupos. É preciso tomar cuidado para não cair no extremismo de deixar essas respostas se tornarem absolutas e inquestionáveis. Muitas vezes nem sabemos por que as coisas são feitas desse modo. Fazemos apenas porque, nas gerações anteriores, sempre foi assim. Tido pode ser melhorado, não se apegue demais ás rotinas e aos “segredos” que dão certo. De tempo em tempo, é preciso quebrar algum paradigma para tornar as coisas mais dinâmicas e eficientes.
O papel do líder nesse processo é fundamental. Ele não pode se acomodar com as respostas prontas. Deve ir às origens, saber por que sempre foram assim, saber se de fato essa é a melhor maneira de realizar tal tarefa. O líder é um questionador, mas sempre tendo em vista o crescimento da equipe e a dinamização dos trabalhos.
Para discutir
-Sua postura é mais de comodismo ou de dinamismo?
-Quando e como é possível se quebrar um paradigma?
-Quais as vantagens e desvantagens?
Retirado do Livro Parábolas de Liderança – Ed. Paulus
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