Estamos diante dos fariseus que já tinham uma opinião formada sobre a questão do divórcio. Na realidade, eles não buscavam uma resposta com o Senhor sobre o assunto, mas armavam uma cilada para Ele. Eles não estavam focados nos princípios de Deus sobre o casamento, mas na concessão mosaica para o divórcio. O que queriam era colocar Jesus contra Herodes. Foi nessa mesma região que João Batista foi preso e degolado por denunciar o divórcio ilegal e o casamento ilícito de Herodes com sua cunhada Herodíades.
Os fariseus instigavam Jesus a ter a mesma atitude de João pensando que, com isso, teria o mesmo destino. O que estes [fariseus] queriam era que o Senhor se tornasse intolerável em termos políticos e religiosos. Por outro lado, eles também queriam colocar à prova a ortodoxia de Cristo a fim de O acusarem de heresia. Se Jesus dissesse que era lícito, ele afrouxaria o ensino de Moisés sobre o divórcio. Mateus registra essa mesma pergunta acrescentando um dado importante: “É lícito ao marido repudiar sua mulher por qualquer motivo”? (Mt 19.3). Moisés havia ensinado que se o homem encontrasse alguma coisa indecente na mulher, lavraria carta de divórcio e a despediria (cf. Dt 24.1). A grande questão é entender o que significa essa “coisa indecente”.
Jesus não caiu na armadilha dos fariseus. Ele respondeu a pergunta deles com outra pergunta, abrindo a porta para a verdadeira interpretação sobre a concessão de Moisés acerca do divórcio. Algumas verdades são destacadas aqui:
Deus instituiu o casamento, não o divórcio. O casamento é a expressa vontade do Altíssimo, não o divórcio. No princípio, quando Deus Pai instituiu o casamento (cf. Gn 1.27; 2.24), antes da queda humana, não havia nenhuma palavra sobre o assunto [divórcio]. Ele é fruto do pecado. Ele é resultado da dureza do coração. Enquanto o casamento é digno de honra entre todos (cf. Hb 13.4), Deus odeia o divórcio (cf. Ml 2.16).
Jesus, como supremo intérprete da Sagrada Escritura, diz que Moisés não mandou divorciar por qualquer motivo, ele permitiu por um único motivo: a dureza de coração (10.4,5; Mt 19.8). Mateus registra a pergunta dos fariseus assim: “Por que mandou, então, Moisés dar carta de divórcio e repudiar”? (Mt 19.7). Na verdade, Moisés nunca mandou. O divórcio nunca é um mandamento ou ordem, mas uma permissão e uma permissão regida por balizas bem estreitas, ou seja, a dureza do coração.
O casamento foi instituído por Deus, o divórcio não. O casamento é ordenado pelo Criador, o divórcio não. O casamento agrada ao Todo-poderoso, o divórcio não. Ele ama o casamento, mas odeia o divórcio. E permite o divórcio, mas jamais o ordena. Essa prática jamais foi o ideal de Deus para a família.
“Vocês ouviram a apelação dos mestres judeus sobre Deuteronômio 24:1, com a intenção de consubstanciar uma prática que permita aos maridos divorciar-se, livremente e a seu bel-prazer, de suas esposas, fornecendo-lhes simplesmente um estúpido documento legal de transação”. “Mas eu digo a vocês”, continuou Jesus, que tal comportamento irresponsável da parte do marido fará com que ele, sua esposa e os novos parceiros tenham uniões que não constituem casamentos, mas adultérios. Neste princípio geral, temos uma exceção. A única situação em que o divórcio e o novo casamento são possíveis sem transgredir o sétimo mandamento é quando o casamento já foi quebrado por algum sério pecado sexual.
Não podemos esquecer que o divórcio existe por causa da dureza do coração humano. Tanto o contexto anterior como todo ensino da Bíblia fala de reconciliação [arrependimento e perdão]. O padrão é o coração de Deus, não o coração duro do homem. Antes de falarmos de divórcio temos que falar sobre o que é casamento e sobre reconciliação. Depois dessa compreensão é que podemos achar espaço para falarmos de divórcio. O divórcio por questões banais: o amor acabou, achou alguém mais atraente, não sinto mais nada, não há comunicação. Se você entrar para o divórcio, se houver outro casamento haverá adultério, pois mesmo se legalmente for aprovado, diante do Senhor você é casado com o cônjuge. O divórcio não é a resposta, abre ferida. As consequências são terríveis para todos.
A solução é o perdão não o divórcio. Conclusão: Dicas para proteger seu matrimônio: 1. Ponha Deus em primeiro lugar. 2. Ponha seu cônjuge em primeiro depois de Deus. Não são os filhos. 3. Comunique-se diariamente com seu cônjuge. Fale de suas necessidades. 4. Gaste tempo a sós com seu cônjuge. 5. Elogie seu cônjuge regularmente, reservada e publicamente. 6. Tenha expectativas realistas. 7. Tenha determinação de permanecer casado. 8. Pese o custo humano do divórcio – advogado, pensão, os efeitos nas crianças, reputação, dor. 9. Aprenda a crescer nas dificuldades. 10. Peça ajuda de alguém na crise.
Pai, que os casais cristãos, unidos pelo Sacramento do Matrimônio, saibam reconhecer e realizar o mistério de comunhão que o Senhor os chama a viver.
Padre Bantu Mendonça
Retirado do Blog da Canção Nova
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