Lemos
à profecia de Isaías (9,1-6), à luz do nascimento, vida, morte ressurreição de
Jesus. O profeta anuncia que chegou a salvação para os pobres e oprimidos.
A
profecia se refere à destruição de Israel, reino do norte pelo rei da Assíria,
732 a.C. O povo, dominado, sem liberdade, está nas trevas e nas sombras da
morte. Isaías anuncia a libertação em três momentos: uma Luz que brilha, como
nova criação; o fim da guerra, da opressão e recuperação de tudo que lhe foi
roubado; e o nascimento de um menino é o anúncio central.
Num
rio solene, o recém-nascido recebe um manto sobre seus ombros e um nome,
evitando o nome de rei: conselheiro maravilhoso, admirável – mais sábio do que
Salomão – , capaz de fazer justiça ao povo. Deus forte, Guerreiro divino – mais
forte que Davi – , defendendo o povo das ameaças externas, pois tem a força de
Deus. Pai, chefe perpétuo, para sempre – supera a liderança de Moisés,
conduzindo o povo à Terra definitiva. Príncipe da Paz – por seu projeto de
vida, exercício do direito e da justiça e da justiça em defesa do povo
oprimido, criará a paz. Seu nome revela seu agir a favor do povo sofrido.
Isaías
descreve as conseqüências de uma administração justa: “para a paz não haverá
limites. Sentado no trono, com o poder real de Davi, fortalece e firma esse
poder, com a prática do direito e da justiça, a partir de agora e para sempre”
(Is 9,6). Quem garante e realiza isto é o amor cioso, o zelo, o ciúme do
Senhor. É o projeto que Deus quer ver realizado no mundo.
A
carta de Paulo a Tito é catequética, traçando grandes linhas de comportamento
particular e social. O ponto de partida é a manifestação da clemência de Deus,
a seu favor, a sua graça que se expressa na encarnação do Filho, para a
salvação de todos.
Os
cristãos são convocados a viver a novidade do Evangelho de Jesus Cristo. É
necessário romper com as atitudes e paixões do mundo, modo de viver contrário
ao que Deus nos revelou no Messias; e todos são convidados a viver no “tempo
presente com equilíbrio, moderação, justiça e piedade à espera da
bem-aventurada esperança” (Roteiros Homiléticos do Tempo do
Advento, Natal e Tempo Comum, Ano A, São Mateus. CNBB, 2013.p.43) – a manifestação gloriosa de
Jesus Cristo, que se entregou totalmente para nos resgatar e purificar. O
discípulo de Jesus vive nessa tensão: romper com a impiedade e viver a justiça.
Ser cristão é dedicar-se à prática do bem, atualizando as ações libertadoras do
Salvador.
O
Evangelho é uma releitura da infância de Jesus sob a luz de sua paixão, morte e
ressurreição. Lucas medita a ida de Maria e José a Belém e o nascimento de
Jesus na pobreza, na época de Cesar Augusto, imperador romano desde o ano 27
antes de Cristo. A viagem tem como finalidade o recadastramento ordenado pelo
imperador para arrecadar impostos. O império Romano exerce um poder de
dominação sobre as pessoas, explorando-as. O nascimento de Jesus nesse tempo e
lugar revela que a salvação não vem dos poderosos, mas de um pobre, filho de
marginalizados e explorados.
José
e Maria sobem, vindos e Nazaré, na Galileia, para Belém, cidade de Davi, na
Judeia, para se recensearem, porque eram da casa de Davi. Maria estava nos
últimos dias de gravidez e aí se completaram os dias de parto. E ela deu à luz
ao filho primogênito, envolveu-o com faixas e o colocou numa manjedoura, porque
não havia lugar para eles na hospedaria.
Ao
descrever o nascimento de Jesus, Lucas estabelece um paralelismo com a morte e
ressurreição do Messias: José de Arimatéia “desceu o corpo da cruz enrolou-o
num lençol e colocou num tumulo escavado na rocha” (Lc 23,53a). O Evangelista
descreve o nascimento do Messias à luz do evento central da nossa fé. Seu
nascimento já é o anúncio de sua morte.
Narrando
o nascimento de Jesus, em Belém, casa de Davi, apresenta Jesus como o Messias
pobre, nascido entre os pobres pastores, que estavam nos campos, guardando o
rebanho, à noite. É a lembrança do jovem pastor Davi, sem aparência de
grandeza, escolhido para ser rei de Judá, unificando o povo, trazendo paz e
liberdade. O Messias recém-nascido escolhe caminhos novos não percorridos pelos
poderosos de sua época.
Além
dos pastores, surge o Anjo do Senhor, sua glória e luz. Na Bíblia, a glória do
Senhor designa a manifestação visível do mistério de Deus. Lucas a atribui a
Jesus na transfiguração, na ressurreição e em sua segunda vinda.
Os
pastores se atemorizam e o Anjo lhes diz: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma
grande alegria, que será também a de todo o povo (…)” (Lc 2,10). Os pastores
viviam à margem da comunidade praticante, por isso eram malvistos e
desconsiderados. Mas eles são os favorecidos por ser gente simples, sem
preconceitos, receptivos à revelação de Deus. O Sinal que lhes é oferecido é
“um menino ‘na pobreza e na humildade. E ao anjo, juntou-se uma multidão
celestial que louvava a Deus dizendo: “Glória a Deus nos mais alto dos céus, e
na terra, paz aos que são do seu agrado!’”(2,14). Paz aos que são objeto da
benevolência divina, não por iniciativa humana, mas por vontade de Deus.
Diocese de Limeira
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