Note como Deus fez a
natureza silenciosa, calma e produtiva. Não sentimos e nem vemos a planta
crescer, mas cresce sem cessar, no silêncio. Uma floresta inteira cresce sem
fazer barulho. É no silêncio que a natureza produz suas maravilhas: a flor que
se abre, a borboleta que deixa o casulo, a fruta que amadurece, a criança que
se desenvolve, as trilhões de estrelas que brilham… A natureza não tem pressa.
Tudo acontece no
silêncio, como numa bela sinfonia. É por causa do silêncio que tudo existe: a
música surge do silêncio; a arte nasce dele; a inspiração, a poesia e a bela
música, surgem no silêncio; nós a escutamos porque fazemos silêncio; e ela vai
além de nós. Onde cessa a fala começa a música.
Quem se arrisca a falar
sem aprender no silêncio, se arrisca a ensinar coisas erradas. O autor da
“Imitação de Cristo”, o monge Thomas de Kemphis, disse que “ninguém fala com
segurança, senão quem sabe se calar.” A sabedoria nos vem da meditação e da
oração, e essas duas realidades só podem acontecer no silêncio. O silêncio dos
homens às vezes está mais perto da verdade do que suas palavras.
Os homens se gastam
tanto em palavras que não entendem o silêncio de Deus. Ele fala no silêncio. É
na medida que a alma recebe no silêncio, que ela dá na atividade. Madre Teresa
de Calcutá disse que: “Quanto mais recebermos do silêncio da oração, mas nos
entregamos a uma vida ativa. Temos necessidade do silêncio para tocar as
almas.”
O religioso que não
aprendeu a silenciar, meditar e rezar, acaba caindo no ativismo doentio e
frustrante. Ele pode até semear com abundância, mas a semente é estéril, não
germina.
É tão rara a paz divina
nos corações dos homens porque não sabem encontrar-se com Deus na própria alma,
em silêncio. E ninguém toca os corações dos homens e enriquecê-los, sem
primeiro abastecer-se a si mesmo, por uma vida interior em Deus, no silêncio.
Para serem ajudados espiritualmente, os homens não precisam de simples homens,
mas de “homens de Deus”. Somente aqueles que são fortes pelo contato com o
“Hóspede da alma”, podem ir sem receio e firmes ao encontro das criaturas para
socorre-las, nos ensina Raul Plus.
Jorge Duhamel queria
criar o “Parque nacional do silêncio”. Infelizmente nossa era de máquinas não
nos deixa apreciar o silêncio, e nosso coração fica cansado porque não entra em
si mesmo.
O amor se exprime mais
pelo silêncio do que pelas palavras. É sabedoria saber se calar até o tempo
certo de falar. André Maurois disse que os homens temem o silêncio como temem a
solidão, porque ambos lhes dão uma visão do terrível vazio da vida. Mas esse vazio
só pode ser preenchido, quando, no silêncio e na meditação, encontramos a sua
causa e nos fortalecemos para superá-lo. Ele é o remédio que o homem moderno
não compra nas farmácias.
Muitos se agitam no
mundo e quebram o precioso silêncio. Pois bem, há um provérbio alemão que diz
que: “A melhor resposta à cólera é o silêncio”. Voltaire avisava aos cortesãos
do rei francês que, “na corte, a arte mais importante não é a de falar bem, mas
a de saber calar-se.”
O fato do silêncio ser
de ouro explica porque ele é tão raro. A Palavra de Deus diz que: “Há quem se
cala por não saber falar, e há quem se cala porque reconhece quando é tempo de
falar”(Eclo 20,6).
Ghandi ensinava que o
silêncio faz parte da disciplina espiritual de um seguidor da verdade.
“Sinto-me como se tivesse sido feito para o silêncio”, dizia. Alguém observando
um surdo-mudo disse que ao lado dele é que se percebe como são poucas as
palavras que merecem ser ditas.
Prof. Felipe Aquino
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