Jesus hoje exalta um
tipo diferente de violência (e talvez seja a única violência que é válida e
correta), porque a violência que o mundo faz e exalta de uns sobre os outros é
totalmente condenável e deplorável. Mas existe uma violência que é necessária,
a violência que João Batista fez sobre si mesmo: “É necessário que ele cresça e
eu diminua” (João 3, 30). A violência de nos tornarmos pequenos, porque, afinal
de contas, a nossa alma tem desejo de grandeza, de superioridade, de
reconhecimento, de nos tornarmos, muitas vezes, melhores do que os outros,
sermos mais do que os outros.
Se nós não tivermos
violência para com o nosso orgulho, para com a nossa soberba e para com a nossa
ganância e para com a nossa sensualidade, o mal só haverá de crescer dentro de
nós!
É preciso violência
para nos tornarmos menores, pequenos, para nos tornarmos humildes, para
contermos aqueles ímpetos do coração que nos levam, muitas vezes, a sermos
pessoas grosseiras, mal-educadas e darmos má resposta aos outros. É preciso
conter aquela vontade que vem dentro de nós de dizer o que não precisa ser
dito. Essa bendita violência se chama “mortificação”, tão praticada pelos
santos, tão vivenciada por aqueles que querem crescer na sabedoria e na
submissão à vontade de Deus.
Esse tipo de violência
é o remédio necessário para combater esse orgulho exacerbado que há dentro de
nós! A violência nos ajuda a ceder quando não queremos ceder, a violência que
nos ajuda a dar razão até quando, muitas vezes, achamos que temos a razão. A
violência de querer ajudar a quem não quereríamos ajudar, de saber amar a quem
é difícil amar.
O Reino dos Céus é
conquistado não por quem faz violência com os outros, mas por aquele que sabe
fazer a sábia violência contra a sua vontade! Vontade, muitas vezes, rebelde;
vontade que, muitas vezes, não se submete à vontade de Deus; vontade que, frequentemente,
não sabe obedecer aos próprios pais; aquela vontade que o leva muitas vezes a
se rebelar no seu casamento e no seu trabalho. A vontade que precisa de uma
ajuda divina para nos submetermos àquilo que precisamos ser submissos.
Ser violento não
significa ser bobo, ingênuo nem perder o sabor de viver. “Se o grão de trigo,
caído na terra, não morrer, fica só; se morrer, produz muito fruto” (João 12,
24). Se queremos morrer para este mundo para viver para Deus, precisamos a cada
dia saber podar a nossa vontade para que a vontade de Deus cresça em nós!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade
Canção Nova
Nenhum comentário:
Postar um comentário