O
profeta Isaías nos situa no contexto do exílio da Babilônia, no qual o povo se
encontra. Transcorreram poucos anos da destruição de Jerusalém e do seu Templo.
Os deportados guardam viva a lembrança da derrota. Conservem gravadas as cenas
patéticas: os soldados que destroem as muralhas, os palácios dos reis, o sangue
das crianças e dos velhos que correm pelas ruas, as mulheres que fogem
aterrorizadas, carregando os filhos nos braços. Neste contexto de dor, o povo
eleva o pensamento a Deus e no coração nasce uma prece, uma das mais belas de
toda a Bíblia, e dela é extraída a leitura de hoje: “És
tu mesmo, Senhor, nosso Pai, o nosso libertador, teu nome é eterno” (63,16b).
A
carta aos Coríntios conta que os cristãos daquela comunidade tinham acolhido o
Evangelho com entusiasmo, mas depois, aos poucos, recaíram nos vícios da vida
passada. Paulo conhece suas fraquezas e suas misérias. Convoca a todos para uma
maior seriedade de vida. Afirma que Deus realizou coisas maravilhosas,
enriquecendo todos com dons, fortaleceu-os na fidelidade ao Evangelho e os
mantêm vigilantes na espera do Senhor.
O
Evangelho, marcado por insistentes alertas, focado, sobretudo, no imperativo
“vigiai”, é a parte final do capitulo 13 de Marcos, que antecede a narração da
Páscoa de Jesus. Jesus fala da destruição do Templo, dos falsos profetas, das
tribulações, das perseguições e até dos sinais da natureza (figueira, sinais
cósmicos). Esses trechos, que incluem muitos fatos “pós-pascais”, estão em
relação com os acontecimentos sucessivos narrados a partir do capítulo 14:
perseguição, morte e ressurreição de Jesus.
Com
a glorificação de Jesus, o final dos tempos já fora inaugurado e a comunidade
está sendo convidada a se manter alerta para a hora da “crise messiânica” de
Jesus. Os tempos finais se delinearam como tempos difíceis, exigindo uma
atenção permanente por parte dos discípulos. Vigiar recebe sentido muito
vinculado à oração e à prática das boas obras.
Vigiar
é estar em comunhão com Jesus, por meio da oração e da missão, no mesmo pensar,
sentir e agir. Esse dom é concedido à comunidade que, entre as contradições da
vida, os desafios da história e as turbulências do percurso, foi chamada a
viver orientada para as coisas que não passam (oração depois da comunhão).
Quando vive assim, ela acorre ao encontro do Cristo que vem, confiante de ser
contada entre os que serão reunidos à direita de Deus (oração do dia) e de
contar com as suas bênçãos neste mundo.
Diocese de Limeira
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