O
profeta Isaías nos recorda que a missão consiste em levar boas notícias às
vítimas da injustiça: os pobres, os desanimados, os cativos e os prisioneiros.
Ele é semelhante ao arauto que anuncia o início do Ano Jubilar, apresentado
aqui como “ano da graça do Senhor”, onde todos recuperavam suas propriedades e
seus bens. No Ano Jubilar dever-se-ia proclamar a libertação para todos os
habitantes do país. Cada um recuperava a sua propriedade e voltava para a sua
família.
Com
isso, o profeta anuncia a chegada de uma nova era em que as relações humanas
são transformadas radicalmente. O motor dessa transformação é o espírito de
Deus que, ao tomar conta do profeta e fazendo-o anunciar seu programa e vida,
mostra também quais serão os resultados: liberdade e vida para todos.
Para
que haja liberdade e vida para todos faz-se necessário acabar com as
injustiças. Chegou a hora de dizer “não” à sociedade em que os opressores vivem
às custas dos oprimidos, em que os ricos se enriquecem sempre mais, porque
condenam os pobres à miséria, e as terras e os bens vão sendo acumulados nas
mãos de poucos.
Ouvimos
a Carta aos Tessalonicenses. Tessalônica era, no século I, a cidade mais
importante da Macedônia. Porto marítimo e cidade de intenso comércio. Uma
encruzilhada religiosa, na qual os cultos locais coexistiam com todo o tipo de
propostas religiosas vindas de todo o Mediterrâneo.
A
cidade foi evangelizada por Paulo durante a sua segunda viagem missionária,
muito provavelmente no Inverno dos anos 49-50. Paulo chegou a Tessalônica
acompanhado de Silvano e Timóteo, depois de ter sido forçado a deixar a cidade
de Filipos. O tempo de evangelização foi curto; mas foi o suficiente para fazer
nascer uma comunidade cristã numerosa e entusiasta, constituída
majoritariamente por pagãos convertidos.
No
entanto, a obra de Paulo foi brutalmente interrompida pela reação da colônia
judaica. Os judeus acusaram Paulo de agir contra os decretos do imperador e
levaram alguns cristãos diante dos magistrados da cidade. Paulo teve de deixar
a cidade às pressas, de noite, indo para Bereia e, depois, para Atenas.
Entretanto,
Paulo tinha a consciência de que a formação da comunidade cristã de Tessalônica
ainda deixava muito a desejar. A jovem comunidade, fundada há pouco tempo e
ainda insuficientemente catequizada, estava quase desarmada nesse contexto
adverso de perseguição e de provação. Preocupado, enviou Timóteo a fim de saber
noticias de encorajar os tessalonicenses na fé. Quando Timóteo voltou e
apresentou o seu relatório, Paulo estava em Corinto. Confortado pelas
informações de Timóteo, o apóstolo decidiu escrever aos cristãos,
felicitando-os pela sua fidelidade ao Evangelho.
Aproveitou
também para esclarecer algumas dúvidas que inquietavam os tessalonicenses e
para corrigir alguns aspectos menos exemplares da vida da comunidade. Pede aos
tessalonicenses que vivam alegres e que pautem a sua vida por uma intensa
oração, sobretudo a oração de ação de graças. Pede ainda que abram o coração ao
Espírito Santo e que não desprezem os seus dons.
O
Evangelho é, provavelmente, um primitivo hino cristão conhecido da comunidade
joanina, que o autor do Quarto Evangelho adaptou e onde se expressa a fé da
comunidade em Cristo, Palavra viva de Deus, enviado ao mundo para concretizar o
plano de salvação que Deus tinha para oferecer aos homens. Os primeiros três
versículos do texto que hoje nos é proposto (Jo 1,6-8) pertencem a esse
“prólogo”.
Depois
do “prólogo”, o autor desenvolve, em várias etapas, a sua catequese sobre
Jesus. Na “seção introdutória” ele procura dizer quem é Jesus e definir a sua
missão, fazendo entrar sucessivamente em cena várias personagens cuja função é
apresentar a figura de Jesus.
Entre
as personagens, sobressai a figura de João Batista, o “apresentador” oficial de
Jesus. Ele aparece no início (Cf. Jo 1, 19-37) e no fim (Cf. Jo 3, 22-36) dessa
seção introdutória a dar testemunho sobre Jesus. O texto evangélico apresenta,
precisamente, um primeiro testemunho que João dá sobre Jesus, diante dos
enviados das autoridades judaicas.
Para
percebermos o alcance do diálogo entre João e os líderes judaicos, é preciso
ter em conta o ambiente político, social e religioso da Palestina do século I.
Dominado pelos romanos, humilhado e impossibilitado de definir o seu destino,
afogado em impostos, explorados por uma classe dirigente comodamente instalada
nos seus privilégios, escravizado por um sistema religioso ritual e legalista,
o Povo de Deus vivia na expectativa da chegada do Messias libertador, enviado
por Deus para inaugurar uma nova era de liberdade, de alegria e de felicidade.
Muitos
israelitas estavam dispostos a aproveitar qualquer oportunidade de libertação e
eram presas fáceis dos falsos messias e dos vendedores de sonhos.
João
Batista se apresenta como profeta do desterro, enquanto Jesus é o Cristo e o
profeta. João batiza com água, mas Jesus, desconhecido, é aquele que batiza no
Espírito Santo. Essa expressão define a obra primordial do Messias: regenerar a
humanidade no Espírito Santo.
Diocese
de Limeira
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