3º Domingo do Advento

O profeta Isaías nos recorda que a missão consiste em levar boas notícias às vítimas da injustiça: os pobres, os desanimados, os cativos e os prisioneiros. Ele é semelhante ao arauto que anuncia o início do Ano Jubilar, apresentado aqui como “ano da graça do Senhor”, onde todos recuperavam suas propriedades e seus bens. No Ano Jubilar dever-se-ia proclamar a libertação para todos os habitantes do país. Cada um recuperava a sua propriedade e voltava para a sua família.

Com isso, o profeta anuncia a chegada de uma nova era em que as relações humanas são transformadas radicalmente. O motor dessa transformação é o espírito de Deus que, ao tomar conta do profeta e fazendo-o anunciar seu programa e vida, mostra também quais serão os resultados: liberdade e vida para todos.

Para que haja liberdade e vida para todos faz-se necessário acabar com as injustiças. Chegou a hora de dizer “não” à sociedade em que os opressores vivem às custas dos oprimidos, em que os ricos se enriquecem sempre mais, porque condenam os pobres à miséria, e as terras e os bens vão sendo acumulados nas mãos de poucos.

Ouvimos a Carta aos Tessalonicenses. Tessalônica era, no século I, a cidade mais importante da Macedônia. Porto marítimo e cidade de intenso comércio. Uma encruzilhada religiosa, na qual os cultos locais coexistiam com todo o tipo de propostas religiosas vindas de todo o Mediterrâneo.

A cidade foi evangelizada por Paulo durante a sua segunda viagem missionária, muito provavelmente no Inverno dos anos 49-50. Paulo chegou a Tessalônica acompanhado de Silvano e Timóteo, depois de ter sido forçado a deixar a cidade de Filipos. O tempo de evangelização foi curto; mas foi o suficiente para fazer nascer uma comunidade cristã numerosa e entusiasta, constituída majoritariamente por pagãos convertidos.

No entanto, a obra de Paulo foi brutalmente interrompida pela reação da colônia judaica. Os judeus acusaram Paulo de agir contra os decretos do imperador e levaram alguns cristãos diante dos magistrados da cidade. Paulo teve de deixar a cidade às pressas, de noite, indo para Bereia e, depois, para Atenas.

Entretanto, Paulo tinha a consciência de que a formação da comunidade cristã de Tessalônica ainda deixava muito a desejar. A jovem comunidade, fundada há pouco tempo e ainda insuficientemente catequizada, estava quase desarmada nesse contexto adverso de perseguição e de provação. Preocupado, enviou Timóteo a fim de saber noticias de encorajar os tessalonicenses na fé. Quando Timóteo voltou e apresentou o seu relatório, Paulo estava em Corinto. Confortado pelas informações de Timóteo, o apóstolo decidiu escrever aos cristãos, felicitando-os pela sua fidelidade ao Evangelho.

Aproveitou também para esclarecer algumas dúvidas que inquietavam os tessalonicenses e para corrigir alguns aspectos menos exemplares da vida da comunidade. Pede aos tessalonicenses que vivam alegres e que pautem a sua vida por uma intensa oração, sobretudo a oração de ação de graças. Pede ainda que abram o coração ao Espírito Santo e que não desprezem os seus dons.

O Evangelho é, provavelmente, um primitivo hino cristão conhecido da comunidade joanina, que o autor do Quarto Evangelho adaptou e onde se expressa a fé da comunidade em Cristo, Palavra viva de Deus, enviado ao mundo para concretizar o plano de salvação que Deus tinha para oferecer aos homens. Os primeiros três versículos do texto que hoje nos é proposto (Jo 1,6-8) pertencem a esse “prólogo”.

Depois do “prólogo”, o autor desenvolve, em várias etapas, a sua catequese sobre Jesus. Na “seção introdutória” ele procura dizer quem é Jesus e definir a sua missão, fazendo entrar sucessivamente em cena várias personagens cuja função é apresentar a figura de Jesus.

Entre as personagens, sobressai a figura de João Batista, o “apresentador” oficial de Jesus. Ele aparece no início (Cf. Jo 1, 19-37) e no fim (Cf. Jo 3, 22-36) dessa seção introdutória a dar testemunho sobre Jesus. O texto evangélico apresenta, precisamente, um primeiro testemunho que João dá sobre Jesus, diante dos enviados das autoridades judaicas.

Para percebermos o alcance do diálogo entre João e os líderes judaicos, é preciso ter em conta o ambiente político, social e religioso da Palestina do século I. Dominado pelos romanos, humilhado e impossibilitado de definir o seu destino, afogado em impostos, explorados por uma classe dirigente comodamente instalada nos seus privilégios, escravizado por um sistema religioso ritual e legalista, o Povo de Deus vivia na expectativa da chegada do Messias libertador, enviado por Deus para inaugurar uma nova era de liberdade, de alegria e de felicidade.

Muitos israelitas estavam dispostos a aproveitar qualquer oportunidade de libertação e eram presas fáceis dos falsos messias e dos vendedores de sonhos.

João Batista se apresenta como profeta do desterro, enquanto Jesus é o Cristo e o profeta. João batiza com água, mas Jesus, desconhecido, é aquele que batiza no Espírito Santo. Essa expressão define a obra primordial do Messias: regenerar a humanidade no Espírito Santo.


Diocese de Limeira

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