4º Domingo do Advento

A profecia de Natã foi o ponto de partida e o eixo de sustentação do movimento messiânico. Desse texto nasceram as esperanças de um rei, descendente de Davi, capaz de trazer para o seu povo uma era de paz e prosperidade. Tudo começou quando Davi fez de Jerusalém a capital do seu Império. De guerrilheiro que era, Davi tornou-se dono de um palácio. Ele tem o firme propósito de construir um templo para o Senhor, pois, não considera digno que o Senhor habite debaixo de uma tenda.

Inicialmente, recebe aprovação do profeta Natã. Mas Deus não quer enquadrar-se num espaço físico. Deus vive no meio do povo, e a construção de uma casa para Ele seria confiná-lo e submetê-lo aos caprichos do rei. O profeta apóia a idéia do rei, mas Deus discorda dando uma mensagem do mais alto alcance: não seria Davi a erguer uma casa ao Senhor, mas Deus ira fazer uma casa para Davi.

“O teu trono será firme para sempre” (2Sm 7,16). Este versículo contém uma das mais importantes profecias do messianismo régio. A profecia aparece cumprida no Novo Testamento, uma vez que Jesus é descendente de Davi. “O seu reino não terá fim” (Lc 1,33), pois a realeza manteve-se dentro da casa (família) de Davi; o seu reino é eterno, entenda-se, no sentido religioso, não no sentido político.

Na Carta aos Romanos lemos que o projeto de Deus foi preanunciado de muitos modos e por muitas pessoas. Mas somente em Jesus Cristo é que chegou à sua plena manifestação. Jesus é o lugar onde Deus se deu a conhecer e tornou clara sua vontade de congregar em si todas as nações, para levá-las à obediência da fé.

No Evangelho (Lc 1, 26-38), Jesus, ao se encarnar, escolhe um meio alternativo: não se apresenta ao mundo a partir de um palácio mas da periferia, numa cidade da Galileia, chamada Nazaré, desconhecida, lugar de onde nada se esperava de bom. Ele se encarna no seio de Maria, uma jovem galileia, símbolo de todo os empobrecidos que aguardam a libertação.

Maria é noiva de José, descendente de Davi. Maria concebe Jesus antes de ir morar com José. O modo extraordinário como Jesus foi concebido mostra a novidade com que Deus age na história e demonstra que o menino é considerado, para qualquer efeito, filho de José e descendente de Davi.

Maria é convidada a não ter medo, à semelhança dos grandes personagens bíblicos (Abraão, Moisés, Pedro, etc), pois encontrou graça diante de Deus.

O anjo explica a Maria como isso vai acontecer: “o Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra (…)” (Lc 1,35). A sombra recorda a nuvem que no passado cobria a tenda da reunião e acompanhava o povo na caminhada para a terra da promessa, onde seriam construídas sociedade e histórias novas. A nuvem lembra que Deus é, ao mesmo tempo, presença e mistério. Presença que torna conhecido e mistério que o impede de ser manipulado.

Para Lucas, Maria é o tipo de discípula que Deus procura para construir a sociedade e a história novas. Ela se põe à disposição do projeto de Deus: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). Nela estão as duas atitudes fundamentais de quem está disposto a se comprometer com a nova história trazida por Jesus: fé e serviço; entrega e gratuidade.

Diocese de Limeira

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