Todos nós, combatentes,
deveríamos trazer sobre a nossa farda esta frase: 'Amor e Perdão'. Não pode
faltar amor nem perdão na vida do combatente do Senhor. O amor e o perdão
caminham lado a lado. A natureza humana e a nossa tendência para o pecado nos
levam a agir de forma contrária à vontade de Deus. Muitas vezes, não
conseguimos encarar os acontecimentos na visão do amor. O joio que o inimigo
semeia, no meio dos filhos de Deus, é o desamor e a recusa em dar o primeiro
passo para perdoar.
O perdão é um ato de
vontade e, se não lutarmos para sair de nós mesmos, se não deixarmos de lado o
nosso orgulho para ir ao encontro dos nossos irmãos, perderemos tudo e todos. A
lei do amor precisa triunfar em nossa vida, em nossa casa, em nossa família.
Quantas famílias, casamentos e comunidades cristãs estão sendo destruídos pela
falta de perdão! Precisamos entender: o perdão é a chave que nos devolve a
unidade e que nos conduz a uma vida no amor.
Não podemos nos deixar
levar pelos sentimentos. Os nossos sentimentos nos arrastam e nos levam a fazer
o que não devíamos. A nossa luta é espiritual, há em nós forças que nos levam
ao perdão; mas existem também forças nos segurando, nos prendendo, nos
amarrando e escravizando, dizendo 'não', impedindo-nos de perdoar. Jesus, no
entanto, quer nos dar a vitória do perdão. Perdoar é um presente de Deus, é uma
porta de graças. Sempre teremos necessidade de perdoar. Quantas vezes devemos
perdoar? É preciso perdoar sempre! Assim como temos dificuldade em perdoar as
pessoas, elas também sentem a mesma dificuldade em perdoar as nossas faltas.
A partir do momento em
que decidimos perdoar, somos curados e restaurados no amor, recuperamos a
alegria e a paz. Quando perdoamos, não estamos fazendo papel de bobo, não
estamos compactuando com o erro dos outros. Ao contrário: perdoar é algo muito
concreto. É como quando se perdoa uma dívida. Você sabe que a dívida existe,
que determinada pessoa deve para você tal quantia; você não é nenhum cego,
nenhum “trouxa”. Você sabe de tudo, mas, de olhos abertos para a realidade,
você perdoa aquela dívida. Veja: a dívida existe, mas você perdoa.
Perdoar é algo nobre.
Não se prenda a coisinhas: salve sua vida. Procure vencer o seu orgulho. Perdoe
a todos, perdoe por tudo, perdoe sempre. O perdão faz crescer o amor entre as
pessoas, e todo o corpo de Cristo, que é a Igreja, ganha com isso. Muitas
vezes, não recebemos as bênçãos do Céu, porque não perdoamos. Deus quer nos
abençoar, mas, se estivermos fechados ao perdão, a graça não acontecerá. O
nosso coração precisa estar aberto ao perdão para que a graça de Deus seja
abundante em nossa vida.
Façamos a oração de São
Francisco pedindo a Deus a graça de perdoar sempre: "Senhor, fazei de mim
um instrumento de vossa paz! Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver
ofensa, que eu leve a perdão. Onde houver discórdia, que eu leve a união. Onde
houver dúvida, que eu leve a fé. Onde houver erros, que eu leve a verdade. Onde
houver desespero, que eu leve a esperança. Onde houver tristeza, que eu leve a
alegria. Onde houver trevas, que eu leve a luz! Ó Mestre, fazei com que eu
procure mais: consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado, pois é dando que se recebe, é perdoando, que se é
perdoado, e é morrendo que se vive para a vida eterna!
Não se sinta humilhado
ao dar o primeiro passo para o perdão. Muito pelo contrário: você é vencedor,
porque teve a coragem de perdoar primeiro. Nunca espere que os outros deem o
primeiro passo. Dê você e verá a grande libertação que Deus fará em sua vida.
Quando nos humilhamos diante dos homens, crescemos diante de Deus e Sua graça é
superabundante em nossas vidas! Esta é a vitória do combatente: amar e perdoar,
uma feliz combinação. O amor nos leva a perdoar, e o perdão nos faz crescer no
amor.
Monsenhor Jonas Abib
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