A Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB) abriu oficialmente a Campanha da Fraternidade de
2014 nesta Quarta-feira de Cinzas, dia 5 de março, em sua sede em Brasília
(DF). Este ano, a campanha aborda o tema “Fraternidade e Tráfico Humano” e o
lema “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1).
Representantes do
governo e entidades da sociedade civil marcaram presença na solenidade, entre
eles: o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso; o representante da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), Marcello Laverene Machado; e a secretária executiva
do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), pastora Romi Márcia Bencke.
O bispo auxiliar de
Brasília e secretário geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, presidiu a
cerimônia. Segundo dom Leonardo, a Igreja inicia um “tempo de conversão” em se
tratando da Quaresma. No Brasil, a Conferência dos Bispos apresenta a Campanha
da Fraternidade “como itinerário de libertação pessoal, comunitária e social”.
Para dom Leonardo
Steiner, a CF 2014 quer contribuir na identificação das práticas do tráfico
humano em suas várias formas. “O tráfico humano de hoje é, certamente, fruto da
cultura que vivemos. A Campanha da Fraternidade, ao trazer à luz um verdadeiro
drama humano deseja despertar a sensibilidade de todas as pessoas de boa
vontade”, explicou.
O ministro da Justiça,
José Eduardo Cardoso, disse que o governo se une à CNBB e às demais entidades
na luta contra o tráfico de pessoas. Para o ministro, o Estado deve reagir
frente a essa realidade. “É inaceitável um crime como o tráfico humano e que
pessoas sejam tratadas como objetos, como escravos. Não importa a modalidade
deste crime. Ele tem que ser objeto de uma reação muito forte da sociedade
moderna, do Estado moderno”, disse.
Mensagem
do papa
O papa Francisco enviou
mensagem por ocasião da abertura da campanha no Brasil. O texto foi lido pelo
secretário executivo da CF 2014, padre Luiz Carlos Dias.
De acordo com o papa,
não é possível ficar impassível, sabendo que existem seres humanos tratados
como mercadoria. "Pense-se em
adoções de criança para remoção de órgãos, em mulheres enganadas e obrigadas a
prostituir-se, em trabalhadores explorados, sem direitos nem voz, etc”,
disse. O papa se dirigiu aos fiéis,
exortando sobre a problemática do tráfico de pessoas. “Queridos brasileiros,
tenhamos a certeza: Eu só ofendo a dignidade humana do outro, porque antes
vendi a minha”, lembrou o papa.
Dignidade
humana
Para a secretária
executiva do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), pastora Romi Márcia
Bencke, é necessário debater a temática do tráfico humano de forma aberta e
coerente. “A Campanha da Fraternidade nos coloca um grande desafio de falar
honestamente das hierarquias econômicas, sociais e culturais, que acabam
legitimando esse tipo de exploração humana”, apontou a pastora.
O representante da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcello Laverene Machado, destacou que a
OAB reconhece a CNBB como uma parceira de lutas em defesa da dignidade humana.
“A Campanha da Fraternidade vai chamar a atenção para essa grande chaga que é a
opressão, o abandono, em uma sociedade estruturada sob bases injustas, visando
apenas o consumismo e o capitalismo. Que cada brasileiro nesta campanha, lute
pelo desaparecimento do tráfico humano”, concluiu.
CNBB
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