Quarta-feira de Cinzas

A antífona da entrada da celebração dá a tônica não somente à celebração da Quarta-Feira de Cinzas, mas a toda a Quaresma, oferecendo à contemplação da Igreja a verdadeira imagem de Deus, que é compaixão e misericórdia. “Ó Deus, vós tendes compaixão de todos e nada do que criastes desprezais”. A partir desta experiência de Deus, se ilumina a mensagem do profeta Joel ao povo pecador e desanimado, bem como o forte apelo de Paulo aos Coríntios a “deixar-se reconciliar com Deus em Cristo”, pois nele o Pai manifestou a dimensão infinita de sua misericórdia e de seu perdão. Na luz desta boa nova, se pode vislumbrar o sentido profundo do caminho de Jesus até a cruz, sal descida às trevas da morte, e o início do mundo novo que brota de sua ressurreição.

Na 1ª Leitura, o profeta Joel fundamenta seu grito para voltar ao Senhor, no feito que “ele é benigno, é compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar o castigo”. Se tal é a atitude de Deus para com o povo, para entrar novamente no caminho certo não é suficiente cumprir algumas práticas penitenciais prescritas pela lei, mas é, preciso colocar em jogo a si próprio, de maneira radical, “rasgar o coração não as vestes”.

Na 2ªLeitura, os coríntios viveram uma fecunda experiência de fé e de caridade, agora, porém, perderam a direção certa, correndo atrás de competições entre si e deixando-se atrair por doutrinas ilusórias que esvaziam o sentido da cruz de Cristo, somente na qual há a salvação. Paulo os exorta a voltarem ao caminho certo, deixando-se reconciliar com Deus, aderindo totalmente a Cristo. Somente Jesus viveu a autêntica relação com o Pai, e, assumindo sobre si nosso pecado, nos fez participar de sua relação filial com O Pai.

Voltar a Cristo e por Cristo ao Pai é a decisão urgente a tomar. Não podemos perder tempo atrás de vãs ilusões nem ficar parados por medo. A Quaresma é “o momento favorável, é agora o dia da salvação”. A Quaresma é o tempo da compaixão e da misericórdia de Deus, o tempo do arrependimento e da conversão

No evangelho, Jesus coloca, ao centro de seu pedido de modificar, de maneira radical, o estilo de vida dos homens religiosos de seu tempo, o feito que o Pai atua, se encontra e se manifesta na profundidade, de seu mistério e no coração da pessoa.  E o teu Pai, que vê o que está oculto te dará a recompensa!”. Esta afirmação é o fio condutor que une o ensinamento sobre o valor e a modalidade de viver a tríplice expressão da piedade do devoto judeu. Jesus aponta à interioridade, pois é aí que se encontra o verdadeiro santuário onde se molda a relação autêntica com Deus, com o próximo e consigo mesmo.

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