4º Domingo do Tempo Comum

Jesus, em sua terra, revela o sentido universal de sua missão e a falta de acolhimento dos seus conterrâneos. Seu projeto, proclamado na sinagoga (4,18-19) cumpre a passagem de Is 61,1-2, mas não inclui o dia da vingança do Senhor. Todos davam testemunho, maravilhados com as palavras de Jesus, o Messias que realiza o “ano da graça” através da paz. Nazaré era uma pequena aldeia da Galileia, ao norte da Palestina, sem muita importância (Jo 1,46). Os conterrâneos de Jesus se perguntavam: Não é este o filho de José? A verdadeira identidade de Jesus não é entendida por aqueles que  aguardavam um Messias poderoso. Em Cafarnaum, cuja população era formada por muitos gentios, Jesus realiza diversos milagres (4,31-41). Mas entre os “seus”, ele afirma que nenhum profeta é bem recebido em sua terra. A rejeição a Jesus é anúncio de sua morte em Jerusalém, lugar do martírio dos profetas (13,33-34). O exemplo do profeta Elias, enviado para socorrer a viúva de Sarepta (1Rs 17,7-24), e o de Eliseu para ajudar Naamã, o sírio (2Rs 5,1-14), pessoas não israelitas, indicam que a missão de Jesus é para todos os povos. A atuação profética de Jesus suscita perseguição e tentativa de morte. Jesus, porém, passando pelo meio deles seguiu o seu caminho até a vitória derradeira sobre a morte. A leitura de Jeremias sublinha a iniciativa de Deus, que consagra para ser profeta das nações. A confiança no Senhor: Não temas, porque estou contigo para te salvar, sustenta a missão a serviço da Palavra. O salmo canta as maravilhas do Senhor, refúgio e salvação. A leitura de 1Coríntios fala do amor gratuito “ágape”, como a essência da vida cristã. Esse amor de Deus, derramado pelo Espírito em nossos corações (Rm 5,5), é força para construir uma humanidade sem preconceitos.

A memória da manifestação de Jesus na sinagoga de  Nazaré nos recorda que o seguimento de Jesus inclui incompreensão e risco por causa da fidelidade à Palavra, mas podemos vencer com a mesma firmeza que levou Jesus a seguir sem hesitar o seu próprio caminho.

Com todos os povos e culturas celebremos nossa ação de graças a Deus nesta eucaristia, para que Ele nos dê coragem e firmeza; e não nos deixe abater pela hostilidade, pela rejeição ou qualquer coisa que venha enfraquecer nossa missão de profetas no mundo de hoje. “Rendo glória a Jesus Cristo, que vos deu tanta sabedoria e, crucificado, reúne judeus e gentios no único corpo de sua Igreja” (Inácio de Antioquia).


Revista de Liturgia

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