2º Domingo da Quaresma

Na leitura de Gênesis, o Deus de amor e fidelidade faz aliança com Abrão. Ao acreditar na promessa de Deus, ele se torna Abraão, pai de uma multidão em busca de vida digna e da terra prometida.

O salmista confia no Senhor, luz e salvação, que renova a esperança na terra dos viventes.

A leitura aos Filipenses mostra a importância de permanecer firmes no caminho indicado por Cristo, que transformará o nosso corpo e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso.

O relato da transfiguração, situado após o anúncio da paixão e das condições para o seguimento (9,22-26), indica que a cruz é o caminho da glória para Jesus e os discípulos. Jesus levou consigo Pedro, João e Tiago [os mesmos que estarão com ele no Getsêmani (Mc 14,33)], e subiu ao monte para orar. Enquanto orava, seu rosto ficou transfigurado e suas vestes brancas e brilhantes, como na ressurreição (24,4). A glória de Jesus resplandece na realização da vontade do Pai, testemunhada também nas curas (5,26; 7,16). Moisés e Elias falavam do êxodo que Jesus ia cumprir em Jerusalém. Eles representam a Lei e os Profetas [as Escrituras segundo Lucas 24,27], plenamente cumpridas em Jesus o Crucificado-Ressuscitado. Os discípulos estão dormindo como no Getsêmani (22,45); ainda não entendem o mistério do Messias Servo sofredor (cf. Is 52,13-53,12). Ao despertarem viram a glória de Jesus, sua luz que ilumina a missão com os necessitados na “planície” (9,37). Da nuvem, sinal da presença divina como no monte Sinai onde Moisés recebe a Lei (Ex 24,12-18), ressoa a voz do Pai: Este é o meu Filho, o meu Eleito. Escutai-o. O Pai convida a escutar o Filho, chamado de Eleito como na cruz (23,35), pois nele se revela a plenitude do seu amor. Os discípulos guardaram silêncio até a Páscoa, que faz compreender o caminho para chegar à glória (24,26.45-46).

A transfiguração prepara os discípulos para a paixão de Jesus e os faz compreender que o seu seguimento inclui o caminho da cruz. No entanto, há uma luz mais brilhante que o sol, que aponta para a vitória. A própria experiência da cruz de Cristo traz no seu bojo a glória. De dentro do sofrimento, como prova de amor, podemos experimentar a ressurreição.

A celebração é momento privilegiado de íntima experiência com Aquele que compartilhando conosco o cálice da sua Paixão, nos faz beber do vinho novo da festa e do pão da alegria. Neste lugar de intimidade, escutemos a voz da sua palavra como um segredo que nos anima no caminho, seja qual for a dificuldade que se impõe.

Revista de Liturgia

Nenhum comentário: