Derramar óleo de
oliveira na cabeça de determinadas pessoas escolhidas para missões especiais
era costume no meio dos judeus. Jesus lembra as palavras de Isaías,
aplicando-as asi: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou
com a unção para anunciar a boa-nova aos pobres; enviou-me para proclamar a
libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os
oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor” (Is4, 18-19). Não basta a
unção, que é sinal da consagração de Deus. É preciso executar a missão de levar
vida e salvação aos outros.
Jesus é chamado Cristo.
Quer dizer ungido. Ele assume a missão dada pelo Pai, de salvar a humanidade.
Ele realiza a libertação no sentido horizontal, mas com o sentido da
verticalidade, ou seja, da superação dos males terrenos, mas em vista de se
conseguir a felicidade eterna. O Papa Emérito Bento XVI nos coloca, na
encíclica “Caridade na Verdade”, o tema “O Desenvolvimento Humano Integral na
Caridade e na Verdade”. Ele lembra: “Eliminar a fome no mundo tornou-se, na era
da globalização, também um objetivo a alcançar para preservar a paz e a
subsistência da terra” (nº. 27). Por outro lado, o Pontífice lembra que “sem
Deus o homem não sabe para onde ir e não consegue sequer compreender quem seja”
(nº. 78).
Em termos de Igreja,
precisamos valorizar, sem dúvida, a consagração das pessoas, mas sublinhando
sua finalidade, a de dar vida ao mundo com os critérios de Deus. Para isso, a
união ou comunhão eclesial é de suma importância para potencializarmos nossos
instrumentos de evangelização. Só a sacramentalização não é suficiente. É
preciso instruirmos, formarmos e darmos base de evangelização para se
compreender e promover a libertação integral das pessoas. É preciso haver a
superação de grupos fechados em si mesmos para ganharmos em comunhão e força de
evangelização. Todos podem ter reta intenção, mas é preciso usar meios
adequados para nos unir em função de transformar a sociedade com os critérios
do Reino de Deus. Somos ungidos para evangelizar. Cumprimos essa missão em
comunhão e mútua ajuda. Jesus mandou-nos ser luzes, indicando seu caminho à
sociedade. Na união, nossa luz fica forte e capaz de tirar as escuridões da vida
das pessoas.
No mundo cheio de
propostas diferenciadas, somos instados a assumir a Boa-Nova de Cristo,
deixando-a impregnar nosso ser para testemunharmos sua verdade que salva. O ser
humano sozinho, apesar de sua inteligência e seu desenvolvimento cultural, não
é capaz de realizar um projeto de vida que o satisfaça plenamente. Só Deus
preenche o vazio humano com a realidade de seu amor. Por isso, recebendo a
unção do batismo, temos a possibilidade de contribuir com a realização plena do
ser humano, com os valores e os dons de Deus deixados em sua Igreja,
depositária de suas graças. Não se trata apenas de ritos, mas de realidade com
o conteúdo dos dons de Deus, como sua Palavra e seus sacramentos.
Dom José Alberto Moura
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