A 21ª edição do Grito
dos Excluídos, que acontece nesta segunda-feira (7), vai cobrar a realização de
reformas de base pelo governo e o Congresso brasileiro e posicionar-se contra a
agenda conservadora que vem sendo manifestada em protestos pelo impeachment da
presidenta da República, Dilma Rousseff, e em propostas como a Agenda Brasil,
proposta pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB/AL). Entre as
principais reivindicações estão a auditoria da dívida pública, as reformas
políticas, tributária e das comunicações.
“Neste momento de crise
é importante saber de que lado estamos. Pode-se estar com o povo ou com aqueles
que querem retroceder. Nós não estamos do lado do quanto pior melhor, nem
daqueles que não aceitam o resultado das eleições”, afirmou o bispo Dom Pedro
Luís Stringhini, vice-presidente da regional sul da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil, em entrevista coletiva realizada na tarde de quinta-feira
(3).
Para os organizadores
do Grito, houve muitos avanços sociais na última década, mas também setores em
que os avanços foram mínimos e sobre os quais é preciso pressionar o poder
público para evitar retrocessos. O lema deste ano será “Que país é este, que
mata gente, que a mídia mente e nos consome”. Dentre os objetivos estão o
combate à violência, garantia dos direitos básicos e a construção de espaços
políticos participativos.
“Temos que comemorar
que 40 milhões de pessoas hoje podem comer todos os dias. A conquista de
direitos das empregadas domésticas, o combate ao trabalho escravo, nosso regime
democrático que permite até manifestações pela volta da ditadura. Mas é preciso
avançar em cidadania. Pouco foi feito sobre isso em dez anos, o governo federal
não apostou na politização da população. E agora paga o preço”, afirmou o
jornalista Altamiro Borges.
Miro também ressaltou a
cobrança que será feita à imprensa, que tem dado muito mais cobertura as
manifestações conservadoras, “que exaltam o golpismo, a ditadura e a
discriminação”, do que dá, historicamente, às manifestações populares. “A mídia
também poderia ajudar no combate à violência, mas o que faz é estimular o
consumismo e os piores instintos dos seres humanos, com programas policialescos
e coberturas omissas de casos como a recente chacina em Osasco, em que foram
mortas 19 pessoas”, afirmou.
Para a militante da
Pastoral Operária Antônia Carrara, o Grito também é um espaço de reafirmação da
luta de classes. “Somos trabalhadores. Os patrões nos chamam de colaboradores
com objetivo de esvaziar a nossa história de lutas. Queremos mudar esse
sistema. Os povos não suportam mais o capitalismo”, afirmou.
Em um momento em que as
crises política e econômica são tratadas na imprensa todos os dias, os
organizadores do Grito lembram que a necessidade de ajuste fiscal não pode
significar cortes de recursos para saúde, educação, mobilidade. “A luta nunca
foi fácil, ainda mais nos dias de hoje”, salientou o bispo Stringhini.
O Grito dos Excluídos
não tem centralidade na realização. “Todos podem gritar contras desigualdades
na sua cidade, no seu bairro”, afirmou Rosilene Wansetto, coordenadora nacional
do evento. Este ano são esperados atos em todas as capitais e em cerca de 300
cidades.
Na capital paulista,
estão sendo organizadas duas atividades. Uma na Praça da Sé, que começa às 8h,
com uma missa na Catedral. Outra manifestação, organizada por movimentos de
moradia, terá concentração na Praça Osvaldo Cruz, na Avenida Paulista, às 9h.
Também haverá a 28ª Romaria dos Trabalhadores e Trabalhadoras para a Catedral
de Aparecida, no norte do estado paulista. Outros locais serão divulgados nos
próximos dias.
RBA
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