Jesus, hoje, vai fazer
refeição na casa de um fariseu. O fariseu é uma pessoa muito religiosa, é uma
pessoa bem convertida, sabe de tudo da Lei, da doutrina, das coisas de Deus.
Por isso, o fariseu já está acostumado com tudo que é de Deus, para ele não há
mais nenhuma novidade, já conhece tudo das Escrituras. Quando vamos mostrar a
eles uma novidade: ‘Olha o que Deus está mostrando aqui!’ É como se ele
respondesse: ‘Eu já conheço! Não representa nada para mim! Eu já sei o que é!’.
Sabe, meus irmãos, o
espírito farisaico é terrível, porque nos leva à chamada ‘acomodação religiosa,
espiritual’ e nos leva a sentirmo-nos pessoas diplomadas na fé, no conhecimento
de Deus, diplomadas na espiritualidade. É como se dissessem: ‘Eu já passei por
todas as etapas! Já passei por todos os sofrimentos! Já conheço tudo o que é da
Bíblia, das Sagradas Escrituras! Já sei tudo que é da Igreja!’. De modo que até
a oração, muitas vezes, é fria, acomodada, muito ritualística, porque ele já
sabe o que tem para fazer. Nada que vem de Deus vai ser novo, é apenas mais um
ritual a ser feito.
Quando Jesus entra na
casa deste fariseu é recebido como mais um, mas uma mulher pecadora se aproxima
de Jesus e se despeja, se despoja de coração para o seu Senhor; com suas
lágrimas, com todo o seu ser. A ela o Senhor diz: “Todos os seus pecados estão perdoados!”
(cf. Lucas 7, 48). Por que? Ela mostrou total arrependimento, total fervor para
com a presença do Senhor.
Isso chama a atenção
para uma realidade de nossos dias: a frieza dos convertidos e o fervor dos
pecadores. Quem já se acha convertido, muitas vezes, trata as coisas de Deus
com uma frieza sem igual. Vai à Missa porque tem que ir, está ali presente de
corpo; é assim mesmo, cumpriram seu preceito e está muito bom.
O pecador, tão
necessitado do perdão, da misericórdia de Deus vem com o fervor da alma, do
espírito. Até o “amém” do pecador é diferente do “amém” do convertido. O
convertido responde ‘amém’ já até sem abrir a boca, o pecador sabe que aquele
amém significa a salvação.
Por isso, meus irmãos,
Jesus está dizendo: “Quem muito ama, muito se perdoa. Aquele a quem se perdoa
pouco mostra pouco amor” (Lucas 7, 47). Ou seja, se já somos muito santos e
temos poucos pecados a serem perdoados – ‘Está bem! Obrigado Senhor!’. Quem
reconhece as profundezas da sua miséria é sempre necessitado da misericórdia
divina e nunca perde o fervor de amar a Deus e de buscá-Lo de todo coração!
Que não caiamos na
frieza espiritual dos convertidos, mas que a cada dia o fervor de um pecador
necessitado, abrase o nosso coração!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade
Canção Nova
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