Geralmente, quando morre uma pessoa muito querida, de repente, dois ou três dias depois, bate na gente uma profunda saudade... E dá uma vontade louca de visitar a sepultura daquela pessoa. E a gente vai, leva flores, faz orações, chora. Foi o que aconteceu comigo quando faleceu minha irmã e, logo depois, minha mãe.
Foi o que aconteceu quando Jesus morreu. Três dias depois – era o primeiro dia da semana -, Maria Madalena e outras mulheres foram bem cedinho fazer uma visita à sepultura de Jesus. Ao chegarem lá, um imenso susto! Encontraram a sepultura aberta! Vazia! Apavoradas, não contiveram as lágrimas. Ali mesmo, de repente elas têm uma visão, avisando que Jesus ressuscitou... E Jesus mesmo logo aparece, e fala com Maria Madalena e as outras mulheres.
Elas, então, saem correndo a avisar: “Vimos o Senhor! Ele está vivo! Ele falou com a gente!” João e Pedro vão correndo para ver a sepultura, e constatam: Realmente, aconteceu como as mulheres disseram. E se fosse só isso! Jesus também aparece e conversa com dois discípulos a caminho de Emaús, aparece e conversa com os apóstolos escondidos numa sala de jantar, falando-lhes de paz, dando-lhes o Espírito Santo e ordenando-lhes a anuncias a noticia por todos os cantos da terra.
Numa palavra, tudo isso deve ter causado grande alvoroço... Era até difícil acreditar! O luto e a tristeza pela morte do Senhor, o desanimo, a frustração, a sensação de derrota amargando a vida. De repente são substituídos por uma imensa alegria, um intenso júbilo, um saboroso gosto de vitoria... Jesus está vivo! Ressuscitou!
Agora vejam: Tudo isso aconteceu no “primeiro dia da semana”! Naquele tempo, entre os judeus, a semana começava no dia seguinte após o sábado. Jesus morreu no sexto dia (sexta-feira) e passou o sábado na sepultura... E foi precisamente a partir do seguinte, o “primeiro dia da semana”, que os discípulos e discípulas sentiram que tudo se renovou... A partir deste dia a Vida foi sentida como mais forte do que a morte.
Por isso, por ser o “primeiro dia da semana”, este dia passou a ter para os cristãos um sentido simbólico especialmente profundo. Primeiro, porque ele nos lembra o inicio da criação do mundo. A saber, foi nesse “primeiro dia” que Deus deu inicio à criação. E fazendo o que? Criando o sol! Agora, com o despontar do novo Sol na pessoa do Ressuscitado, esse mesmo dia, passou a ser o dia da Nova Criação, o dia da Nova Vida para Jesus e sua Comunidade.
O “primeiro dia da semana” se tornou, para os cristãos, o dia memorável, inesquecível. O dia mais importante da semana! Precisamente por causa da impressionante vitoria da Ressurreição. Tanto que até deram um nome a este dia. Passaram a chamá-lo de dia do Senhor. Em latim: dies Dominica, que em português virou “Domingo”. Assim surgiu o “domingo”, que significa exatamente isso: “dia do Senhor”.
Nesse dia, passando da morte para a vida. Cristo se tronou “o Senhor dos vivos e dos mortos”. Ninguém mais domina Ele. Ele é o Senhor... Por isso que o primeiro dia da semana agora é d’Ele, do Senhor, é Domingo. Mais que isso, podemos até dizer que Domingo é Domingo. Pois, como vencedor das trevas, do pecado e da morte, Ele agora é o Dia que não tem fim, O Primeiro Dia, o Senhor dos dias... O primeiro dia da semana agora é do Senhor, é Domingo, porque, neste dia, Cristo vem como o Senhor dos dias, o Primeiro, a Luz que nunca mais se apaga, o Sol que não conhece ocaso.
Retirado do Livro Liturgia em Mutirão – Ed. CNBB
Nenhum comentário:
Postar um comentário