A celebração eucarística, como toda celebração litúrgica é uma ação festiva, realizada na gratuidade da fé e que se faz com palavras, gestos, ações simbólicas, ritos... “sinais sensíveis”. É isso que a torna diferente de outras tantas atividades pastorais como a catequese, a oração pessoal, o testemunho no dia-a-dia, o engajamento na missão e outras, necessárias à vida cristã. A celebração da Eucaristia é o mistério de nossa fé expresso numa linguagem simbólica e ritual. Comecemos conversando sobre a Liturgia como ação simbólica.
É um serviço que envolve todo o nosso ser, um trabalho comunitário feito com nosso corpo, usando todos os nossos sentidos, nossa mente, nosso coração, sentimentos e espiritualidade e, entrando em comunhão com a natureza, com os outros, com a historia, com a gente mesmo(a) e com Deus, numa relação consciente, gratuita, amorosa e portanto, de cumplicidade, como parceiros de uma aliança.
O que é um símbolo? O símbolo, do grego: sym-ballein = juntar, unir, ligar, é um objeto, um gesto, uma pessoa, uma palavra, um lugar, uma musica, uma ação... uma realidade visível que tem a força de nos ligar, nos unir com outra realidade ausente ou invisível, porem muito real.
O símbolo é algo que toca nossos sentidos, nossa corporeidade, nos lembra, traz presente uma realidade escondida e cheia de significado para nós. Ele nos permite vivenciar e nos comprometer com esta realidade invisível, espiritual, que transcende nossa razão, como o amor, a amizade, o acolhimento, o carinho, a solidariedade, a fé, a comunhão.
Pela encarnação do Verbo de Deus que tomou um corpo e habitou entre nós, as pessoas, lugares, gestos, objetos, e o próprio tempo... tornam-se símbolos, meios de comunicação, de convivência com o Senhor, de comunhão entre nós e Deus Pai. “Quem me viu, viu o Pai” diz Jesus.
Então, podemos dizer que a Liturgia é toda simbólica. Tudo que fazemos nela se refere e nos liga a Jesus Cristo e seu Reino.
Ele mesmo nos deixou a refeição, uma ação simbólica, um rito para que a realizemos sempre de novo, fazendo memória Dele. Reunir-se como irmãos, agradecer, comer e beber juntos e em seu Nome para participar da doação, da entrega de sua vida, morte e ressurreição até que seu Reino se estabeleça definitivamente entre nós. Esta é a celebração central de nossa vida cristã: a Eucaristia, a Missa como costumamos dizer.
Agradecendo, comendo e bebendo juntos, ficamos ligados a Jesus Cristo e vamos nos identificando com Ele, passando da morte para a vida e nos comprometendo com o seu projeto que é de vida abundante para todos.
Mas, para ser ação simbólica é preciso que o corpo, a mente e o coração estejam unidos, integrados e concentrados na ação, no gesto, na palavra, na pessoa...
Isto exige que abandonemos nossa mentalidade funcional, materialista, rubricista, e deixemo-nos tocar pelo mistério, pela realidade escondida que o símbolo vela e revela ao mesmo tempo, fazendo de cada rito um ato de amor, um encontro com o Senhor. Isto dispensa ficar explicando os símbolos ou falar sobre eles durante a celebração. Eles é que nos revelam, nos falam, nos possibilitam entrar e participar do mistério de nossa fé, que pela catequese, devemos conhecer, ser iniciados e aprofundar sempre mais.
É preciso também cuidar que os gestos ganhem autenticidade, não sejam apenas funcionais, mecânicos, rotineiros, mas, uma profissão autentica de nossa fé.
Retirado do Livro Liturgia em Mutirão – Ed. CNBB
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