A Celebração da Eucaristia é ação ritual

A Liturgia é ação simbólica, expressão do mistério da fé cristã, em gestos, palavras e atos significativos, realizados na inteireza do nosso ser, ligando-nos a Cristo e fazendo-nos passar com Ele da morte para a vida. O que é mesmo um rito?

O rito é uma ação simbólica repetida regularmente para aprofundar o sentido da vida dentro de determinada cultura, ou diferentes circunstâncias da realidade de um grupo.

Ao ser repetida, essa ação simbólica segue regras estabelecidas para garantir seu significado, sua continuidade e cultivar e identidade daquele grupo.

O rito não é usado só na Liturgia. Desde crianças somos levados a adquirir hábitos, repetindo gestos significativos como: dar as mãos, cumprimentar, beijar, bater palmas, comportar-se à mesa, saborear certos alimentos, vestir determinado tipo de roupas, fazer festa... Onde existe um grupo de pessoas aí encontramos ritos.

Todas as religiões têm seus ritos, conjunto de ações repetidas para expressar sua fé, sua maneira de ver a vida, o mundo, sua relação com a divindade. Assim conseguem guardar e transmitir para outras gerações seus valores, suas raízes. “Mudar constantemente os ritos significa mudar os fundamentos, esquecer as raízes”.

A celebração eucarística e qualquer celebração cristã é ação ritual, é repetição de uma ação simbólica deixada por Jesus ou trazida até nós pelas primeiras comunidades, lembrando os gestos libertadores de Jesus, em sua vida e missão. Ao repeti-los conscientes e amorosamente vamos entrando em comunhão, nos identificando cada vez mais com Ele e com seu Reino, participando do mistério de sua páscoa.

A missa como temos hoje, é constituída de quatro ações rituais fundamentais: Ritos iniciais, Rito da Palavra, Rito Eucarístico e Ritos Finais. Cada uma delas é um conjunto de pequenos ritos, com seu significado teológico e que exige por sua vez, uma atitude espiritual correspondente.

Os ritos iniciais e os ritos finais emolduram os ritos centrais da Palavra e da Eucaristia, intimamente ligados entre si e realizando, numa seqüência lógica e teológica, um só ato de culto.

Não se modifica arbitrariamente, não se muda só pelo gosto de novidade o que é essencial num rito. É sua expressão cultural que pode e deve ser mudada, ajustando-o ao estilo de cada povo que tem seu jeito de ser e agir, de comer, de beber, agradecer, expressar o perdão, o afeto, o amor. Uma refeição comum feita no corre-corre da semana é diferente de um jantar em dia de festa ou do almoço aos domingos. Os acontecimentos também trazem sempre elementos novos e diferentes a uma celebração.

Assim, permanece na missa o rito essencial da ceia, que é teológica, histórica e até antropologicamente considerado, deve ser precedido, como em qualquer refeição, pela conversa amiga entre os comensais, pelo dialogo, pelo rito da Palavra.

Cada celebração inserida na realidade concreta de cada comunidade é um acontecimento novo que não se repete nunca...

Retirado do Livro Liturgia em Mutirão – Ed. CNBB

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