Uma preocupação do Papa
são João Paulo II era a canonização de casais santos que muitas vezes não são
notados. Nos acostumamos com santos apenas padres ou freiras; mas há muitos
santos casados. O Papa falava em mostrar aos casais que o casamento é uma via
fértil de santidade dos esposos. Então, ele queria beatificar e canonizar
casais que fossem para os esposos exemplos de vida santa e intercessores no
céu. A luta dos casais católicos para se manterem fiéis um ao outro por toda a
vida, educando os filhos na fé do Cristo e da Igreja, torna-se uma “escola de
santidade”, como foi com o casal Luis Martín e Maria Zélia,pais de Santa
Teresinha.
São Paulo disse que a
mulher santa, santifica seu esposo, e comparou o matrimônio com a união de
Cristo e a Igreja. “Maridos, amai as vossas esposas como Cristo amou a Igreja e
se entregou por ela” (Ef 5,25). É esse
amor de um pelo outro, que vai até à entrega da própria vida, que santifica o
casal.
Neste domingo
(18/10/2015) o Papa Francisco canonizou os pais de Santa Teresinha.
É a primeira vez que um
Papa canoniza ao mesmo tempo um marido e sua esposa. Outros casais já foram
canonizados, mas em datas diferentes.
Disse o Papa Francisco
na homilia de canonização deles que : “Os Santos esposos Luís Martin e Maria
Zélia Guérin viveram o serviço cristão na família, construindo dia após dia um
ambiente cheio de fé e amor; e, neste clima, germinaram as vocações das filhas,
nomeadamente a de Santa Teresinha do Menino Jesus.
O testemunho luminoso
destes novos Santos impele-nos a perseverar no caminho dum serviço alegre aos
irmãos, confiando na ajuda de Deus e na proteção materna de Maria. Que eles, do
Céu, velem sobre nós e nos apoiem com a sua poderosa intercessão”.
Outros casais já foram
canonizados, como: Santos Aurélio e Natália; Feliz e Liliosa; Santa Margarida e
Malcolm Camore, reis da Escócia; São Luiz IX, rei da França e sua esposa
Margarida de Proença; São Tomás More e Santa Jane Colt; Santa Francisca Romana
e Lourenço de Ponziani e outros beatos e veneráveis.
O nosso Catecismo,
quando fala da canonização dos santos diz:
“Ao canonizar certos
fiéis, isto é, ao proclamar solene que esses fiéis praticaram heroicamente as
virtudes e viveram na fidelidade à graça de Deus, a Igreja reconhece o poder do
Espírito de santidade que está em si e
sustenta a esperança dos fiéis, propondo-os como modelos e intercessores. “Os
santos e as santas sempre foram fonte e origem de renovação nas circunstâncias
mais difíceis da história da Igreja.” Com efeito, “a santidade é a fonte
secreta e a medida infalível de sua atividade apostólica e de seu elã missionário”.(n.828)
Luís e Zélia Martin
casaram-se em 1858. Ambos haviam aspirado entrar para a vida religiosa. De
caráter contemplativo, mais silencioso, Luís, nascido em Bordéus, França, aos
22 de agosto de 1823 sonhara em ser monge cartuxo. Não foi aceito porque não
sabia latim. Voltou a Alençon, onde residia com os pais, e aí montou uma
relojoaria. Zélia tentou ser religiosa visitandina, mas a Superiora logo intuiu
que a jovem não era chamada à vida religiosa. Ambos foram levados a desistir da
vocação religiosa. Após o casamento, permaneceram convivendo como se fossem
monges. Um confessor convenceu-os a ter filhos e, assim preparar almas para o
céu.
Alençon é, na França, a
capital da confecção de rendas; Zélia cursara a Escola de rendeiras e, aos 22
anos, estabelecera-se por conta própria. Ao casar, havia cinco anos que
fabricava rendas. O seu negócio prosperava. O negócio de Luís era algo mais do
que estagnante. Não demora em desistir da relojoaria e pôr-se a serviço da
esposa. Como tantas mulheres modernas, em toda sua vida Zélia acumulara as
tarefas de mulher, de mãe e de trabalhadora.(http://therese-de-lisieux.cef.fr/fr/voyagerelique001.htm)
Eles tiveram nove
filhos, sete meninas e dois meninos. Zélia intercedia por eles: “Senhor, dá-me
muitos filhos, e que eles sejam todos consagrados a ti”. Oração atendida
integralmente, pois cinco filhas serão religiosas!
Não havia nada de
extraordinário na vida deste casal cristão. Sua vida é simples, decididamente
voltada para Deus, que está no centro: missa diária, devoção ao Sagrado Coração
de Jesus, participação em alguns movimentos de igreja… Seu amor é profundo.
“Estou ansiosa para estar perto de ti, meu querido Luís” – escreve Zélia
durante uma viagem. “Eu te amo de todo meu coração e ainda agora sinto redobrar
minha afeição pela experiência da privação de tua presença.” Eles se completam
harmoniosamente, tomam juntos as decisões importantes referentes ao casamento e
ao trabalho. São generosos com os pobres e os infelizes.
Os dois têm um grande
desejo de ser santos. Para isso, vivem com fidelidade suas obrigações de
estado, exercendo seu trabalho e dando o melhor de si para a educação de seus
filhos.
Eles experimentam a
provação de perderem dois filhos e duas filhas ainda criancinhas. Uma de suas
filhas, Leônia, manifesta um caráter difícil e lhes dá preocupações. Mas isso
não altera, em seus pais, a confiança em Deus, que redobram as orações por ela:
“Quanto mais percebo sua dificuldade, mais eu me convenço de que o Bom Deus não
permitirá que ela permaneça nesse estado. Vou rezar tanto que Ele se
abrandará”. Esta oração será atendida pois Leônia será também religiosa
visitandina e é considerada, entre as Martin, como a que melhor entendeu e
viveu a pequena Via de sua irmã Teresa.
Desde 1864, Zélia
começou a sentir os primeiros sintomas do câncer de mama que a levará para Deus
em 1877. Ela assume com coragem sua doença e se dedica a seus filhos e a seu
trabalho até o fim. Ela fala em viver simplesmente o instante presente, que é
onde Deus se revela, dando-nos uma lição de confiança: “Eu me resigno a todos
os acontecimentos adversos que me vêm ou que me podem vir. Eu penso: foi Deus
quem quis assim! E não penso mais nisso!”. Zélia morre com 46 anos em 28 de
agosto de 1877. Teresa tem 4 anos e meio.
Depois de sua morte,
Luís se muda para Lisieux, para casa Buissonnets. Ele vendeu todos os seus
negócios e dedicou-se inteiramente à educação de suas cinco filhas. Primeiro
Paulina, primogênita, depois Maria, entraram no Carmelo. Teresa anuncia-lhe o
desejo de ir também. Apesar da dor da separação, Luís apoia totalmente a
escolha de sua filha.
Luís Martin tem
consciência de todas as graças que recebeu do Senhor. Ele conta a suas filhas
que faz esta oração: “Senhor, é demais! Sim, sou muito feliz. Mas não é
possível ir ao céu desta maneira. É preciso que eu sofra um pouco por Vós…”. E
ele se oferece. Pouco tempo depois ele experimenta a terrível humilhação da
doença mental, consequência de uma arteriosclerose. Ele é internado no Bom Salvador
em Caen, um hospital onde se tratam os loucos. Mais tarde Teresa compreenderá
que Deus permitia esta dolorosa provação para sua glória e de seu pai. Assim,
ela pôde escrever: “Os três anos do martírio de meu pai pareceram-me os mais
amáveis, os mais frutuosos de toda nossa vida. Eu não os trocaria por todos os
êxtases e as revelações dos santos.” (MS A 73rº). Em 29 de julho de 1894, Luís
Martin morreu tranquilamente.
Célia disse em uma
carta:
“Ao ter filhos, nossas
ideias mudaram muito; não vivíamos senão para eles, estando ai a nossa
felicidade, e em nenhuma outra parte , fora deles, encontramo-la. Enfim, nada
mais nos custava; o mundo já não nos
preocupava. Tal era a minha grande compensação; eu também desejei ter muitos
filhos para educa-los para o céu”.
Um dia ela escreveu:
“Meu marido é um santo”. Santa Teresinha nasceu quando Célia tinha 41 anos, já
doente e fragilizada. Ela disse: “Quando medito… que depositei toda a minha
confiança em Deus e que coloquei em suas mãos os cuidados das minhas coisas e
as do meu marido, não posso duvidar de que sua divina Providência vela com
especial cuidado de meus filhos”.
Os dois iam a Missa
todos os dias e rezavam com a família as orações diárias aos pés de uma imagem
da Virgem Maria.
Se quiser conhecer
melhor a história desse casal santo e de outros casais que também já alcançaram
a santidade, indico a leitura deste livro :
Que neste dia especial,
inspirados pelo exemplo de Luís Martín e Maria Zélia, peçamos a Deus que nasçam
muitos outros casais santos, dispostos a lutar pela vida, por Deus e pela
Igreja!
Contemos sempre com
estes nossos intercessores no Céu.
São Luís Martin e Santa
Maria Zélia Guérin, rogai por nós!
Prof.Felipe Aquino
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