Jesus, acompanhado de
seus discípulos e de mais pessoas, está saindo de Jericó, quase chegando a
Jerusalém. Bartimeu, um mendigo cego sentado à beira do caminho, ao ouvir que
era Jesus de Nazaré começou a gritar: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de
mim. Ele não podia peregrinar a Jerusalém, porque os cegos eram impedidos de
entrar no templo. Assim, enquanto muitos o repreendiam para que se calasse, ele
clamava ainda mais pela compaixão de Jesus. A atitude de Jesus, que “para” e
escuta o clamor do oprimido, faz o grupo parar e chamar o cego. Bartimeu adere
plenamente ao chamado: Deixou o manto, deu um pulo e foi até Jesus. O manto
representava sua segurança; provavelmente era estendido para receber esmolas.
Segundo Ex 22,25-26, o manto era o que o pobre tinha para cobrir seu corpo. A
pergunta de Jesus “o que queres que eu te faça?” conduz o cego à resposta que
consiste na profissão de fé em Jesus, invocado agora como meu Mestre “Rabbuni”.
Esse tratamento solene é dirigido ao Ressuscitado por Maria de Magdala (Jo
20,16). Que eu possa ver novamente é a súplica confiante de Bartimeu. O caminho
de fé trilhado com Jesus proporciona a cura: Tua fé te salvou (a mesma
expressão dita à mulher que toca o manto de Jesus, cf. 5,34). O cego Bartimeu
voltou a enxergar e seguia Jesus no caminho, diferente do cego de Betsaida
(8,22-26). Ele representa os discípulos que superam a ideia de um Messias
poderoso, “Filho de Davi”, iluminados pelo encontro com o Mestre Jesus no
caminho do serviço, desde a Galileia até Jerusalém. A 1ª leitura anuncia a
alegria da salvação com a volta dos exilados. O salmo celebra a esperança do povo
ao voltar do exílio. Na 2ª leitura, Jesus pode ser chamado de Filho de Deus e
sacerdote segundo Melquisedec.
A palavra na vida O
cego Bartimeu é modelo do discípulo autêntico que, iluminado pela palavra,
converte-se e deixa tudo para segui-lo no caminho da escuta dos que sofrem.
Eloquente profissão de fé no Mestre, semelhante à de Maria Madalena na manhã da
ressurreição: Rabbuni! É o testemunho vindo da margem da vida, como tantas
vezes presenciamos em nossas comunidades, que deve nos inspirar e nos livrar da
armadilha de qualquer tipo de ambição.
A palavra na celebração
Na eucaristia, o Cristo vem até nós respondendo à nossa fé, dando-nos coragem
de gritar “Filho de Davi, tem compaixão de mim”(10,47). E nós o fazemos com
toda a confiança do coração: “Senhor, tende piedade de nós”. “Cordeiro de
Deus”.
Revista de Liturgia
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