No percurso, alguém provavelmente entusiasmado pela figura de
Jesus, aproxima-se d’Ele “correndo” e até “ajoelha” chamando-o de “Bom Mestre”.
Apressa-se então em dirigir ao Mestre uma pergunta de interesse pessoal: “Que
devo fazer para ganhar a vida eterna?” (v.17).
De saída, Jesus faz ver que o “bom “ imaginado pelo moço não era
tão bom assim. Tratava-se de um falso padrão de bondade alojado em sua mente.
Não “batia” com o que Jesus pensava. Precisava dar um passo a mais, isto é,
desconfiar do “seu” modelo de bondade e remeter toda bondade somente a Deus:
“Por que me chamas de bom? Só Deus é bom, e mais ninguém” (v.18).
Em seguida, com uma fina pontinha de humor, Jesus lembra ao moço
o que já lhe era habitualmente evidente e conhecido – “Conhece os mandamentos
todos, um por um” – ao que o moço prontamente se justifica respondendo:
“Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude”. Na verdade, o moço
ainda estava apegado ao “seu poder” na observância da lei – ao seu ego! – e não
ao jogo da gratuidade de Deus.
Por isso Jesus olhou para o rapaz “com amor”, isto é, “com
compaixão”, provocando-o a dar um passo a mais na superação de sua
autossuficiência na busca da vida eterna por ele sonhada: “Só te falta uma
coisa; vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro
no céu. Depois, vem e segue-me” (v.21). Foi então que o moço se recusou em dar
o “salto de qualidade” (salvação), quando, “ouvindo isso” da boca de Jesus,
“ficou pesaroso por causa desta palavra e foi embora cheio de tristeza, pois
possuía muitos bens” (v.22).
Jesus, então, “olhando” ao redor para os seus discípulos
admirados com o que dizia, asseverou-lhes ser praticamente impossível aos ricos
entrarem no Reino de Deus. Tomados de espanto, concluíram então com esta
pergunta: “Quem então poderá salvar-se? ” (v.26). E Jesus, de novo “olhando”
para eles, taxativamente afirmou: Dentro dos limitados padrões da mente humana
isso é impossível. No pensamento de Deus, sim, tudo é possível (cf.v.27).
Pedro, por sua vez, observou: “nós, que tudo deixamos e te
seguimos? ”. Jesus, por sua vez, lhe garante: Quem mergulhar na minha causa e
na causa do Evangelho – no jogo do Reno de Deus – desapegando-se de tudo – de
tudo mesmo! – tornar-se-á parecido comigo, isto é, receberá cem por cento a
mais agora, nesta vida – incluindo perseguições – e, no mundo futuro, a vida
eterna (cf. v.28-30). Em outras palavras, entrem.
Eis, portanto, a suprema sabedoria de Deus revelada na pessoa do
Filho de Deus, e que os sábios antigos já intuíam, como vimos na primeira
leitura (cf. Sb 7,7-11). Em comparação com a divina Sabedoria, diziam eles,
julguei sem valor a riqueza deste mundo (Cf. Sb 7, 7-11). Por isso que hoje
cantamos o Salmo 90, cujo refrão ressoa assim: “Saciai-nos,
ó Senhor, com vosso amor, e exultaremos de alegria! ” (cf. v.14).
É a Palavra de Deus que julga os pensamentos e as intenções do
coração humano, como ouvimos na segunda leitura. E Jesus é a encarnação desta
Palavra, “ativa na História, decisiva como uma espada de dois gumes diante
dela, devemos optar; neutralidade não existe.
Diocese de Limeira
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