Entende-se, pois, a
ambição dos dois discípulos, Tiago e João, irmãos entre si. Com jeitinho
educado de político interesseiro, fizeram a Jesus um pedido: sentar-se um à sua
direita e outro à sua esquerda quando ele estiver no auge de sal glória (cf. Mc
10,35-45). Sonho de marajás! Ambição por altos escalões no Reino! Totalmente,
equivocados no que pedem!
O caminho de Jesus, que
deverá ser também o deles, é outro. Por isso ele os inicia à reflexão com uma
pergunta: “por acaso podem vocês beber do cálice que eu vou beber, e serem
batizados com o batismo com que devo ser batizado?” (v.38). Jesus falava de sua
paixão e morte: Cálice do seu sofrimento e mergulho (batismo) no abismo da
morte. Esse é o caminho, o destino do Mestre e, consequentemente, do discípulo.
Mas a ambição deles era tamanha que, de imediato e espontaneamente, meio sem
muito pensar, responderam: “Podemos, sim”. E Jesus então avança na reflexão um
pouco mais: “Está bem, já que vocês estão a fim, também desistam do que vocês
me pediram. Isso não depende de mim. É para quem já foi reservado. Apenas me
sigam entregues comigo nas mãos do Pai. Quanto ao futuro, portanto,
desapeguem-se, deixem acontecer” (cf. v.39-40).
Os outros “dez
discípulos”, ao ouvirem isso, indignaram-se com Tiago e João. Jesus, por sua
vez, aproveita a situação para avançar ainda mais na reflexão: “Vocês sabem
muito bem como os chefes das nações as oprimem e os grandes as tiranizam. Entre
vocês [discípulos meus que são], no entanto, não deve ser assim: quem quiser
ser grande, seja o servo de vocês; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo
de todos” (v. 41-44). Por quê? “Porque o Filho do Homem não veio para ser
servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (v.45).
É o que já fora intuído
pelo profeta Isaías (cf. Is 53, 10-11), como ouvimos na primeira leitura,
especialmente quando a afirmam a respeito do “justo Servo”: “oferecendo sua
vida em expiação, ele terá descendência duradoura” (v.10). Em outras palavras,
esse projeto tem futuro! E é deste Servo, Jesus, que hoje aprendemos a só em
Deus confiar, também na dor. Por isso cantamos o Salmo 333, cujo refrão soa
assim: “Senhor, esteja sobre nós a tua graça, do modo como em ti esperamos”
(v.22).
Sendo assim porque
temos na pessoa do Servo Jesus, o Filho de Deus, um sumo-sacerdote eminente que
entrou no céu provado em tudo como nós, como ouvimos na segunda leitura,
podemos então nos aproximar com toda a confiança do trono da graça (cf. Hb
4,14-16). Podemos confiar! Neste Messias dá para confiar!
Diocese de Limeira
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