Já vimos nos domingos
anteriores como Jesus vem enfrentando resistências, principalmente por parte
das autoridades religiosas de então. Não viam a hora de poder pegar Jesus em
alguma armadilha por eles bem arquitetada.
Tão escravos e
dependentes, viviam padrões legalistas meramente humanos. Não conseguiam ver, e
muito menos admitir, na pessoa daquele humilde Jesus de Nazaré o próprio Deus
se “casando” com a humanidade.
Daí a pergunta capciosa
de alguns fariseus, baseando-se numa lei do tempo de Moisés: é permitido ao
homem divorciar-se de sua mulher? Pode ou não ao pode? A lei diz que pode! (Mc
10,2-4).
Jesus, sabiamente, não
se deixa envolver pela questão meramente legal. Ele vai à raiz das questões: Se
a lei permitiu tal tipo de procedimento, foi para atender à “dureza do coração
de vocês”, resultante do afastamento do coração de Deus. Foi porque vocês de desconectaram
do projeto original de Deus em relação ao ser humano (cf. primeira leitura)!
Como lembra Jesus:
Desde o começo da criação Deus os fez homem e mulher. Por isso, o homem deixará
seu pai e sua mãe e os dois serão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma
só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe” (v.6-9).
Aos discípulos, depois,
Jesus explica em particular que o divórcio significa “adulteração” de uma
relação e, por isso mesmo, fora do plano de Deus. O projeto de Deus é que todas
as relações humanas – começando pelo casamento, é claro – sejam de amor,
compaixão, perdão: verdadeiras. Pois Deus é assim em relação a nós! Por isso se
entende que, logo em seguida, Jesus se “aborrece” com os discípulos por
repreenderem as crianças trazidas para que as tocasse.
Como que a dizer:
deixem elas vir, e, quanto a vocês, voltem a ser como elas, e então
experimentarão o sentido do Reino de Deus como relação humana pura, sem
falsidade, sem adulteração. Isso que é bênção! Por isso cantamos o Salmo 128,
cujo refrão soa assim: O Senhor te abençoe de Sião, cada dia de tua vida (cf.
v.5)
Trata-se de uma bênção,
porque, como diz a carta aos Hebreus, na segunda leitura (Hb 2, 9-11), tanto
Santificador (Jesus), quanto os santificados (seus discípulos) descendem do
mesmo ancestral (Deus Pai) (cf. v.11).
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