Os primeiros homens de
que fala o Gênesis podem muito bem ter sido rudimentares, como mostram os
indícios dos fósseis da pré-história. As ideias religiosas de Adão poderão ter
sido puras, mas sob a forma de intuições concretas como dos povos primitivos e
das crianças; não se tratava de altos conhecimentos teológicos.
Adão (= Adam, homem) e
Eva (=Mãe dos viventes) representam o ser humano criado por Deus. São tão reais
quanto é real o gênero humano. Deus se apresentou ao homem nas suas origens, ao
homem real e não a um ser fictício. Eles existiram de fato; foram os primeiros
seres humanos que receberam de Deus uma alma imortal.
Adão e Eva não são
nomes próprios
Por outro lado, Adão e
Eva não são nomes próprios como João, Pedro e Maria o são. Então, não
necessariamente representam apenas o primeiro casal de humanos, mas os
primeiros humanos. São nomes de origem hebraica que significam apenas “homem” e
“mulher”. Por isso, a Igreja deixa para o estudo dos cientistas mostrar como os
seres humanos surgiram trazidos por Deus; se de apenas um casal (monogenismo)
ou de vários casais de um mesmo tronco (poligenismo). O que a Igreja não aceita
é que a humanidade tenha surgido, ao mesmo tempo, de vários troncos, em lugares
diferentes.
Então o que a Bíblia
quer nos ensinar?
O Gênesis, em seus três
primeiros capítulos, usa de linguagem figurada para revelar verdades
religiosas, não científicas ou históricas. Em resumo, a Bíblia quer nos ensinar
apenas o seguinte:
1) Deus criou o ser
humano, homem e mulher, podendo ter utilizado a evolução da matéria
preexistente até chegar ao grau de complexidade do corpo humano;
2) O Senhor concedeu
aos primeiros pais graças espirituais especiais: “justiça original” (harmonia
consigo, com a mulher, com a natureza e com Deus), e “estado de santidade”
(comunhão profunda com Deus, participação da vida divina), dons preternaturais
(não sofrer, morrer, ciência infusa, etc).
3) O Criador indicou
aos primeiros pais um modelo de vida figurado pela proibição de comer a fruta
da árvore da ciência do bem e do mal. Isso significava que o homem não deveria
ser “o árbitro do bem e do mal”, e já que foi elevado à especial comunhão com Deus,
deveria comportar-se não simplesmente de acordo com seu bom senso ou suas
intuições racionais, mas segundo as normas correspondentes de sua dignidade de
filho de Deus;
4) O homem, por soberba
e desobediência, disse ‘não’ a esse modelo de vida e ao convite do Criador,
perdendo assim o “estado de santidade” e de “justiça original”. Dessa forma, o
sofrimento e a morte entraram no mundo por causa do pecado original; isso levou
São Paulo a dizer que “o salário do pecado é a morte” (Rom 6, 23).
Não é preciso exagerar
a perfeição do estado primitivo da humanidade por causa dos dons
preternaturais, e da ” justiça original”. Foi um estado belo, mas do ponto de
vista religioso e moral apenas, não sob o aspecto da civilização ou da cultura.
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