Solenidade de São Pedro e São Paulo, Apóstolos

Os textos da Liturgia da Palavra desta Solenidade não têm como objetivo narrar feitos gloriosos das Testemunhas de Cristo, mas como o Senhor faz triunfar aqueles que o querem sempre aio seu lado e que não se perdem em especulações, mas sabem com a clareza do “Pai que está nos céu”.

A 1ª Leitura nos falou da Igreja nascente que vê seus “membros” padecendo a tortura e a espada e nos apresenta, passando pela cruz, os três discípulos que experimentaram antecipadamente sobre o Tabor o brilho da glória que sucede à morte injusta dos justos: Pedro, Tiago e João. Pedro está preso nos dias dos “Pães Ázimos”, dias da páscoa judaica e dias em que a Igreja nascente provavelmente também celebrava a memória da Páscoa de Cristo.

O texto é eminentemente pascal: Pedro está aferrolhado e vigiado por guardas, como Jesus estava no sepulcro, dormia e foi acordado por um anjo. Os termos “dormir” e “acordar” no Novo Testamento são usados para indicar a morte e a ressurreição. O texto se conclui com uma frase que se liga perfeitamente ao Salmo Responsorial (Agora sei, de fato, que o Senhor enviou o seu anjo para me libertar), também esse pleno de “tonalidades” e “cores pascais”: “de todos os temores me livrou o Senhor Deus”.

Ouvimos na 2ª Leitura “o testamento de Paulo”, prestes a “ser derramado em sacrifício”, às portas do “momento da sua partida”. Paulo não se vitimiza, sabe que a única vitima é Jesus Cristo. Sabe também que para receber a coroa de justiça, das mãos do justo juiz, para ele reservada, é preciso passar pelo processo da Kenosis, pelo qual passou Jesus. Assim como toda a vida de Jesus foi um percurso “kenótico”, toda a vida de Paulo foi uma experiência de combate do bom combate, de guardar a fé e de completar a corrida do anúncio do Evangelho.

Também Paulo “reproduz” o “Salmista”: “Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu”, porque “o Senhor esteve ao meu lado e me deu forças”. E mais, “O Senhor me libertou de toda angústia”, “fui libertado da boca do leão”. A Glória para Paulo reside no fato de ter conquistado tantos fieis para Cristo, ele que também foi alcançado por Cristo. Por isso perto de “completar sua corrida” afirmou: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim. Minha vida presente na carne vivo-a na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2,20).

Esta fé no Filho de Deus pela qual Paulo vive, é a mesma professada por Pedro no Evangelho de hoje que se abre com uma pergunta, da parte de Jesus, “capciosa” e cheia de trocadilhos: “Quem dizem os homens (com “h” minúsculo) que é o Filho do Homem (com “H” maiúsculo)? Para Santo Ambrósio “a opinião da multidão também não é sem importância” porque ela é baseada não na revelação, mas na expectativa gerada pelo “extraordinário”, o que resulta uma imagem limitada e limitante de Jesus e de sua missão: ele é “algum dos profetas”.

O segundo ponto de interrogação é mais direto e intimo: “vós, quem dizeis que eu sou?”. A resposta de Pedro não se baseia no “extraordinário humano”, mas naquilo que vem do alto: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. Também Jesus revela a Pedro coisas que vem do alto: a “construção” de um novo povo (Igreja) que tem como fundamento a Pedra da profissão de fé de Pedro. Então, porque Pedro se tornou uma “porta da fé” Jesus lhe confia as “chaves do Reino dos céus”.


Diocese de Limeira

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