Os ritmos da vida
cotidiana, o cansaço do trabalho e da educação esmagam as pessoas. Isso vale na
sociedade, mas também na Igreja, onde também se corre o risco de se encontrar
diante de uma geração de “órfãos”. Essas foram as reflexões do Papa Francisco,
na noite desta segunda-feira, 16, na abertura do Congresso Diocesano de Roma,
que tem como tema “Um povo que gera os seus filhos. Comunidade e família nas
grandes etapas da iniciação cristã”.
Francisco pediu às
paróquias que estudem esse aspecto de “orfandade” para fazer recuperar a
memória de família. Ele refletiu sobre o conceito de evangelização expresso por
Paulo VI na Evangelii nuntiandi e sobre o conceito de Bento XVI de uma Igreja
que não faz proselitismo, mas que “atrai” (“A Igreja não cresce por
proselitismo, mas por atração”, ndr).
Falando em grande parte
de modo espontâneo, Francisco disse que em numerosas cartas que recebe, todos
os dias, lê relatos de muitos homens e mulheres que se sentem desorientados
pelo cansaço da vida. “Imagino quanto é confusa a jornada de um pai e de uma
mãe que se levantam cedo, acompanham os filhos à escola e depois vão trabalhar,
muitas vezes, em lugares repletos de conflitos”.
O Papa contou que,
quando era arcebispo de Buenos Aires e conseguia falar com mais frequência com
os jovens, deu-se conta de que eles sofrem de orfandade. “Creio que o mesmo
aconteça em Roma. Os jovens são órfãos de um caminho seguro para percorrer, de
um mestre, de ideais que aqueçam o coração, de esperanças que sustentem o
trabalho cotidiano. São órfãos, mas conservam o desejo de tudo isso”, frisou.
Trata-se, segundo
Francisco, de uma sociedade de órfãos, de pessoas sem memória de família por
vários motivos. “Por exemplo, os avós são levados para casas de repouso, sem
afeto de hoje, ou um afeto muito veloz, pai e mãe estão cansados e vão dormir e
eles ficam cansados, órfãos de gratuidade, daquela gratuidade do pai e da mãe
que sabem perder tempo brincando com os filhos. Precisamos do sentido da
gratuidade nas famílias e nas paróquias”.
Francisco reiterou
ainda que a Igreja deve tornar-se mãe, não uma ONG bem organizada, pois se ela
não é mãe, não é fecunda. A identidade da Igreja, segundo ele, é evangelizar,
ou seja, fazer filhos. “A fecundidade é a graça que devemos pedir ao Espírito
Santo. Não é ir buscar proselitismo. A Igreja não cresce por proselitismo, mas
por atração materna, por testemunho que gera filhos”, destacou.
Fonte Rádio Vaticano
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