Domingo de Pentecostes

A 1ª Leitura dos Atos dos Apóstolos narra as manifestações do Espírito Santo na comunidade reunida, para celebrar a festa de Pentecostes. Essa festa antiga celebrava as primícias das colheitas . Mais tarde, foi relacionada ao evento salvífico do êxodo, para celebrar a aliança, o dom da Lei no Sinai. Juntamente com a Páscoa e as Tendas, Pentecostes tornou-se uma das três grandes festas de romaria a Jerusalém .

As imagens do vento e do fogo evocam a revelação de Deus no Sinai, a aliança firmada em sua palavra. O vento ao ouvido e o fogo caracterizam a ação do Espírito de Deus, que conduz os discípulos à escuta atenta da palavra e ao compromisso missionário.

Os “judeus devotos, de todas as nações que há debaixo do céu”, a diversidade de povos reunidos para celebrar a festa de Pentecostes expressa o sentido universal da mensagem libertadora de Jesus. A ação do Espírito de Deus realiza o anúncio profético: “Derramarei o meu Espírito sobre todos os viventes”.

Os discípulos, conduzidos pelo Espírito Santo, proclamam a Boa-Nova de Cristo, que une os povos na Lei do amor. Todos ouvem o anúncio das maravilhas da salvação, manifestadas na vida, morte e ressurreição de Cristo, em sua língua, em sua cultura. O testemunho do evangelho abre caminhos e congrega os povos na comunhão fraterna, reconstruindo a unidade perdida desde Babel.

Na 2ª Leitura da primeira carta aos Coríntios, o Espírito de Deus proporciona viver a unidade da fé em Cristo, na diversidade de ministérios a serviço do Reino. Paulo afirma que ninguém é capaz de dizer: “Jesus é o Senhor”, a não ser pelo Espírito Santo. O mesmo Espírito, que conduz à adesão da fé no Ressuscitado, une também na diversidade de dons, de ministério e de atividades.

O dom do Espírito se manifesta em cada pessoa ”em vista do bem de todos”, para a edificação da comunidade. O amor em Cristo impulsiona a trabalhar em beneficio de todos, a fim de tornar o mundo melhor e mais humano.

O Espírito Santo guia no caminho de identificação com Cristo, faz superar as barreiras para formar um só corpo, na unidade da fé e do amor fraterno: embora sejamos muitos, formamos um só corpo com Cristo.

Não importa ser judeu ou grego, escravo ou livre, pois em Cristo “fomos batizados num só Espírito, para formarmos um só corpo”. A fonte do mesmo Espírito, manifestada na vida, morte e ressurreição de Cristo, alimenta o caminho batismal, a vida nova a ser testemunhada no cuidado especial aos membros mais fragilizados da comunidade.

A leitura do Evangelho de João acentua que o Espírito Santo é dom da Páscoa de Jesus. A exaltação de Cristo, na cruz e na glória, é a fonte do Espírito, que jorra do seu lado aberto, da doação total de sua vida por amor.

O Ressuscitado se manifesta na comunidade reunida, no primeiro dia da semana, para celebrar o memorial de sua Páscoa. A sua presença comunica a verdadeira paz, que o mundo não pode oferecer: “Jesus entrou e pôs-se no meio deles. Disse: A paz esteja convosco”. A paz do Ressuscitado liberta do medo e fortalece a fé dos discípulos, diante das adversidades e perseguições por causa de sua mensagem.

Jesus, mediante a vida, a morte salvífica e a ressurreição, revelou a paz como a plenitude dos bens salvíficos, que confirma seus seguidores no caminho de fidelidade no projeto do Pai. A paz é dádiva da entrega total de Cristo, revelada nos sinais da paixão nas mãos e no lado.

O encontro com o Senhor faz compreender que a força da ressurreição e da vida nova nasce do amor doado até o extremo da morte na cruz. Os discípulos “se alegraram por verem o Senhor”, o Ressuscitado presente na caminhada de Fe, esperança e amor fraterno.

Como o enviado do Pai, Jesus confirma os discípulos na missão: “Como o pai me enviou, também eu vos envio”. Jesus manifesta a força do seu Espírito, que impulsiona os discípulos a abrir as portas, para anunciar a paz e a alegria de sua ressurreição. O Espírito Santo, prometido antes da partida, é sinal que plenifica a Páscoa de Jesus e faz renascer a ova criação, a vida plena: “Então, soprou sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo”.

O sopro do Espírito remete a Gn 2,7, quando Deus soprou e fez renascer o ser humano. Os discípulos devem permanecer sempre em comunhão com Jesus, para receber o sopro da vida, do amor, da verdade, a fim de exercer a missão com eficácia.

Os discípulos, com a força do Espírito do Ressuscitado, são transformados e enviados para construir um mundo novo de paz e de fraternidade. Eles são iluminados e guiados pelo Espírito, na compreensão da missão salvadora de Jesus, o “Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo”.

O dom do Espírito de Jesus capacita os discípulos a libertar o mundo das forças opressoras do pecado: “A quem perdoardes os pecados, serão perdoados”. Em comunhão com Jesus, os discípulos tornam-se instrumentos de reconciliação e de paz, portadores de sua misericórdia, de sua bondade e perdão que renova o mundo.


Diocese de Limeira

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