14º Domingo do Tempo Comum

O Evangelho deste domingo está entre as páginas mais intensas e profundas de todo o Evangelho; ele, na verdade é composto de três partes. A primeira é uma oração: “Te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra”.

A segunda é uma narração dos feitos salvíficos de Deus de Deus em favor do seu povo: a revelação “destas coisas aos pequeninos”, a entrega, por parte do Pai, de todas as coisas ao Filho – “Tudo me foi entregue por meu Pai” e a profunda intimidade entre o Pai e o Filho que resulta na “revelação” do rosto paterno de Deus àquele “a quem o Filho o que quiser revelar”. Essas duas primeiras partes, oração e memória, nós podemos afirmar que são “eucarísticas”. A terceira parte é um convite: “vinde a mim”.

Os destinatários da revelação feita pelo Pai são os pequeninos, os humildes, os simples. Os pequeninos deste Evangelho, são em primeiro lugar os discípulos de Jesus; todo e qualquer discípulo de Jesus, como é afirmado: “quem der, nem que seja um copo d’água fria a um destes pequeninos, por ser meu discípulo, receberá a vida eterna”.

As coisas que o Pai escondeu “aos sábios e entendidos” consiste no “mistério do Reino dos céus”, como ouviremos no Evangelho do próximo domingo: “Porque a vós foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos céus”.

Nesta perspectiva, no entanto, encontramos Jesus como o mais pequenino entre os pequenos, o mais humilde entre os humildes, o mais simples entre os mais simples. Tal imagem é evidenciada pela figura real, plena de contradições, apresentada na primeira leitura: o rei, o justo, o salvador. O rei é humilde e vem sentado num jumento; é justo porque vem eliminar “os carros de Efraim e os cavalos de Jerusalém e quebrar o arco de guerreiro”, mas o seu estandarte é a paz; é simples mas tem um “domínio” que se estende de mar a mar e de rios a rios, “até aos confins da terra”. Este rei do qual fala o oráculo é Jesus Cristo.

Estas “contradições” do Rei-Messias está ainda expressa na coleta da missa de hoje: é pela humilhação, pela queda, pelo rebaixamento, pela desclassificação do Filho que o Pai reergue o mundo decaído. Esta verdade revelada aos pequeninos nos remete a uma aclamação eucarística: “Jesus Cristo deu-nos a vida por sua morte” (Aclamação da Oração Eucarística IV).


Diocese de Limeira

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