O Evangelho deste
domingo está entre as páginas mais intensas e profundas de todo o Evangelho;
ele, na verdade é composto de três partes. A primeira é uma oração: “Te louvo,
ó Pai, Senhor do céu e da terra”.
A segunda é uma
narração dos feitos salvíficos de Deus de Deus em favor do seu povo: a
revelação “destas coisas aos pequeninos”, a entrega, por parte do Pai, de todas
as coisas ao Filho – “Tudo me foi entregue por meu Pai” e a profunda intimidade
entre o Pai e o Filho que resulta na “revelação” do rosto paterno de Deus
àquele “a quem o Filho o que quiser revelar”. Essas duas primeiras partes,
oração e memória, nós podemos afirmar que são “eucarísticas”. A terceira parte
é um convite: “vinde a mim”.
Os destinatários da
revelação feita pelo Pai são os pequeninos, os humildes, os simples. Os
pequeninos deste Evangelho, são em primeiro lugar os discípulos de Jesus; todo
e qualquer discípulo de Jesus, como é afirmado: “quem der, nem que seja um copo
d’água fria a um destes pequeninos, por ser meu discípulo, receberá a vida
eterna”.
As coisas que o Pai
escondeu “aos sábios e entendidos” consiste no “mistério do Reino dos céus”,
como ouviremos no Evangelho do próximo domingo: “Porque a vós foi dado o
conhecimento dos mistérios do Reino dos céus”.
Nesta perspectiva, no
entanto, encontramos Jesus como o mais pequenino entre os pequenos, o mais
humilde entre os humildes, o mais simples entre os mais simples. Tal imagem é
evidenciada pela figura real, plena de contradições, apresentada na primeira
leitura: o rei, o justo, o salvador. O rei é humilde e vem sentado num jumento;
é justo porque vem eliminar “os carros de Efraim e os cavalos de Jerusalém e
quebrar o arco de guerreiro”, mas o seu estandarte é a paz; é simples mas tem
um “domínio” que se estende de mar a mar e de rios a rios, “até aos confins da
terra”. Este rei do qual fala o oráculo é Jesus Cristo.
Estas “contradições” do
Rei-Messias está ainda expressa na coleta da missa de hoje: é pela humilhação,
pela queda, pelo rebaixamento, pela desclassificação do Filho que o Pai reergue
o mundo decaído. Esta verdade revelada aos pequeninos nos remete a uma
aclamação eucarística: “Jesus Cristo deu-nos a vida por sua morte” (Aclamação
da Oração Eucarística IV).
Diocese de Limeira
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