Todos nós temos
dificuldades de perdoar nossos irmãos por não entendermos completamente o significado
e a mensagem do Pai-Nosso. Temos um Pai que é amor, misericórdia infinita, que
perdoa sempre. Como Seus filhos, herdamos essas mesmas características,
portanto, somos também amor e perdão.
O perdão é o melhor
remédio para sarar nossas enfermidades, pois, quando alimentamos sentimentos
negativos, nos fechamos à graça de Deus e matamos a alegria que existe em nós,
suscitadas pelo próprio Espírito Santo, que é fonte da nossa verdadeira
alegria.
Os sentimentos
negativos como ressentimento, mágoa, inveja, ciúme, rancor, vingança e ódio
matam a alegria que o Espírito Santo faz forrar em nós. Daí, não é de se
estranhar que nos falte alegria e que acabemos sucumbindo à tristeza, ao
desânimo e à depressão. Ao mesmo tempo, se esses sentimentos permanecem em nós,
eles fecham o canal da graça divina.
Numa cidadezinha do
interior de nosso país, aconteceu um fato significativo. Certo dia, faltou água
em toda a cidade: casas, escolas e postos médicos. Todas as torneiras estavam
secas.
A equipe da prefeitura
fez uma vistoria completa no encanamento e nada encontrou. Irritado, o próprio
prefeito quis vistoriar, começando pelo lugar que ninguém havia ido: a caixa
d’água. Todos ficaram admirados com o que encontraram: a caixa estava cheia,
até transbordava.
A admiração, porém,
transbordou igualmente quando, horrorizados, puderem ver a causa da falta
d’água em toda a cidade: um enorme rato estava entalado no cano de saída da
caixa d’água.
Os sentimentos negativos,
que muitas vezes carregamos, assemelham-se àquele rato repugnante. Qualquer um
deles pode tampar o canal da graça, impedindo-a de fluir em nossa vida.
Imagine só o que
acontece quando cultivamos ratos desse tipo na nossa “caixa d’água”. É
necessário libertar-se urgentemente de todos eles. É uma questão de vida!
De fato, se vós
perdoardes aos outros as suas faltas, vosso Pai que está nos céus também vos
perdoará. Mas, se vós não perdoardes aos outros, vosso Pai também não perdoará
as vossas faltas (Mt 6,14-15).
Os combatentes do
Senhor precisam garantir o fluxo da “água”. Não permita que nada venha o
impedir de receber a fonte de vida. Trata-se de uma questão de sobrevivência.
Como podemos pedir perdão por nossos pecados se nos recusamos a perdoar os nossos
irmãos?
A Palavra de Deus é
clara: “Um ser humano guarda raiva contra outro: como poderá pedir a Deus a
cura?” (Eclo 28,3).
Enquanto a lei dos
pagãos é “olho por olho e dente por dente”, a lei que rege o céu é baseada no
amor e no perdão. Ora, eu vos digo: amai os vossos inimigos e orai por aqueles
que vos perseguem! Assim vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus;
pois ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre justos
e injustos (Mt 5,44-45).
O pecado deixou em nós
uma sede de vingança: “olho por olho”. Mas não podemos ceder à tentação. Quando
somos feridos e ficamos ruminando o que aconteceu, acabamos nos revoltando e
caímos na tentação. Por mais sofrido que tenha sido o episódio vivido, você
precisa entregar a Jesus todos os sentimentos negativos, antes que você seja
tomado pela ira e pela revolta.
Não podemos nos
entregar aos sentimentos de vingança, ódio, ira, mágoa, ressentimento;
precisamos resistir. Senão viramos marionetes nas mãos do inimigo, e ele
acabará fazendo de nós aquilo que quiser.
As pessoas, em sua
essência, não são más, porém, por causa do seu temperamento e dos
acontecimentos de sua vida, acabam agredindo, mesmo sem a intenção de prejudicar.
Como diz São Paulo: “Não faço o bem que quero, mas faço o mal que não quero.
Ora, se faço aquilo que não quero, então já não sou eu que estou agindo, mas o
pecado que habita em mim (Rm 7,19-20).
O Senhor nos chama a
sermos misericordiosos assim como o Pai do Céu é misericordioso. Diante de
misérias e fraquezas, como filhos de Deus, precisamos ser misericordiosos com
todos os nossos irmãos. Por mais que eles tenham errado conosco, precisamos ser
misericordiosos e perdoar, como Deus misericordioso nos perdoou.
Deus não nos obriga a
perdoar, mas nos dá a graça de conseguir fazê-lo. O perdão é um presente do
Senhor para nós. Ele também abre o caminho para a cura, porque cura e perdão
caminham juntos. Quando nos abrimos ao perdão, somos restaurados por Deus e
adquirimos uma alma nova. A alegria invade o nosso coração e toda tristeza é
exorcizada do nosso interior.
O cristão é um outro
Cristo. Portanto, somos chamados a amar como Jesus amou, a perdoar como Jesus
perdoou e a sofrer com Jesus sofreu. Precisamos pedir ao Senhor um coração
manso e humilde, aberto ao amor e à reconciliação.
Peçamos esta graça:
Senhor, por amor do Teu
nome e pela força do Teu Santo Espírito, abre as portas do meu coração para o
amor e o perdão. Não posso alimentar no meu coração o desamor, o ódio, a raiva…
Esses sentimentos matam a alma e o corpo.
Monsenhor Jonas Abib
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