O livro de Jonas foi escrito
depois do regresso do exílio da Babilônia (538 a.C). O povo sofrido e
desconfiado de tudo começou a cultivar certo nacionalismo radical e alimentar o
desprezo e o ódio por outras nações. E nessa corrente, Deus acaba sendo
envolvido.
O escrito de Jonas vai mudar essa
visão fechada e doentia, mostrando claramente que Deus também se preocupa com o
destino de outras nações.
Nínive representa, de verdade, o
que há de mais detestável e odioso para um judeu, pois é a capital da Assíria,
uma nação opressora. Neste contexto é que se entende porque Jonas quer fugir de
Deus. Jonas não admite a possibilidade de Nínive, símbolo da opressão, receber
atenção de Deus, ou seja,m se os judeus odeiam essa cidade, por que Deus
deveria interessar-se por ela? O texto situa-se logo depois do episódio de
Jonas ter sido vomitado na praia pelo peixe (ou seja, nem o peixe
consegue “digerir” tamanha mesquinhez de Jonas).
Desta vez, o “profeta” obedece à
ordem de Deus e vai a Nínive, a fim de proclamar ai a mensagem de Deus. O texto
descreve a cidade como fantástica e enorme: são necessários três dias para
atravessar a cidade. Exatamente, nesta cidade, Jonas anuncia. “Dentro de
quarenta dias Nínive será destruída!” (3,4). Mas bastou um dia de pregação para
que toda a população acreditasse em Deus, proclamasse um jejum e vestisse
roupas de penitencia, obtendo assim o perdão de Deus.
É preciso colher alguns
ensinamentos preciosos do texto: 1) Foi suficiente um terço da atividade de
Jonas para que a cidade inteira se convertesse a Deus. Como é possível isso? 2)
A cidade tem prazo de quarenta dias para se converter, a fim de não ser
destruída, mas já no primeiro da do anúncio todos se convertem.
Na verdade, Israel sempre teve
profetas e sacerdotes que lhe mostravam o projeto de Deus, mas infelizmente, a
conversão não aconteceu. Os nivivitas, ao contrário, mudam rapidamente de
atitude ao primeiro anúncio de um profeta estrangeiro, e crêem em Deus. Eles
são mais obedientes a Deus que os israelitas.
No tempo em que a carta aos
Coríntios foi escrita, acreditava-se que o fim do mundo estaria próximo. Então,
o que fazer diante disso? Havia muitas opiniões. Alguns afirmavam que a única
coisa era gozar a via antes que ela terminasse. Alguns pensavam que o melhor era
não casar, outros queriam casar. Paulo constata que não há nenhum preceito do
Senhor a respeito.
Nos Atos dos Apóstolos, a
procriação no casamento era prioritária: era preciso gerar filhos para o
crescimento do povo de Deus, pois este dependia de uma raça. A partir de Jesus,
porém as coisas mudaram. O povo de Deus não é uma raça, mas a união de muitos
povos em torno do projeto de Deus, anunciado em Jesus. A tarefa prioritária
consiste no anúncio de Jesus, pois é assim que o povo de Deus cresce. Paulo quer
que a comunidade se empenhe com todas as forças para dilatar o Reino antes que
o mundo termine, pois assim ela imprime novo sentido à história.
Em resumo: Paulo pressionado pela
crença de que o mundo está para acabar e pela opinião popular de que é preciso
gozar a vida antes que ela desapareça, ajuda os Coríntios a descobrir nova
escala de valores: O Reino de Deus se impõe como valor absoluto, e isso vale
tanto para os que casam como para quem decidiu não casar.
O Evangelho de Marcos foi escrito
para “mostrar quem é Jesus” aos que se preparavam para receber o Batismo. O
Evangelho vai revelando aos poucos quem é Jesus e, ao mesmo tempo, o que
significa ser cristão.
Depois que João Batista, o
mensageiro de Jesus, foi preso. Ele foi para a Galileia. Esse mensageiro mexeu
com os interesses e privilégios dos poderosos. Então o que espera Jesus? Aos
poucos, o Evangelho vai mostrar que Jesus, “o forte”, não se deixa amedrontar
pelos poderosos, vencendo os mecanismos que geram morte para o povo. A Galileia
é o lugar onde Jesus inicia a sua atividade. É uma região muito pobre, lugar
onde mora gente sem valor e impura. É no meio dessa gente e a partir dela que
Jesus anuncia seu programa de vida: “Completou-se o tempo, e o Reino de
Deus está próximo. Convertei-vos e crede na Boa-Nova”.
O programa de Jesus consta de
três momentos:
1. Anuncia que “o tempo já se cumprir”. A espera da
libertação chegou a fim. Deus está presente em Jesus, atuando o seu projeto de
liberdade e vida. O caminho de Deus e o caminho dos marginalizados ao uma coisa
só. Jesus se faz pobre como eles.
2. Jesus anunciar que “o Reino de Deus está próximo”
Deus tomou a decisão de reinar. O Reino de Deus está próximo, porque a realeza
de Deus vai tomando corpo através dos atos libertadores que Jesus realiza ao longo
do Evangelho. Está também sempre próximo mediante a prática dos seus
discípulos.
3. Jesus diz: “convertam-se e creiam no Evangelho”.
Conversão é sinônimo de adesão à prática de Jesus. A libertação esperada e o
céu rasgado de nada adiantariam se as pessoas que anseiam pela libertação
continuassem amarradas aos esquemas que mantêm a sociedade desigual e
discriminadora. O Evangelho é apenas o início da boa notícia trazida por Jesus.
Ela se tornará realidade mediante o compromisso das pessoas e comunidades que
dizem sim apo Mestre.
Diocese de Limeira
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