2º Domingo do Tempo Comum

A manifestação de Deus nem sempre é clara aos nossos olhos: Deus não se impõe! A revelação passa pela meditação das pessoas pelos sinais e pelos acontecimentos.

E na leitura de Samuel, vemos que não é fácil reconhecer a voz de Deus. Sabemos que naquele tempo, a Palavra do Senhor se manifestava raramente e as visões não eram freqüentes. O texto deixa claro que Deus não se faz ver, simplesmente, comunica sua voz, captada por aqueles que estão atentos e prontos a ouvi-lo.

A vocação de Samuel ajuda a clarear as dificuldades vocacionais de cada pessoa. Samuel é ainda menino, e o Senhor se manifesta de noite. A noite é o momento em que os ruídos externos dão lugar ao silêncio interior. É também hora do sono e, para ouvir a voz do Deus que fala, é necessário acordar.

De fato, Deus não chama o menino por meio de visões. Para responder, Samuel precisa despertar, levantar-se e caminhar. Uma noite de sono interrompido, acaba resultando na resposta convincente: “Fala, que teu servo escuta” (3,10).

Isso tudo demonstra que a vocação é um aprendizado constante. Uma vez descoberta a voz do Senhor, é preciso estar atento e não deixar cair por terra nenhuma de suas palavras.

Paulo lembra que nosso corpo é templo do Espírito Santo. Ele diz a imortalidade não é uma necessidade física como comer. Isso porque, com a morte, o estômago e os alimentos serão destruídos por Deus, ao passo que o corpo será ressuscitado glorioso pelo poder de Deus. Então, o corpo é destinado não à imortalidade, e sim ao Senhor.

Paulo no jeito que lhe é peculiar recorda, ainda, o que significa ser cristão.

Com a morte de Jesus, Deus nos “comprou e pagou”, de modo que pertencemos a Ele, formando uma só coisa com Cristo.

O corpo de cada pessoa é, portanto, parte do Corpo de Cristo. Assim, o corpo de cada pessoa adquire uma dimensão social: “Porventura ignorais que vossos corpos são membros de Cristo?” (1Cor 6,15). E “acaso ignorais que vosso corpo é templo do Espírito Santo que mora em vós e que recebestes de Deus? Ignorais que não pertenceis a vós mesmos?” (6,19).

Ao final, Paulo tira as conclusões dessa delicada situação: o cristão é membro do Corpo de Cristo e templo do Espírito Santo. Os que se unem ao Senhor formam com Ele um só espírito. E é por meio do corpo, assim entendido e resgatado, que podemos glorificar a Deus.

O Evangelho de hoje (Jo 1, 35-42) procura responder à pergunta: “Que procurais?”. O testemunho do Batista deve ter mudado completamente a vida dos dois discípulos. Vendo Jesus passar diz: “Eis o Cordeiro de Deus”. O cordeiro pascal e salvador.

Os dois primeiros discípulos devem tomar a iniciativa, sem esperar que Jesus os chame. Para eles, bastou o testemunho de João Batista de que Jesus é o libertador. A partir desse momento descobrem que em Jesus está a resposta a todos os seus anseios. O Batista por causa do testemunho, perde os discípulos. Estes, pela coragem da opção que fizeram, dão pleno sentido a suas vidas e passam a ser testemunhas para os outros.

Jesus, contudo, pergunta: “Que procurais?”. Obviamente, como discípulos, procuramos saber quem é Jesus. E Ele testa nossa sede, perguntando-nos o que estamos procurando. A resposta dos discípulos é movida pelo desejo de comunhão. “Onde moras?”.

No fundo, querem criar intimidade com Jesus. E para criar intimidade é preciso partir e fazer experiências. “Vinde e vede”. Então eles foram e viram onde Jesus morava. E permaneceram com Ele naquele dia. Permanecer, no Evangelho de João, é um verbo muito importante. Mais tarde Jesus dirá: “Permaneçam em mim”.

Diocese de Limeira

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