O texto segundo Isaías
é o primeiro cântico do Servo do Senhor, descrevendo sua vocação profética, sua
missão, a escolha divina. É Deus mesmo que o apresenta como eleito. O servo é
descrito como aquele que possui o Espírito de Deus e nisso se assemelha aos
juízes do passado do povo de Deus. O povo gostaria de juízes e afirmava que
eram movidos pelo Espírito do Senhor. Na mesma perspectiva dos juízes, a tarefa
do Servo é implantar o direito, a justiça e o desígnio de Deus.
Sua missão é universal:
nações terra, ilhas, todos os que estão à espera do estabelecimento do Reinado
da justiça. O Servo não realizará sua missão através de armas ou violência. Seu
estilo de ação e novo: suavidade e mansidão com o fraco e o vacilante; firmeza
no sofrimento e perseverança na realização da missão. Não quebrará o fraco, nem
se deixará quebrar.
Deus o formou e o chamou
para ser mediador da Aliança e seu revelador aos estrangeiros: luz para as
nações. A cegueira e a prisão são alusões ao exílio na Babilônia, onde o povo
perdeu a liberdade, tornou-se escravo e perdeu sua raiz mais profunda: a fé em
Deus, em si próprio e na vida.
Ouvimos hoje nos Atos
dos Apóstolos a afirmação de que Deus não faz acepção de pessoas. É o início do
discurso de Pedro na da do centurião Cornélio, quando Pedro sanciona a admissão
dos “pagãos” ao Evangelho sem obrigá-los aos costumes judaicos. Ele começa com
um fato básico da fé: Deus não faz diferença entre as pessoas; não distingue
nem privilegia um povo ou uma raça, mas aceita a todos e a cada um que o
reconhece como Senhor e pratica a justiça.
Pedro fala de Jesus de
Nazaré como acontecimento que trouxe a Boa-Nova da paz e “Como Jesus de Nazaré
foi ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder. Por toda a parte, ele
andou fazendo o bem e curando a todos que estavam dominados pelo diabo; pois
Deus estava com ele” (10,38).
O Batismo de Jesus no
Jordão, narrado pelo Evangelista Marcos tem como base Isaías 63, 11.19, onde se
evoca a figura de Moisés, dia da páscoa judaica, e a abertura do céu como
imagem da desejada ação divina em favor do seu povo. Em Marcos, Jesus é
apresentado como o novo Moisés e pastor que vai conduzir o povo na nova páscoa
a ser realizada co o seu verdadeiro Batismo: a cruz e a ressurreição.
Neste sentido, o
evangelista chama atenção aos dois movimentos. Jesus que se faz batizar
(mergulhar submergir como sinal da sua glorificação, a ressurreição). Os céus
se abrem com a proclamação da filiação divina de Jesus. É o testemunho maior de
que fala a segunda leitura. Por um lado, eles e mais que o servo Moisés e mais
que o rei. E o contraste com o homem de Nazaré da Galileia, que se solidariza
com os demais ao submeter ao Batismo de João, reforça o caráter pascal do
evento narrado.
São as duas faces do
mesmo acontecimento salvífico: aprofundamento da encarnação (Natal) que aponta
na direção da Páscoa que aqui se anunciar nas imagens batismais. A inspiração
de Isaías 63,19 dada ao trecho evangélico ressoa na primeira leitura: os céus se
abriram e Deus enviou sua Palavra para a missão de fecundar a terra. A Palavra
que desceu e se encarnou, cumpriu a sua missão e voltou ao seio do Pai na
glorificação.
Diocese de Limeira
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