O desejo de encontrar
alguém que nos ame profundamente e para sempre existe em todos os corações.
Mesmo que esteja escondido por trás de uma aparência “descolada” ou sufocado
por alguma razão, o certo é que, lá no fundo da alma, sempre aspiramos amar e
sermos amados! Poder olhar nos olhos, falar dos nossos sonhos e sentir
cumplicidade, correr para um abraço depois de um dia inteiro de trabalho e
caminhar feliz de mãos dadas pela vida a fora sãos coisas que só quem escolhe
viver a dois sabe o que realmente significa. “Como o corpo foi criado para a
alma, assim a alma foi feita para o amor”, diz São Francisco de Sales. Deus,
que criou o homem – portanto o corpo e a alma –, escolheu o amor para dele
expressar o sentido real da nossa existência: amar e ser amado!
Porém, é claro, tudo o
que é bom tem um preço; e com o amor não é diferente. Por isso, quando
decidimos amar, somos infinitamente beneficiados, mas nem assim estamos isentos
de sacrifícios, até porque o sacrifício é próprio do amor. Podemos começar a
falar, por exemplo, das diferenças que vamos encontrar na pessoa amada e com as
quais precisamos fazer as pazes em nome de uma boa e feliz convivência. O fato
é que entre homens e mulheres sempre vão existir as diferença naturais, e é bom
que seja assim, isso faz parte do plano amoroso de Deus. Aliás, as diferenças,
quando bem “trabalhadas”, não são barreiras no relacionamento, mas vias para o
crescimento mútuo. No entanto, sabemos que, às vezes, elas são motivo de
estresse mesmo entre os casais que se amam.
Que mulher nunca se
perguntou por que os homens têm tanta facilidade para encontrar o caminho
indicado no mapa? E que homem é capaz de entender o gosto feminino por sapatos
e bolsas, por exemplo? São coisas próprias do gênero e é melhor não gastar
tempo tentando entender e aproveitar as vantagens.
A mulher deve ficar
contente, porque não precisa se preocupar com os detalhes do caminho; e o homem
leva muita vantagem em ter ao seu lado uma mulher sempre linda de sapatos e
bolsas combinando com o visual. Afinal, quem foi que disse que precisamos
entender tudo? O amor verdadeiro nos capacita com uma disposição tão superior
para acolher o outro, que essas diferenças passam a ser complemento. O segredo,
a meu ver, está na disposição em amar. E amar conforme nos indica o Mestre do amor:
“Amarás teu próximo como a ti mesmo” (Macos 12, 31).
Aí, abrimos as cortinas
para outro palco e a autoanalise passa a comandar a cena, fazendo brilhar a
pergunta: “Será que eu me amo e me aceito como sou? Afinal, não posso dar
aquilo que não possuo!”. Para amar meu próximo devo ter também um sadio amor
próprio e jamais me desprezar nem fugir de mim mesmo enquanto tento amar outra
pessoa. Ou seja, é preciso nos autoconhecermos, saber quais são nossos
potenciais e limites e procurarmos viver em harmonia com eles, para assim
podermos nos entregar por inteiro em uma relação consciente de quem realmente
somos e por que viemos ao mundo.
Li, essa semana, uma
frase que permanece viva em minha lembrança: “Os dois dias mais importante da
vida são o dia em que você nasceu e o dia em que descobriu o porquê” (Mark
Twain). Não é lindo? É que quando descobrimos nosso valor e nossa missão neste
mundo, aí sim, somos livres para amar verdadeiramente e juntos experimentarmos
como é bom viver a dois!
Padre José Kentenich,
no livro ‘Santidade de todos os dias’, afirma que o verdadeiro amor é como
o sol ardente, que desperta e faz germinar todas as sementes ocultas no homem.
Segundo ele, muitas pessoas não se desenvolvem moral nem espiritualmente,
porque em vão esperam, saudosos, um simples gesto de amor. Já outros trazem em
si a inclinação ao heroísmo e poderiam elevar-se como águias até o sol, porém,
permanecem em planos inferiores, porque não foram amados nem tiveram a coragem
de começar a amar. Então, considerando a importância fundamental deste dom em
nossa vida, percebo que ainda se fala pouco sobre o amor puro e verdadeiro.
É verdade que vemos a
palavra ”amor” estampada por todos os lados, e acredito que a maioria das
pessoas usam-na como uma expressão bonita, romântica ou algo assim, mas poucos
fizeram a experiência de amar. Viver a dois, amando e sendo amado, é mais que
romantismo, é um plano divino que Deus coloca ao alcance de homens e mulheres
dispostos a abraçar os desafios e as graças dessa vocação.
Tenho conversado com
muitas pessoas que já não acreditam no amor. A dor da decepção parece ter
roubado o brilho e a disposição que os movia tempos atrás. Eu sei que é difícil
recomeçar, mas ouso dizer: “Não desista de amar! Você foi criado para isso. Dê passos,
perdoe, liberte seu coração de todo sentimento contrário ao amor. Sozinho
talvez não consiga, então peça o auxílio de Deus e Ele lhe estenderá a mão por
meio de pessoas e situações concretas. O amor é forte como a morte e até nos
faz morrer para nós mesmos em algumas situações, mas nos devolve a vida plena
quando o abraçamos sem medo, com tudo que somos e temos. Dá trabalho amar?
Claro que sim! Mas é tão recompensador e benéfico que não há nada que se
compare à felicidade de passar por esta vida amando e sendo amado!
Dijanira Silva
Missionária da
Comunidade Canção Nova
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