Onde está a Margarida?
Olê, olê,olá (2x)
Ela está em seu
castelo, olê, seus cavalheiros (2x)
Mas o muro é muito
alto, olê, olê, olá (2x)
Tirando uma pedra não
faz falta, olê, olê, olá (2x)
Apareceu a Margarida,
olê, seus cavalheiros
Cantiga de roda em
música popular, cujo domínio é público. Essa era uma brincadeira do tempo que
as meninas usavam saias rodadas, seguravam na barra da saia e iam largando, a
cada pedra tirada, até aparecer a Margarida. (Lauria, Nair Spinelli – Quintal…
saudade ou utopia?)
Vamos brincar de roda?
Onde está a Margarida? Coitada! Dentro do castelo, e ninguém a pode visitar;
afinal, o muro é bem alto, só receberá visita se pedra por pedra dele cair.
Neste momento, eu o
convido a derrubar o muro do castelo que protege seu filho único. A sua
Margarida está querendo conhecer quem está aqui fora, como são as ruas, as
cores das lojas, a natureza. A Margarida, que aqui está representando os filhos
únicos, querem conviver, ter com quem brigar e fazer as pazes. Querem ter com
quem competir, dividir, brincar de casinha ou trocar os brinquedos e a roupa
que veste.
Margaridas, em sua
maioria, não nasceram para viver em um castelo. Então, por que não um
irmãozinho para o seu filho? Considerando a situação socioeconômica do nosso
país, estamos ficando engessados diante dos nosso sonhos, mas será preciso
enfrentá-lo, a fim de que não interrompamos os planos de Deus para a humanidade
e para nossos filhos que precisam de irmãos. O ambiente escolar não é o
suficiente para eles. É necessário a companhia de um irmão em casa. Os pais,
para realizarem essa função, precisam de mais um filho.
Claro que não estamos
determinando situações, mas fazendo uma reflexão crítica do fato que está
determinando a criação: MEDO. Medo de não ter um trabalho para criar, medo de
não ter uma empregada, de não pagar uma boa escola… medo, medo, medo… Quanto
medo! E a função do medo, quando fora da proporção natural, é o de paralisar o
que e como pensamos para educar os nossos filhos, impedindo que alcancem bons
amigos, experiência com Deus e se tornem profissionais de sucesso com autonomia
intelectual e emocional.
Quando só temos um
filho, ficamos sem saída e alimentamos a ilusão social de que o teremos para a
vida toda; extinguimos o medo de perdê-lo, uma vez que estão tão protegidos.
Nós o colocamos o maior tempo possível no castelo e mudamos os nossos papéis,
afirmando não ter problema a falta do irmão, porque somos os verdadeiros amigos
deles. A ausência do medo de perdê-lo tem feito com que os pais não busquem as
melhores estratégias para criá-los. A situação piora com a falta de um irmão. O
filho único está sempre sozinho, porque a vida da família continua, como se
tivesse deixado em casa um filho em boas companhias. Os pais assumem a posição
de defensores, fecham os olhos para suas fragilidades, dificilmente identificam
os verdadeiros fatores que têm provocado mudança no comportamento do seu
rebento. A ideia sempre é: “Quem conhece o meu filho sou eu!” E, assim, o
reizinho vira tirano, sem ter um irmão para oportunizá-lo a ajustar seu
comportamento.
Os irmãos brigam, mas
quase sempre se amam. Muitas vezes, os pais não prestam atenção nas relações
entre eles, como se ainda a figura da mãe ocupasse o lugar central da família.
Hoje, que a rotina dos pais começa cedo e termina tarde, o filho único,
provavelmente, tem vivido os seus dias em frente à TV, desenvolvendo uma
linguagem de meias palavras, ou na casa da vovó – muitos anos mais velha do que
ele –, sendo reclamado o tempo todo, por mais que também seja paparicado. E
mesmo com essa realidade, os pais querem retornar para casa e ver o filho
feliz, contando tudo ( não sei o quê e com quem) o que fizeram durante o dia.
Retornam como se estivessem criando seus filhos.
Trata-se de uma
realidade dura, mas que exige posicionamento dos adultos diante dos seus
desejos. A família contemporânea é um leque de arranjos familiares. Mas não tem
por onde correr. Um irmão busca o outro. “Irmãos não se divorciam, não criam
novas famílias e têm uma presença mais próxima e constante na vida uns dos
outros, especialmente na infância, mas também ao longo da adolescência. Um
estudo realizado pela Penn University, nos Estados Unidos, aponta que irmãos
passarão 33% da vida juntos.” (Pesquisa: Noelly Russo, irmã de Nilza e Nelson
07.06.2013). A pesquisadora ressalta que:
“São eles quem ensinam,
na prática, a dividir, ainda que, às vezes, na marra, objetos e afetos. É com
os irmãos que se tem contato com a dinâmica complexa de viver em sociedade,
onde é necessário fazer concessões, perseverar, lutar por seus direitos; enfim,
conviver. Caso contrário, as consequências podem ser desastrosas. Os irmãos não
são escolhidos como os amigos. São as pessoas com quem você divide a casa e os
pais sem ter pedido.”
Por que não um
irmãozinho? Para que você, pai e mãe, não virem os mesmos que salvam e
perseguem. Para que vocês, ao ver seu seu filho crescer e deixar o ninho, não
assumam a função das velhas vítimas que sempre dizem: “Fiz tudo, dei de tudo e
agora estou sozinho. Antes, tivesse outro filho!”. Que a decisão de ter ou não
mais um não esteja baseada apenas em questões econômicas.
Que tal, ao terminar de
ler este texto, enviar uma mensagem de amor ou perdão para o seu irmão?
Judinara Braz
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