6º Domingo da Páscoa

A 1ª Leitura dos Atos dos Apóstolos mostra que a perseguição aos cristãos, em Jerusalém, prova a dispersão para a Judeia e a Samaria. Contudo, impelidos pelo ardor missionário, os cristãos anunciam a Boa-Nova de Cristo aos povos que o encontram.

Filipe, um dos sete diáconos, foi para a Samaria, onde havia preconceito contra os samaritanos, uma vez que descendiam de israelitas e estrangeiros que moravam em Israel, desde a época das invasões dos assírios. A pregação eficaz de Filipe, acompanhada de milagres, de ações salvíficas, remete ao estilo de Jesus. O anúncio do evangelho liberta as pessoas dos males e das doenças e revela a presença do Reino de Deus.

O povo ouve as palavras anunciadas com entusiasmo por Filipe, chamado de evangelista, e adere a Cristo com alegria. Homens e mulheres são batizados e forma-se uma comunidade renovada. Os apóstolos Pedro e João são enviados pela comunidade de Jerusalém para reforçar e confirmar a missão de Filipe.

Ao chegarem à Samaria, impuseram-lhes as mãos e os batizados receberam o Espírito Santo. Animadas e iluminadas na caminhada de fé pela ação do Espírito Santo, as comunidades cristãs rompem as barreiras. O Espírito da unidade proporciona o surgimento de comunidades fundamentadas no amor de Cristo e na comunhão fraterna.

A 2ª Leitura da primeira carta de Pedro reflete o contexto das perseguições sofridas pelos cristãos, no final do primeiro século e início do segundo. Os cristãos, ao serem levados diante das autoridades e dos tribunais e interrogados sobre sua fé, devem estar “sempre prontos para dar a razão da esperança”.

Com o coração santificado, transformado pela vida nova do Ressuscitado, os cristãos testemunham “com mansidão, respeito e com boa consciência”, quando difamados e ultrajados. A esperança em Cristo leva a manter a firmeza na fé, a praticar o bem em meio aos sofrimentos, evitando toda forma de maldade e violência.

Cristo, o justo que morreu pelos injustos e foi vivificado no Espírito, é o modelo vitorioso na caminhada dos cristãos. Ele é o exemplo a seguir, pois se entregou totalmente em favor da vida de todos. O sofrimento decorre do seguimento fiel a seus passos e conduz à firme esperança de vida plena: “sofremos com ele, para sermos também glorificados com ele”. A esperança é a virtude cristã, que impele a trilhar o caminho da vida sobre a morte, da bondade sobre a injustiça.

Na leitura do Evangelho de João, Jesus, antes de sua partida, ensinou os discípulos a amar como caminho para crer e testemunhar sua presença viva: “Se me amais, observareis os meus mandamentos”. Trata-se do verdadeiro amor “ágape”, que Jesus viveu através do serviço e da entrega total da vida.

O seguimento leva a amar como Jesus amou, buscando o bem das pessoas. A vivência do mandamento do amor, deixado por Jesus como sinal de sua vida, doada totalmente, identifica seus seguidores: “Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos: se vos amardes uns aos outros”. Quem ama Jesus, vive e testemunha suas palavras, guarda os seus mandamentos, que se referem ao evangelho, a toda a sua obra de amor.

Jesus não deixa seus discípulos órfãos. Sua presença renova os discípulos através do Espírito: “Eu pedirei ao Pai, e Ele vos dará um outro Defensor, que ficará sempre convosco: o Espírito da Verdade”. O sentido do termo Paráclito – defensor, advogado, consolador, confortador – caracteriza a missão do Espírito junto aos seguidores de Jesus. O Espírito conduz a caminhada dos discípulos, fortalece e defende os que são perseguidos e levados aos tribunais.

A função do Paráclito, como aquele que está sempre com os discípulos, para defendê-los do que poderia separar do caminho de Jesus, é descrita também no contexto da despedida. Assim, o termo Defensor aparece como uma designação do Cristo exaltado, advogado, intercessor junto ao Pai em favor dos cristãos.

A presença do Espírito, dom de Cristo ressuscitado, guia os discípulos na compreensão de sua vida e entrega por amor. O Espírito da Verdade ilumina e conduz a missão dos discípulos, em direção à Verdade plena que é Cristo. Jesus, antes de sua Páscoa, assegurou a vinda do Espírito, para “guiar em toda a verdade”. Ele disse que o Pai enviaria o Espírito em seu nome para ensinar e recordar tudo o que ele havia anunciado.

O Espírito faz compreender os ensinamentos de Jesus, suas palavras e obras, sua forma de tratar as pessoas, seus gestos compassivos, sua vida doada por amor. A presença viva do Espírito do Ressuscitado ensina a permanecer no caminho da verdade, que liberta e gera o mundo novo do amor, da justiça e da fraternidade.

A ação do Espírito guia os discípulos à experiência de comunhão com Jesus ressuscitado: “Sabereis que eu estou no Pai e vós estareis em mim”. Esse caminho experiencial sustenta a fé e o testemunho da verdade, que conduz à vida plena. É alimentado pelo amor: “Quem me ama será amado por meu pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele”.

O caminho do amor leva ao encontro do Ressuscitado, na comunhão e na unidade com o Pai, que é Amor. A presença viva de Jesus, que permanece com os discípulos por meio do Espírito, impede a seguir seus passos, testemunhando a fé através do amor fraterno.


Diocese de Limeira

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