A 1ª Leitura dos Atos
dos Apóstolos mostra que a perseguição aos cristãos, em Jerusalém, prova a
dispersão para a Judeia e a Samaria. Contudo, impelidos pelo ardor missionário,
os cristãos anunciam a Boa-Nova de Cristo aos povos que o encontram.
Filipe, um dos sete
diáconos, foi para a Samaria, onde havia preconceito contra os samaritanos, uma
vez que descendiam de israelitas e estrangeiros que moravam em Israel, desde a
época das invasões dos assírios. A pregação eficaz de Filipe, acompanhada de
milagres, de ações salvíficas, remete ao estilo de Jesus. O anúncio do
evangelho liberta as pessoas dos males e das doenças e revela a presença do
Reino de Deus.
O povo ouve as palavras
anunciadas com entusiasmo por Filipe, chamado de evangelista, e adere a Cristo
com alegria. Homens e mulheres são batizados e forma-se uma comunidade renovada.
Os apóstolos Pedro e João são enviados pela comunidade de Jerusalém para
reforçar e confirmar a missão de Filipe.
Ao chegarem à Samaria,
impuseram-lhes as mãos e os batizados receberam o Espírito Santo. Animadas e
iluminadas na caminhada de fé pela ação do Espírito Santo, as comunidades
cristãs rompem as barreiras. O Espírito da unidade proporciona o surgimento de
comunidades fundamentadas no amor de Cristo e na comunhão fraterna.
A 2ª Leitura da
primeira carta de Pedro reflete o contexto das perseguições sofridas pelos
cristãos, no final do primeiro século e início do segundo. Os cristãos, ao
serem levados diante das autoridades e dos tribunais e interrogados sobre sua
fé, devem estar “sempre prontos para dar a razão da esperança”.
Com o coração
santificado, transformado pela vida nova do Ressuscitado, os cristãos
testemunham “com mansidão, respeito e com boa consciência”, quando difamados e
ultrajados. A esperança em Cristo leva a manter a firmeza na fé, a praticar o
bem em meio aos sofrimentos, evitando toda forma de maldade e violência.
Cristo, o justo que
morreu pelos injustos e foi vivificado no Espírito, é o modelo vitorioso na
caminhada dos cristãos. Ele é o exemplo a seguir, pois se entregou totalmente
em favor da vida de todos. O sofrimento decorre do seguimento fiel a seus
passos e conduz à firme esperança de vida plena: “sofremos com ele, para sermos
também glorificados com ele”. A esperança é a virtude cristã, que impele a
trilhar o caminho da vida sobre a morte, da bondade sobre a injustiça.
Na leitura do Evangelho
de João, Jesus, antes de sua partida, ensinou os discípulos a amar como caminho
para crer e testemunhar sua presença viva: “Se me amais, observareis os meus
mandamentos”. Trata-se do verdadeiro amor “ágape”, que Jesus viveu através do
serviço e da entrega total da vida.
O seguimento leva a
amar como Jesus amou, buscando o bem das pessoas. A vivência do mandamento do
amor, deixado por Jesus como sinal de sua vida, doada totalmente, identifica
seus seguidores: “Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos: se vos
amardes uns aos outros”. Quem ama Jesus, vive e testemunha suas palavras,
guarda os seus mandamentos, que se referem ao evangelho, a toda a sua obra de
amor.
Jesus não deixa seus
discípulos órfãos. Sua presença renova os discípulos através do Espírito: “Eu
pedirei ao Pai, e Ele vos dará um outro Defensor, que ficará sempre convosco: o
Espírito da Verdade”. O sentido do termo Paráclito – defensor, advogado,
consolador, confortador – caracteriza a missão do Espírito junto aos seguidores
de Jesus. O Espírito conduz a caminhada dos discípulos, fortalece e defende os
que são perseguidos e levados aos tribunais.
A função do Paráclito,
como aquele que está sempre com os discípulos, para defendê-los do que poderia
separar do caminho de Jesus, é descrita também no contexto da despedida. Assim,
o termo Defensor aparece como uma designação do Cristo exaltado, advogado,
intercessor junto ao Pai em favor dos cristãos.
A presença do Espírito,
dom de Cristo ressuscitado, guia os discípulos na compreensão de sua vida e
entrega por amor. O Espírito da Verdade ilumina e conduz a missão dos
discípulos, em direção à Verdade plena que é Cristo. Jesus, antes de sua
Páscoa, assegurou a vinda do Espírito, para “guiar em toda a verdade”. Ele
disse que o Pai enviaria o Espírito em seu nome para ensinar e recordar tudo o
que ele havia anunciado.
O Espírito faz
compreender os ensinamentos de Jesus, suas palavras e obras, sua forma de
tratar as pessoas, seus gestos compassivos, sua vida doada por amor. A presença
viva do Espírito do Ressuscitado ensina a permanecer no caminho da verdade, que
liberta e gera o mundo novo do amor, da justiça e da fraternidade.
A ação do Espírito guia
os discípulos à experiência de comunhão com Jesus ressuscitado: “Sabereis que
eu estou no Pai e vós estareis em mim”. Esse caminho experiencial sustenta a fé
e o testemunho da verdade, que conduz à vida plena. É alimentado pelo amor:
“Quem me ama será amado por meu pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele”.
O caminho do amor leva
ao encontro do Ressuscitado, na comunhão e na unidade com o Pai, que é Amor. A
presença viva de Jesus, que permanece com os discípulos por meio do Espírito,
impede a seguir seus passos, testemunhando a fé através do amor fraterno.
Diocese de Limeira
Nenhum comentário:
Postar um comentário