Na 1ª Leitura dos Atos dos Apóstolos, o aumento do número dos
discípulos suscita o surgimento de novas lideranças, para superar os desafios e
aprimorar a atuação missionária das comunidades primitivas. Os cristãos judeus
de língua grega (helenistas), com gentios convertidos e prosélitos, que haviam
aderido à comunidade cristã, unem-se aos cristãos judeus de língua aramaica,
convertidos pela pregação de Jesus ou dos primeiros apóstolos.
A eleição dos sete diáconos helenistas contribui para a abertura
e a unidade da comunidade cristã. A dedicação “à oração e ao serviço da
palavra” assegura a formação de novas comunidades, a eficácia apostólica e a
transformação social.
O serviço às mesas, a “diaconia”, é confiado a pessoas indicadas
pela comunidade. Os primeiros sete diáconos, “repletos do Espírito Santo e de
sabedoria”, tornam-se colaboradores dos apóstolos na evangelização. Seu
comprometimento assegura a assistência às viúvas desamparadas, representantes
dos pobres e excluídos. Os diáconos de dedicavam também ao anúncio do evangelho
e à administração do sacramento do Batismo mas seu ministério era distinto
daquele dos presbíteros.
Os apóstolos “oraram e impuseram as mãos sobre eles”,
demonstrando que o serviço do amor ao próximo deve ser exercido de forma
comunitária e ordenado. O dinamismo do Espírito, a força da oração e da
palavra de Deus proporciona o crescimento das comunidades, multiplica o número
dos discípulos que aderem à fé em Cristo.
Na 2ª Leitura da primeira carta de Pedro, a comunidade eclesial,
templo de pedras vivas, é sustentada por Jesus Cristo, “a pedra que os
construtores rejeitaram (e que) tornou-se a pedra angular”. Os cristãos, unidos
a Jesus Cristo pelo Batismo, participam de sua vida, morte salvífica e
ressurreição e tornam-se pedras vivas na construção de um mundo melhor.
A missão batismal é ressaltada por meio das expressões: “a gente
escolhida, o sacerdócio régio, a nação santa, o povo que ele adquiriu”. Essas
imagens remetem à comunidade da aliança, ao compromisso de Israel, o povo
escolhido e formado por Deus para anunciar o seu louvor.
Os cristãos, como pedras vivas da comunidade solidificada em
Cristo e no alicerce dos apóstolos, formam um povo sacerdotal, chamado a
exercer a missão santificadora no mundo. Como comunidade da nova aliança, eles
não precisam oferecer sacrifícios de animais para expressar a comunhão com
Deus, pois foram libertados pela entrega total de Cristo por amor.
Unidos a Jesus ressuscitado, “oferecem sacrifícios espirituais
agradáveis a Deus”, através de uma vida entregue a serviço dos irmãos. O
exemplo de Cristo, que se tornou a pedra angular por sua fidelidade ao plano
salvífico, fortalece seus seguidores no testemunho da fé, em meio às rejeições
e adversidades.
A leitura do Evangelho de João está situada no contexto da
despedida de Jesus da comunidade dos discípulos e discípulas. A morte de Cristo
na cruz havia abalado a fé de seus seguidores. Eles, porém, iluminados pela
Páscoa, compreendem as palavras de Jesus. O sentido de sua entrega total faz
renascer a esperança e impele os discípulos a seguir o caminho pascal, no
serviço e no amor incondicional aos irmãos.
As palavras de Jesus fortalecem a fé e a confiança dos
discípulos: “Não se perturbe o vosso coração, credes em Deus, crede também em
mim”. A partida de Jesus abre o caminho para a vida plena em Deus: “Na casa de
meu Pai há muitas moradas (…) vou preparar um lugar para vós”.
A vida de Jesus, doada totalmente pelo bem da humanidade,
prepara um lugar digno para todos viverem como filhos amados do Pai. A adesão à
palavra, manifestada no amor fraterno, proporciona formar uma comunidade de
irmãos, conduzida pelo Espírito do Ressuscitado. Essa experiência de amor em
Cristo conduz à comunhão com o Pai, na história e na eternidade.
Os discípulos, que haviam compartilhado a vida com o Mestre,
precisam agora acreditar em Jesus ressuscitado como o caminho para chegar ao
Pai. Tomé expressa o anseio da comunidade para conhecer, de maneira
experiencial, o caminho e a mensagem de Jesus: “Como podemos conhecer o
caminho?”. A resposta de Jesus é reveladora: “Eu sou o caminho, a verdade e a
vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim”.
Jesus é o aminho que conduz ao Pai, pois ele é a verdade que
liberta, testemunhada no amor e na fidelidade até o fim. Assim, ele é o caminho
da salvação que oferece a vida plena. Quem segue os passos de Jesus encontra o
caminho, a verdade e a vida em sua Pessoa, que proporciona a experiência de
Deus como Pai.
A vida plena está unida ao conhecimento do Pai, como único Deus
verdadeiro, e a Cristo, como seu Enviado. A pergunta de Filipe: “Senhor,
mostra-nos o Pai, isso nos basta”, manifesta a necessidade do encontro profundo
com o Pai através de Cristo. A resposta de Jesus: “Há tempo estou convosco, e
não me conheces? Quem me viu, tem visto o Pai”, mostra a comunhão perfeita de
amor que há entre ele e o Pai.
Jesus revela o rosto do Pai através de sua vida, palavras e
ações salvíficas: “Quem me vê, vê aquele que me enviou”. O ver, o acreditar em
Jesus, o Filho, proporcionam a vida eterna. Jesus “veio morar entre nós”, para
manifestar o amor e a ternura do Pai. Sua forma de ir ao encontro das pessoas e
seu amor predileto pelos excluídos expressam a bondade e a compaixão do Pai
pelo ser humano. Mediante sua doação total por amor e o dom de seu Espírito.
Jesus ensina a viver na comunhão filial com o Pai e no serviço generoso aos
irmãos.
Jesus forma uma unidade perfeita com o Pai, na vida e na missão:
“Eu estou no Pai e o Pai está em mim”. Ele cumpriu plenamente a obra confiada
pelo ai. Como Mestre Jesus, os discípulos revelam o Pai através de uma vida
centrada no amor misericordioso.
Quem permanece com Jesus está em comunhão com o Pai e realiza
suas obras de amor. O envio do Espírito Santo, e sua ação nos discípulos e
discípulas, assegura obras maiores, ou seja, a expansão da obra salvadora de
Jesus. Como continuadores da missão, os seguidores de Cristo testemunham a
unidade entre o Pai e o Filho.
Diocese de Limeira
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