5º Domingo da Páscoa

Na 1ª Leitura dos Atos dos Apóstolos, o aumento do número dos discípulos suscita o surgimento de novas lideranças, para superar os desafios e aprimorar a atuação missionária das comunidades primitivas. Os cristãos judeus de língua grega (helenistas), com gentios convertidos e prosélitos, que haviam aderido à comunidade cristã, unem-se aos cristãos judeus de língua aramaica, convertidos pela pregação de Jesus ou dos primeiros apóstolos.

A eleição dos sete diáconos helenistas contribui para a abertura e a unidade da comunidade cristã. A dedicação “à oração e ao serviço da palavra” assegura a formação de novas comunidades, a eficácia apostólica e a transformação social.

O serviço às mesas, a “diaconia”, é confiado a pessoas indicadas pela comunidade. Os primeiros sete diáconos, “repletos do Espírito Santo e de sabedoria”, tornam-se colaboradores dos apóstolos na evangelização. Seu comprometimento assegura a assistência às viúvas desamparadas, representantes dos pobres e excluídos. Os diáconos de dedicavam também ao anúncio do evangelho e à administração do sacramento do Batismo mas seu ministério era distinto daquele dos presbíteros.

Os apóstolos “oraram e impuseram as mãos sobre eles”, demonstrando que o serviço do amor ao próximo deve ser exercido de forma comunitária  e ordenado. O dinamismo do Espírito, a força da oração e da palavra de Deus proporciona o crescimento das comunidades, multiplica o número dos discípulos que aderem à fé em Cristo.

Na 2ª Leitura da primeira carta de Pedro, a comunidade eclesial, templo de pedras vivas, é sustentada por Jesus Cristo, “a pedra que os construtores rejeitaram (e que) tornou-se a pedra angular”. Os cristãos, unidos a Jesus Cristo pelo Batismo, participam de sua vida, morte salvífica e ressurreição e tornam-se pedras vivas na construção de um mundo melhor.

A missão batismal é ressaltada por meio das expressões: “a gente escolhida, o sacerdócio régio, a nação santa, o povo que ele adquiriu”. Essas imagens remetem à comunidade da aliança, ao compromisso de Israel, o povo escolhido e formado por Deus para anunciar o seu louvor.

Os cristãos, como pedras vivas da comunidade solidificada em Cristo e no alicerce dos apóstolos, formam um povo sacerdotal, chamado a exercer a missão santificadora no mundo. Como comunidade da nova aliança, eles não precisam oferecer sacrifícios de animais para expressar a comunhão com Deus, pois foram libertados pela entrega total de Cristo por amor.

Unidos a Jesus ressuscitado, “oferecem sacrifícios espirituais agradáveis a Deus”, através de uma vida entregue a serviço dos irmãos. O exemplo de Cristo, que se tornou a pedra angular por sua fidelidade ao plano salvífico, fortalece seus seguidores no testemunho da fé, em meio às rejeições e adversidades.

A leitura do Evangelho de João está situada no contexto da despedida de Jesus da comunidade dos discípulos e discípulas. A morte de Cristo na cruz havia abalado a fé de seus seguidores. Eles, porém, iluminados pela Páscoa, compreendem as palavras de Jesus. O sentido de sua entrega total faz renascer a esperança e impele os discípulos a seguir o caminho pascal, no serviço e no amor incondicional aos irmãos.

As palavras de Jesus fortalecem a fé e a confiança dos discípulos: “Não se perturbe o vosso coração, credes em Deus, crede também em mim”. A partida de Jesus abre o caminho para a vida plena em Deus: “Na casa de meu Pai há muitas moradas (…) vou preparar um lugar para vós”.

A vida de Jesus, doada totalmente pelo bem da humanidade, prepara um lugar digno para todos viverem como filhos amados do Pai. A adesão à palavra, manifestada no amor fraterno, proporciona formar uma comunidade de irmãos, conduzida pelo Espírito do Ressuscitado. Essa experiência de amor em Cristo conduz à comunhão com o Pai, na história e na eternidade.

Os discípulos, que haviam compartilhado a vida com o Mestre, precisam agora acreditar em Jesus ressuscitado como o caminho para chegar ao Pai. Tomé expressa o anseio da comunidade para conhecer, de maneira experiencial, o caminho e a mensagem de Jesus: “Como podemos conhecer o caminho?”. A resposta de Jesus é reveladora: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim”.

Jesus é o aminho que conduz ao Pai, pois ele é a verdade que liberta, testemunhada no amor e na fidelidade até o fim. Assim, ele é o caminho da salvação que oferece a vida plena. Quem segue os passos de Jesus encontra o caminho, a verdade e a vida em sua Pessoa, que proporciona a experiência de Deus como Pai.

A vida plena está unida ao conhecimento do Pai, como único Deus verdadeiro, e a Cristo, como seu Enviado. A pergunta de Filipe: “Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta”, manifesta a necessidade do encontro profundo com o Pai através de Cristo. A resposta de Jesus: “Há tempo estou convosco, e não me conheces? Quem me viu, tem visto o Pai”, mostra a comunhão perfeita de amor que há entre ele e o Pai.

Jesus revela o rosto do Pai através de sua vida, palavras e ações salvíficas: “Quem me vê, vê aquele que me enviou”. O ver, o acreditar em Jesus, o Filho, proporcionam a vida eterna. Jesus “veio morar entre nós”, para manifestar o amor e a ternura do Pai. Sua forma de ir ao encontro das pessoas e seu amor predileto pelos excluídos expressam a bondade e a compaixão do Pai pelo ser humano. Mediante sua doação total por amor e o dom de seu Espírito. Jesus ensina a viver na comunhão filial com o Pai e no serviço generoso aos irmãos.

Jesus forma uma unidade perfeita com o Pai, na vida e na missão: “Eu estou no Pai e o Pai está em mim”. Ele cumpriu plenamente a obra confiada pelo ai. Como Mestre Jesus, os discípulos revelam o Pai através de uma vida centrada no amor misericordioso.

Quem permanece com Jesus está em comunhão com o Pai e realiza suas obras de amor. O envio do Espírito Santo, e sua ação nos discípulos e discípulas, assegura obras maiores, ou seja, a expansão da obra salvadora de Jesus. Como continuadores da missão, os seguidores de Cristo testemunham a unidade entre o Pai e o Filho.


Diocese de Limeira

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