A 1ª Leitura dos Atos
dos Apóstolos é a continuação da pregação missionária do apóstolo Pedro, que já
ouvimos no domingo passado. O Testemunho de fé em Jesus, como o Senhor e como o
Cristo, que realizou plenamente as promessas messiânicas de salvação, impele ao
compromisso: “Irmãos, que devemos fazer?”. Pedro, porta-voz da comunidade,
indica o caminho para a adesão a Cristo ressuscitado: “Convertei-vos, e cada um
de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo”.
A conversão (metanoiá)
leva à mudança radical, para acolher a proposta de salvação em Cristo,
deixando-se renovar, vivificar e transformar pela ação do Espírito Santo. A
vida nova, manifestada no Batismo, conduz a revestir-se de Cristo ,
incorporando-se na comunidade de seus seguidores e seguidoras.
O número elevado dos
que se converteram e aderiram a Cristo é uma hipérbole, que caracteriza o
extraordinário êxito da missão. Sublinha a rápida expansão das comunidades
cristãs primitivas, conduzidas pela ação do Espírito do Ressuscitado.
A 2ª Leitura da
primeira carta de Pedro é um hino a Cristo, que deixou seu exemplo de
fidelidade ao projeto salvífico do Pai, para que sigamos os seus passos. Quando
maltratado e injuriado, ele não retribuía com agressores e vingança, mas
“colocava a sua causa nas mãos daquele que julga com justiça”.
Por meio de sua paixão
e morte redentora fomos curados, libertados, “a fim de que, mortos para os
pecados, vivamos para a justiça”. De sua entrega por amor resulta a vida e a
salvação do povo. Assim, Cristo tornou-se o pastor e guarda das ovelhas que
estavam desgarradas.
A vida de Cristo, o
Servo sofredor, doada totalmente pela salvação, realiza plenamente a missão do
servo, descrita no quarto cântico. É apelo para testemunhar o compromisso
batismal com alegria e esperança, em meio aos sofrimentos. Muitos cristãos
viviam na condição de escravos ou servos, submetidos aos patrões.
O exemplo de bondade e
paciência de Cristo ensina a trilhar o caminho da justiça através da não
violência. Fortalece a identidade dos cristãos, chamados a viver o amor
solidário, a fazer o bem para ser agradáveis a Deus.
A leitura do Evangelho
de João ressalta que Jesus é o Bom Pastor das ovelhas. Para entender a metáfora
do pastor, é preciso ter presentes também os costumes pastoris da Palestina.
Durante o dia, os rebanhos eram conduzidos às pastagens e, à noite, recolhidos
num redil comunitário, rodeado por uma cerca ou um pequeno muro e vigiado por
um guarda. De manhã, cada pastor chegava à porta do redil e chamava suas
próprias ovelhas para sair. As ovelhas não hesitavam em seguir o pastor, pois
já conheciam sua voz.
A figura do pastor
aparece, sobretudo, nos profetas e nos salmos para sublinhar o cuidado especial
de Deus pelo povo. O profeta Ezequiel, durante o exílio na Babilônia, constata
que os líderes do povo foram maus pastores. Eles exploraram o rebanho,
deixando-o disperso, como presa fácil para todos os animais selvagens.
Por isso, o Senhor
promete reunir as ovelhas dispersas e trazê-las de volta para as boas pastagens.
Ele colocará à frente do seu povo um bom pastor, o Messias, para apascentá-lo
no direito e na justiça, procurar a ovelha perdida, reconduzir a desgarrada,
enfaixar a quebrada, fortalecer a doente. Essa promessa de salvação, anunciada
por Ezequiel, cumpre-se plenamente em Cristo.
O Pai confia as ovelhas
ao cuidado do Filho, que oferece a vida para defender e salvar o rebanho. No tempo
de Jesus, muitas lideranças não estavam exercendo seu ministério de conduzir e
iluminar o povo, como mostra o texto anterior, a história de cego. Jesus “ao
ver as multidões, encheu-se de compaixão por elas porque estavam cansadas e
abatidas, como ovelhas que não tem pastor”.
Ele é o Bom Pastor que
cuida das ovelhas com ternura e doa sua vida pela salvação. Os pastores
verdadeiros entram pela porta que é Jesus e o seguem, vivem e testemunham seu
evangelho. Por Jesus, a porta, as ovelhas são conduzidas até os prados
verdejantes, onde encontram vida abundante. Aqueles que não entram pela porta,
mas saltam o muro, aproxima-se do rebanho para roubar, matar e destruir.
Jesus é o Bom Pastor
que liberta e conduz as ovelhas para fora, oferece a vida nova e plena. Ele
“chama as ovelhas pelo nome”, estabelece uma comunhão existencial de confiança,
amor e liberdade. Como enviado do Pai, “ele caminha à sua frente e as ovelhas o
seguem, porque conhecem a sua voz”. As ovelhas conhecem a voz do pastor, mas
fogem com medo dos estranhos, pois não reconhecem sua voz.
A mensagem libertadora
de Jesus, sua voz, não foi acolhida por todos. Somente aqueles que aderem a seu
caminho, na entrega da vida por amor, compreendem o sentido de suas palavras.
Os discípulos compreendem e escuta a voz do mestre, que os chama pelo nome e os
envia para continuarem a missão de conduzir as ovelhas no caminho para o Pai.
O testemunho de Jesus
ressuscitado decorre da escuta e da adesão à sua palavra, ao seu projeto
salvífico. Ele é a porta aberta, que conduz à vida plena: “Quem entrar por mim
será salvo; poderá entrar e sair, e encontrará pastagem”. Jesus é o caminho
para os rebanhos saírem rumo às pastagens, à plenitude da salvação no Pai.
Os que passam por Jesus
Cristo encontram o caminho para a vida plena. “Eu vim para que tenham vida, e a
tenham em abundância”. Jesus, com sua vida e vitória sobre a morte pela
ressurreição, oferece a vida abundante que sacia os anseios do ser humano, a
esperança da vida eterna.
Diocese de Limeira
Nenhum comentário:
Postar um comentário