3º Domingo da Páscoa

Na 1ª Leitura dos Atos dos Apóstolos, Pedro, porta-voz dos demais discípulos, apresenta o querigma cristão. Jesus de Nazaré, o Enviado do Pai, realizou “milagres, prodígios e sinais” em favor do povo. Ele foi acolhido por muitos e rejeitados por outros até a morte na cruz. “Mas Deus o ressuscitou, libertando-o das angústias da morte”, revelando a eficácia de sua doação a serviço do projeto divino de salvação.

Em Cristo realiza-se plenamente o sentido do salmo de hoje. O Pai não abandonou o Filho na morada dos mortos, mas o ressuscitou para a vida plena em sua glória.

A vitória da vida sobre a morte, manifestada em Cristo, plenifica a promessa messiânica de estabelecimento de um reino eterno de salvação. Na obra de Jesus, o Messias (=ungido), a qual culminou com sua exaltação à direita do Pai, cumprem-se as Escrituras. Jesus venceu a morte através da ressurreição, instaurando o reinado eterno da justiça e da paz. Os cristãos tornam-se testemunhas da vida nova, revelada em Cristo: “Deus ressuscitou este mesmo Jesus, e disso todos nós somos testemunhas”.

A 2ª Leitura da primeira carta de Pedro convida a testemunhar a fé e a esperança, durante “o tempo de permanência como migrantes”. Os cristãos, que estavam sofrendo discriminação, opressão, como no tempo do Egito e da Babilônia, são fortalecidos pela presença de Deus, o Pai que ama e acolhe a todos como filhos. O amor do Pai, revelado ao povo ao longo da história da salvação, culminou na vida, morte salvífica e ressurreição de Cristo.

“Fomos resgatados (…) pelo precioso sangue de Cristo, cordeiro sem defeito e sem mancha”. Jesus, como cordeiro pascal, realiza o êxodo que liberta plenamente, conduzindo à comunhão filial com o Pai.

O seguimento a Cristo, a fidelidade ao seu projeto testemunham a verdadeira fé e esperança em Deus. A esperança em Deus, que ressuscitou Jesus dos mortos, assegura o compromisso em defesa da vida e da dignidade dos que são discriminados, marginalizados.

A leitura do Evangelho de Lucas narra o encontro do Ressuscitado com os discípulos de Emaús. Esse texto, exclusivo de Lucas, convida a percorrer o caminho do discipulado para encontrar Jesus ressuscitado, que parte o pão conosco e revela seu amor que inflama nosso coração.

Os dois discípulos representam os cristãos de todos os tempos, sempre a caminho com o Senhor, na década de 80 do primeiro reavivar a fé em Cristo ressuscitado, presente na comunidade solidária que se reúne para partir o pão.

Os dois discípulos, após a morte de seu Mestre na cruz, partem de Jerusalém em direção ao povoado de Emaús. Jesus de Nazaré, que “foi um profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e diante de todo o povo”, havia suscitado a esperança messiânica de libertação. Os discípulos estão tristes e desiludidos, pois tinham colocado a expectativa num messianismo político nacionalista: “Esperávamos que fosse ele quem libertaria Israel”.

Apesar de não terem acolhido o anúncio pascal das mulheres que diziam: “o Crucificado está vivo”, eles lembram, conversam e discutem a respeito de Jesus, mas seus olhos são incapazes de reconhecer a presença viva de Jesus que estava próximo e caminhava com eles.

O Ressuscitado se faz presente no caminho dos que procuram descobrir o significado de suas palavras e obras, dos que fazem memória de sua vida doada totalmente. À luz das Escrituras, os discípulos e discípulas encontram o verdadeiro sentido da paixão e ressurreição de Cristo: “Não era necessário que o Cristo sofresse tudo isso para entrar na glória?”.

Compreendem que Jesus é o verdadeiro Messias, que realizou o projeto salvífico, passando pelo sofrimento da cruz. “Começando por Moisés e passando por todos os profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, as passagens que se referiam a ele”. A presença do Ressuscitado ilumina os discípulos, fazendo-os compreender a palavra: “Não ardia o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?”.

A adesão à palavra de Jesus manifesta-se na hospitalidade: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!”. O gesto de partir e compartilhar o pão suscita a fé no Ressuscitado. Os olhos dos discípulos se abrem e reconhecem a presença de Jesus, quando ele sentou-se à mesa, “tomou o pão, pronunciou a bênção, partiu-o e deu a eles”.

Na última ceia, Jesus repartiu o pão como dom de sua própria vida. Os discípulos de Emaús celebram o memorial de Jesus como gesto de solidariedade, acolhendo o “peregrino” para que pudesse restaurar as forças. Ao repartir o pão de Jesus na comunhão fraterna da vida, eles fazem a experiência de sua presença viva e atuante.

O gesto de Jesus, que recorda sua vida compartilhada, doada por amor, reconduz os discípulos ao caminho. Reavivados na fé e na esperança, os discípulos levantam-se e voltam para Jerusalém, para testemunhar a experiência do encontro com Cristo ressuscitado: “Realmente, o Senhor ressuscitou!”. Jerusalém, lugar onde Jesus concluiu sua obra de salvação, torna-se o marco inicial da missão dos discípulos, que deve se estender até os confins da terra.


Diocese de Limeira

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