Sempre haverá um momento em que estaremos remontando nossa história de
vida, seja por meio de nossas memórias ou dos momentos registrados por antigas
fotografias. Em uma fração de segundo, somos transportados para o exato momento
em que se imortalizou aquela emoção, lembrando as conversas, os risos
congelados naquelas fotos.
Muitos de nós ainda se lembram das brincadeiras e dos passeios que
tiveram a participação “especial” de nossos pais. Em contrapartida, nossos pais
também se recordam de nossas pronúncias “erradas” ao balbuciarmos as primeiras
palavras.
Como poderiam ser remontados esses doces momentos se não houvesse uma
disponibilidade para essa convivência?
No estresse de um dia tumultuado de trabalho ou ainda sob os efeitos da
adrenalina, resultado dos engarrafamentos ou de pessoas mal-humoradas, podemos
chegar em casa sem muito desejo de conviver. Com o tempo, os gracejos e as
brincadeiras de nossas crianças deixaram de existir e com elas estariam também
desaparecendo os protagonistas de nossa história, que poderia ter sido
remontada no futuro.
Muitos falam sobre o perigo de uma criança mimada. Por outro lado,
conhecemos adultos e adolescentes que vivem problemas de relacionamentos, os
quais podem ter se iniciado pela ausência ou pela pouca atenção para aquilo que
pode ter sido considerado irrelevante pelos pais na época.
Sabemos que, na modernidade do tempo atual, é exigido não somente dos
pais, mas também das mães uma certa dose de ausência devido ao trabalho, o que
para muitos de nós não aconteceu durante nossa infância. Diante disso,
precisamos buscar a qualidade dos momentos disponíveis nos poucos momentos
oferecidos aos nossos filhos.
Essa qualidade poderá estar escondida na simplicidade de ser outro
competidor por meio de um “joystick” ou numa brincadeira inocente em que um
abraço aconteça como resultado da vitória. Na fantasia infantil poderá ser
exigida a nossa transformação em bandido que foge desesperadamente do mocinho
ou ainda suar na tentativa de se esconder atrás do sofá. Radicalizando um pouco
mais, nossas crianças poderão até exigir que nos tornemos confeiteiros de
biscoitos em forma de bichinhos, carrinhos, florzinhas ou que façamos bolinhos
de chuva para tomar o chá na casinha de bonecas.
Antes que a sensação de estarmos saindo da “órbita familiar” nos lance
para o “espaço sideral”, busquemos reaquecer nossa história comunitária de
família. A convivência entre pais e filhos, sem dúvida, é que construirá, de
maneira saudosa, nossa futura história familiar. Mesmo que tais momentos não
sejam registrados pelas lentes fotográficas, eles estarão gravados, de maneira
indelével, no coração dos nossos pequenos, os quais não fazem questão de
registrar o tempo de convivência, mas vivem intensamente os momentos de longas
gargalhadas.
Deus nos abençoe neste santo desafio!
Abraços.
Dado Moura
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