Era de manhã quando o administrador de Ourém prendeu os Pastorinhos por
três dias, exatamente no dia em que Nossa Senhora havia de aparecer.
Esta foi a única das aparições que não aconteceu no dia 13, conforme a
Senhora Branca havia predito. As forças dominantes e políticas do governo
naquela época dominavam Portugal, que por sua vez lançavam grandes perseguições
religiosas. O Administrador do Concelho de Ourém, Artur de Oliveira dos Santos
querendo arrancar dos Pastorinhos o segredo que Nossa Senhora havia lhes
confiado nas aparições, mas também, com medo das manifestações de fé em massa
que estavam a crescer mês a mês na pequena aldeia de Aljustrel, vendo ameaçar o
seu governo, pondo em perigo sua liberdade democrática e temendo um descontrole
socio-político, mandou prender os pequeninos Pastorinhos contagiados pela forte
presença de Nossa Senhora nas aparições.
Nem mesmo as tortuosas ameaças do administrador, puderam impedir que
Nossa Senhora voltasse a aparecer aos três videntes de Fátima, que no Domingo,
dia 19 de Agosto, portanto, sete dias depois de estarem presos nas mãos do
administrador, a Senhora mais branca do que a neve voltou a aparecer nos
Valinhos aos três Pastorinhos, e disse:
“Quero que continueis a vir à Cova da Iria no dia 13, que continueis a
rezar o terço todos os dias. No último mês, farei o milagre, para que todos
acreditem.
- Que é que Vossemecê quer que se faça com o dinheiro que o povo deixa
na Cova da Iria?
Façam dois andores: um, leva-o tu com a Jacinta e mais duas meninas
vestidas de branco; o outro, que o leve Francisco com mais três meninos. O
dinheiro dos andores é para a festa de Nossa Senhora do Rosário e o que sobrar
é para ajuda de uma capela que hão-de mandar fazer.
E, tomando um aspecto mais triste, Nossa Senhora acrescentou:
Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas
almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas.”
Os Pastorinhos de Fátima eram tão convincentes no que se referia aos
pedidos de Nossa Senhora que logo no ano seguinte, em Julho de 1918, foi
realizada a festa de Nossa Senhora do Rosário, e em Agosto do mesmo ano começou
a ser construída a primeira capela, conforme pedia a Santa Mãe de Deus.
Retirado do Livro Memórias da Ir. Lúcia
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