Manhãs sempre são um
sinal de recomeço. Quando as forças parecem estar no fim, sempre se faz
necessário buscar na fé as
certezas de um novo tempo. Assim é a vida: um contínuo processo de estações,
onde o hoje é sempre uma nova oportunidade de ser feliz.
Nem
sempre é fácil buscar algo que ainda não se consegue ver. A fé nasce das
incertezas. Se tudo fosse certo não haveria necessidade de acreditarmos em algo
que ainda não nasceu no jardim de nossas possibilidades. Quando o incerto nasce,
a certeza da fé nos devolve a calma de uma manhã de esperanças sempre novas.
Nas estações da alma a esperança sempre nos convida a
colhermos as flores que ainda são apenas sementes. Somente quem aprendeu a
semear saberá que a colheita leva tempo e é preciso saber esperar. Os
agricultores sabem que a semente leva tempo para nascer. Diante da sepultura da
semente eles sabem que ela está em um processo silencioso de germinação. E
quando menos se espera, a semente surge a partir de um processo reconciliado com
o tempo da natureza. É o milagre dos processos de ressurreição que superam a
morte, dando lugar ao verde de eternas esperanças.
A esperança passa pelo mesmo processo da semente: ela nasce das incertezas a partir de
uma certeza maior. Nem sempre é fácil acreditar quando tudo parece ser
tempestade e as ondas revoltas da vida parecem afundar as pequenas esperanças
que ainda nos mantêm em pé.
Diante das
desesperanças da mulher que iria levar o filho para ser sepultado, Jesus
aparece como um sinal de vida em meio à morte. A procissão das possibilidades encontra-se
com a procissão das despedidas. Diante das lágrimas daquela mãe que
contempla seu filho já sem vida, o Senhor reconhece as dores de quem não tem
mais a esperança como companhia. As alegrias de outrora eram agora somente a
saudade de um tempo que se foi. O passado era apenas uma recordação de um
presente doloroso e de lágrimas.
Quando Jesus se aproxima, as noites daquela senhora começam a
ganhar tonalidades de uma nova manhã com cores de vida. Das trevas das
incertezas começam a desabrochar o verde de um novo tempo. As lágrimas que
antes molhavam as saudades de um tempo de alegrias, agora cedem lugar aos sorrisos
de uma vida nova que traz as certezas das flores que germinam repletas de fé no
jardim da alma.
Foi na
esperança diante da morte já decretada que Jesus devolveu a vida àquela senhora
que caminhava por uma estrada sem flores e sem vida. O inverno de uma estação
sem vida fez daquele jardim de tristezas um lindo canteiro de flores de
esperança.
Em Jesus Cristo encontramos a certeza nas horas incertas. Diante do Autor da Vida toda semente é
sempre uma possibilidade de esperança, que renasce a cada gota de fé que irriga
o solo das tristezas. Enquanto houver uma semente de esperança haverá a certeza
de uma nova vida a desabrochar.
Padre Flávio
Sobreiro
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