Quem acolhe a Palavra produz muito fruto

Jesus pôs-se novamente a ensinar, à beira do mar, e aglomerou-se junto dele tão grande multidão, que ele teve de entrar em uma barca, no mar, e toda a multidão ficou em terra, na praia. E ensinava-lhes muitas coisas em parábolas.

Dizia-lhes na sua doutrina: “Ouvi: Saiu o semeador a semear. Enquanto lançava a semente, uma parte caiu à beira do caminho, e vieram as aves e a comeram. Outra parte caiu no pedregulho, onde não havia muita terra, o grão germinou logo, porque a terra não era profunda, mas, assim que o sol despontou, queimou-se e, como não tivesse raiz, secou. Outra parte caiu entre os espinhos, estes cresceram, sufocaram-na e o grão não deu fruto. Outra parte caiu em terra boa e deu fruto, cresceu e desenvolveu-se, um grão rendeu trinta, outro sessenta e outro cem”. E dizia: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. (Mc 4,1-9)

Relendo o texto

Na parábola do semeador, Jesus serve-se de uma imagem tomada da natureza, na qual, além do semeador, podemos dizer que são protagonistas também as coisas: a semente, que cai sobre vários tipos de terreno, a própria terra que acolhe ou não a semente que é lançada.

Do semeador, a única figura humana, pode-se dizer que ele semeia abundantemente, não se diz, de fato, que conte as sementes ou lance poucas por vez, mas prossegue na semeadura apesar do acolhimento mais ou menos bom do terreno. O semeador, portanto, pode ser definido como generoso, perseverante, confiante, capaz de dar muito, porque põe as suas esperanças no Senhor. Pode-se dizer que ele executa uma parte do trabalho, semear, e depois confia todas as coisas à bondade de Deus, o bom sucesso da semeadura é a parte do trabalho que é executado por Deus.

O semeador, portanto, é um colaborador nas obras de Deus: põe os trabalhos básicos, a fim de que deus realize os seus prodígios, deixa transparecer que escuta, que acolhe a promessa de Deus e confia inteiramente nele.

Semear significa confiar uma vida ao seu caminho vital, iniciar um processo vital com confiança, é uma situação que Jesus emprega porque é descritiva da Palavra. Até mesmo a Palavra, de fato, é pronunciada pelo Senhor e deixada ao homem, que pode acolher ou rejeitar.

Meditando o texto

Pode-se descrever com palavras breves toda a parábola: a semente foi lançada, entregue ao seu curso vital confiantemente, porque quem a semeia a deixa entregue a seu destino, e semeia com largueza e sem olhar onde cai a semente.

A semente nasceu, é mal perceptível no inicio, encontra obstáculos e, não obstante as derrotas parciais, acaba vencendo de maneira extraordinária. Com essa parábola Jesus quer descrever a vida da Palavra no coração de cada um de nós, a semente vem do alto, não nasce na terra, e a palavra de Deus vem de fora, não esta dentro de nós só pelo fato de nos chamarmos de cristãos. Quando a Palavra entra em nós, torna-se como a semente, identifica-se com a terra, por isso não permanece como algo estranho.

E a Palavra, como a semente, lentamente germina, no inicio os sinais do crescimento são apenas perceptíveis, assim como também o fruto da Palavra que ouvimos não se vê imediatamente. As imagens, das quais falamos até aqui, descrevem a nossa vida de cristãos: a Palavra entra no nosso coração e nós queremos logo pô-la em prática, é preciso, ao invés, constentar-se em olhar com os olhos da fé os inícios do crescimento e depois, não obstante seja pouco visível, aperceber-se de que alguma coisa está se desenvolvendo.

Além disso, é preciso proteger a Palavra que entra no coração, como se fosse um broto muitíssimo tenro, contra pedras, espinhos e todas as forças contrarias.

Seja este tempo dedicado à escuta mais atente da Palavra, para ser terreno bom em que a semente brote, cresça e produza muito fruto.

Procurando, agora, questionar-nos

-Que tipo de terreno sou eu para a palavra que é semeada em mim? O primeiro terreno, no qual a Palavra permanece na superfície e logo desaparece tirada por outros? O segundo tipo de terreno, onde a Palavra brota um pouquinho em mim, mas logo fenece porque é queimada? O terceiro tipo de terra, onde a Palavra brota, cresce, mas não chega a frutificar? Ou o quarto tipo de terreno, onde a Palavra dá fruto incontável?

-Nós nos identificamos com a terra que acolhe a semente da Palavra, mas procuremos perguntar-nos: não podemos ser, também nós, semeadores?

-O semeador é aquele que escutou a Palavra e a leva aos outros, não poderia ser este, também para você, o tempo da escuta, para depois você se tornar colaborador do Senhor?


Retirado do Livro A Palavra para os Jovens – Ed. Ave Maria

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