O termo Advento vem do
latim adventum que significa vinda ou chegada e refere-se às quatro semanas
antes do Natal. Pelo Advento, nos preparamos para celebrar a primeira vinda do
Senhor, ou seja, o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo e a expectativa da
segunda vinda do Senhor. Por isso a característica deste tempo, com o qual
começa o ano da Igreja, é a penitência como preparação para receber Aquele que
está para vir. O caráter penitencial do advento é acentuado pela cor litúrgica,
que é o roxo.
O tempo de Advento
recorda-nos a realidade de um Senhor que vem ao encontro dos homens e que, no
final da nossa caminhada por esta terra, nos oferecerá a vida definitiva, a
felicidade sem fim. O tempo do Advento é, também, o tempo da espera do Senhor.
A palavra fundamental é “vigilância”: o verdadeiro discípulo deve estar sempre
“vigilante”, cumprindo com coragem e determinação a missão que Deus lhe confiou.
Estar “vigilante” não significa, contudo, preocupar-se em ter sempre a “alma”
limpa para que a morte não o apanhe com pecados; mas significa viver sempre
ativo, empenhado, comprometido na construção de um mundo de vida, de amor e de
paz.
Pedagogicamente
dizendo, advento é um tempo que a Liturgia dispõe à Igreja com a finalidade de
preparar os cristãos para a celebração do Natal. Como é natural, trata-se de
uma preparação espiritual, incentivando os católicos a preparar o coração e a
alma para o encontro com o Senhor. Mas, não é somente preparação do Natal. No
caso do Advento, estamos diante de dois aspectos desta preparação: aquela da 2ª
vinda e que Paulo escreve aos Tessalonicenses sobre o “Dia do Senhor”, o dia do
juízo final, quando nos encontraremos face a face com Deus (1Ts 5,1-6) e, a
preparação da 1ª vinda, que celebramos no Natal.
Quanto ao primeiro
aspecto do Advento, de preparar-se para a 2ª vinda do Senhor, a vigilância
espiritual pode ser considerada a partir do cuidado em vista do encontro final
com o Senhor, no Final dos Tempos. Para isso, é preciso ficar atentos aos
sinais dos tempos, como o próprio Jesus adverte, e o melhor meio para não se
descuidar e nem se distrair dos sinais dos tempos é pela vigilância espiritual.
Por vigilância espiritual entende-se o cuidado, para que o nosso espírito não
se afaste das coisas de Deus, mas se mantenha fiel ao projeto divino. São
muitas as ocasiões para distrair-se das coisas de Deus, podendo nos anestesiar
daquilo que é divino e descuidar-nos de alimentar nosso espírito com as coisas
do alto.
O Advento é tempo para
incentivar com mais intensidade a oração, a leitura da Palavra, a penitência e
as obras de caridade. A vigilância é feita preferencialmente com a oração e, a
oração nos mantém acordados para o encontro do Senhor, em sua 2ª vinda.
Quanto ao segundo
aspecto do Advento, da preparação para o Natal de Jesus, é a alegria da nossa
salvação pela encarnação do Verbo de Deus. Neste tempo que a publicidade
natalina vem alimentar nosso espírito com “belas” e “boas” mensagens de tempos
novos, repletos de paz e de harmonia fraterna, é preciso ficar atentos para não
nos alimentar com fantasias e imagens enganosas. O alimento espiritual deste
tempo que nos aproxima do Natal não pode se limitar a poesias ou mensagens
vazias. Precisa de algo mais sólido como a oração diária, a meditação da
Palavra de Deus e as obras de caridade.
A coroa do Advento
Um dos muitos símbolos
do Natal é a coroa do Advento que, por meio de seu formato circular e de suas
cores, expressa a esperança e convida à alegre vigilância. Na confecção da
coroa são usados ramos de pinheiro e cipreste, únicas árvores cujos ramos não
perdem suas folhas no outono e estão sempre verdes, mesmo no inverno, ou seja,
mesmo em tempos difíceis. Os ramos verdes são sinais da vida que resiste; são
sinais da esperança. A coroa é envolvida com uma fita vermelha que lembra o
amor de Deus que nos envolve e nos foi manifestado pelo nascimento de Jesus. Na
coroa, são colocadas quatro velas referentes a cada domingo que antecede o
Natal. A luz vai aumentando à medida em que se aproxima o Natal, festa da luz
que é Cristo, quando a luz da salvação brilha para toda humanidade.
Quanto às cores das
quatro velas, a mais usada é a cor vermelha. Em alguns lugares costumava-se
usar velas nas cores roxa e uma vela cor rósea referente ao terceiro domingo do
Advento, quando celebra-se o “Domingo
Gaudete” (Domingo da Alegria), a alegria de quem se sente perdoado. O terceiro
domingo se inicia com a seguinte proclamação: “Alegrai-vos sempre no Senhor. De
novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto”. Estando já próxima a
chegada do Homem-Deus, a Igreja pede que “a bondade do Senhor seja conhecida de
todos os homens”. Atualmente em muitos lugares tem-se usado cada uma de uma
cor.
O tempo do Advento quer
sensibilizar-nos para a celebração do Natal do Senhor e para a segunda vinda de
Jesus. O apelo que Cristo nos lança à vigilância é para ser tomado bem a sério.
Que o Senhor não nos encontre dormindo, mas vigilantes. Este é o convite que
Jesus nos faz: “Vigiai!” Como os Profetas, Maria, José, os pastores, os Reis
Magos… Se vigiamos, o nosso presente e o nosso futuro encontrar-se-ão. É isso a
Esperança.
Padre Mário Marcelo
Coelho, scj
Doutor em Teologia
Moral
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