Para os evangelhos
sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), Jesus sobe a Jerusalém para a festa da
Páscoa apenas uma vez durante a sua atividade pública. Para o Evangelho de
João, no entanto, Jesus sobe a Jerusalém, três vezes (cf. 2, 23; 6,4; 13,1),
participando todos os anos da festa maior do judeu fiel. Estava próxima a festa
da Páscoa. E João faz questão de dizer que se trata da Páscoa dos judeus,
diferenciando-a da Páscoa que fará Jesus.
O Templo, casa de Deus,
deveria ser o lugar privilegiado da presença de Deus em meio ao seu povo, lugar
da escuta de sua Palavra e da experiência amorosa do encontro com Deus. Jesus
depara-se com uma realidade oposta, tendo o Templo sido transformado em lugar
de “comércio” com Deus, explicitamente mostrado pela presença dos diversos
cambistas e vendedores de animais para os sacrifícios.
Os cambistas deveriam
trocar moeda a estrangeira dos peregrinos em moeda corrente do Templo. Todos
deveriam fazer o câmbio não apenas porque uma moeda estrangeira não teria valor
de compra em Jerusalém, mas também porque, segundo as prescrições judaicas, uma
moeda estrangeira era impura, e por isso, impedida de comprar alimentos, e
principalmente, os animais para serem oferecidos em sacrifício. E estando
próxima a festa da Páscoa, esta prescrição era observada com mais rigor ainda,
pois a impureza ritual impediria o peregrino e celebrar a Páscoa.
Numa perspectiva
profética, exigindo radical conversão, Jesus mesmo confeccionou um chicote e
expulsou todos do Templo e espalhou as moedas, derrubando as mesas dos
cambistas.
Este Templo dever ser
“reconstruído”, diz ele. O lugar da relação com Deus deveria passar agora por
outro Templo: o corpo de Jesus, “levantando”, e em três dias, ressuscitado,
referindo-se à sua Páscoa. Este corpo ressuscitado é, por decorrência, o novo
Templo agora erguido, a Igreja nascida em Jesus e da sua páscoa.
Revista de Liturgia
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