32º Domingo do Tempo Comum

Para os evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), Jesus sobe a Jerusalém para a festa da Páscoa apenas uma vez durante a sua atividade pública. Para o Evangelho de João, no entanto, Jesus sobe a Jerusalém, três vezes (cf. 2, 23; 6,4; 13,1), participando todos os anos da festa maior do judeu fiel. Estava próxima a festa da Páscoa. E João faz questão de dizer que se trata da Páscoa dos judeus, diferenciando-a da Páscoa que fará Jesus.

O Templo, casa de Deus, deveria ser o lugar privilegiado da presença de Deus em meio ao seu povo, lugar da escuta de sua Palavra e da experiência amorosa do encontro com Deus. Jesus depara-se com uma realidade oposta, tendo o Templo sido transformado em lugar de “comércio” com Deus, explicitamente mostrado pela presença dos diversos cambistas e vendedores de animais para os sacrifícios.

Os cambistas deveriam trocar moeda a estrangeira dos peregrinos em moeda corrente do Templo. Todos deveriam fazer o câmbio não apenas porque uma moeda estrangeira não teria valor de compra em Jerusalém, mas também porque, segundo as prescrições judaicas, uma moeda estrangeira era impura, e por isso, impedida de comprar alimentos, e principalmente, os animais para serem oferecidos em sacrifício. E estando próxima a festa da Páscoa, esta prescrição era observada com mais rigor ainda, pois a impureza ritual impediria o peregrino e celebrar a Páscoa.

Numa perspectiva profética, exigindo radical conversão, Jesus mesmo confeccionou um chicote e expulsou todos do Templo e espalhou as moedas, derrubando as mesas dos cambistas.

Este Templo dever ser “reconstruído”, diz ele. O lugar da relação com Deus deveria passar agora por outro Templo: o corpo de Jesus, “levantando”, e em três dias, ressuscitado, referindo-se à sua Páscoa. Este corpo ressuscitado é, por decorrência, o novo Templo agora erguido, a Igreja nascida em Jesus e da sua páscoa.


Revista de Liturgia

Nenhum comentário: