Olhando para a 1ª Leitura, do profeta Malaquias, sabemos que esta
perícope de hoje é parte de uma unidade literária maior: o sexto oráculo deste
profeta. Este oráculo nos fala do triunfo da justiça divina. O israelita fiel
objeta e interroga, pondo em questão o valor de suas boas ações: não vale a
pena servir a Deus e observar os mandamentos; o justo sofre neste mundo
enquanto o malvado prospera, tentando a Deus impunemente.
Malaquias responde a esta objeção assegurando que Deus não abandona ao
que serve e teme. Isso se observará no “Dia que há de vir”. “Eis que virá um
dia” é uma expressão tipicamente profética para chamar a atenção dos ouvintes
para o futuro, despertando neles a expectativa de um tempo melhor.
A imagem do fogo (dia abrasador como fornalha) que abrasa e consome o
arrogante é clássica, na literatura profética, para indicar o juízo de Deus ao
malvado: será completamente aniquilado. Para o justo, ao contrário, começa
então uma era de paz e de prosperidade. Como o sol matinal rompe a obscuridade
da noite, assim a próxima manifestação do Senhor iluminará este mundo de trevas
em que lutam e se debatem os justos.
Na 2ª Leitura, Paulo escreve aos tessalonicenses, porque alguns deles,
devido à espera da parusia iminente, isto é, o pensamento de que o mundo
duraria pouco, descuidam-se das ocupações humanas normais, sobretudo do
trabalho, e vivem às custas dos outros.
Chegamos ao Evangelho. O texto de hoje confirma que a parusia – segunda
vinda de Cristo – não será imediata. As perseguições não estão fora do que
Cristo anunciou. Não há como fixar a data do fim dos tempos. Os discípulos do
Senhor não estão abandonados.
Jesus anuncia a destruição do templo. O primeiro templo (de Salomão) foi
destruído em 586 a.C. Dizer que também o segundo templo (construído em 515
a.C.) seria destruído como anuncio do fim do mundo. Ele não dá uma resposta
direta, mas falta das catástrofes que fazem pensar no fim; entre estas, a ruína
do templo. Porém, ‘o fim não vem em seguida’ (no tempo de Lucas o templo já
estava em ruínas).
Não se deve ir atrás de qualquer fanático dizendo-se o Messias. As
catástrofes são apenas lembretes, sinais. Significam que Deus julga a História.
Ele tem a última palavra, para a qual nos preparamos, com o coração desperto e
sóbrio, na fidelidade no dia-a-dia, como também na perseguição.
Apesar de sua linhagem apocalíptica, há que ter em conta que nosso texto
não é nenhum descrição do fim do mundo. O centro do relato está no início do
versículo 12: “Antes disso tudo, porém [...]”. Lucas quer explicar que não se
sabe quando ocorrerá o fim do mundo. Quando os discípulos perguntavam a Jesus
Cristo quando virá o dia, a resposta consiste em dizer que devem suceder muitas
coisas que parecerão indícios do fim, sem o ser ainda. O que importa, pois, não
é conhecer a data da segunda vinda de Cristo, mas ter claro que, antes de tudo
isso, os discípulos serão perseguidos por causa do Evangelho.
Jesus quer agora inspirar confiança e dar ânimo a seus discípulos. Se
eles serão levados aos tribunais por sua causa, é lógico que Jesus não os
abandonará nesta ocasião. Por isso lhes
promete ser ele mesmo o advogado e dar-lhes aquela sabedoria de que vão
necessitar.
Sua causa, que é a mesma causa de Jesus, chegará a uma vitória: o
Evangelho se propagará a todo o mundo. Também Jesus foi levado ante os
tribunais, padeceu e morreu sob Pôncio Pilatos, mas ressuscitou e seus
apóstolos pregaram o Evangelho por força da Ressurreição.
Mesmo que sejamos mortos por causa do Evangelho, nossa vida permanece
intacta pela ação de Deus, que nos livra da morte eterna.
O importante é que o cristão perseguido está nas mãos de Deus. Ele o
salvará. A seu modo. Por seus caminhos. Vale notar que a perseguição é ocasião
de um testemunho mais firme, glorioso, irresistível. Jesus foi o primeiro
perseguido, e ele é quem é perseguido nos discípulos. Com o testemunho de
doação da própria vida, os cristãos mostram a grandeza daquele que seguem: nem
a morte os pode separar dele.
A fé possui a certeza de que Deus não abandona o mundo às forças do mal.
O sofrimento que vemos deve ser encarado como as dores de um pastor, não como
abandono e absurdo.
Site da Diocese de Limeira
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