33° Domingo do Tempo Comum

Olhando para a 1ª Leitura, do profeta Malaquias, sabemos que esta perícope de hoje é parte de uma unidade literária maior: o sexto oráculo deste profeta. Este oráculo nos fala do triunfo da justiça divina. O israelita fiel objeta e interroga, pondo em questão o valor de suas boas ações: não vale a pena servir a Deus e observar os mandamentos; o justo sofre neste mundo enquanto o malvado prospera, tentando a Deus impunemente.

Malaquias responde a esta objeção assegurando que Deus não abandona ao que serve e teme. Isso se observará no “Dia que há de vir”. “Eis que virá um dia” é uma expressão tipicamente profética para chamar a atenção dos ouvintes para o futuro, despertando neles a expectativa de um tempo melhor.

A imagem do fogo (dia abrasador como fornalha) que abrasa e consome o arrogante é clássica, na literatura profética, para indicar o juízo de Deus ao malvado: será completamente aniquilado. Para o justo, ao contrário, começa então uma era de paz e de prosperidade. Como o sol matinal rompe a obscuridade da noite, assim a próxima manifestação do Senhor iluminará este mundo de trevas em que lutam e se debatem os justos.

Na 2ª Leitura, Paulo escreve aos tessalonicenses, porque alguns deles, devido à espera da parusia iminente, isto é, o pensamento de que o mundo duraria pouco, descuidam-se das ocupações humanas normais, sobretudo do trabalho, e vivem às custas dos outros.

Chegamos ao Evangelho. O texto de hoje confirma que a parusia – segunda vinda de Cristo – não será imediata. As perseguições não estão fora do que Cristo anunciou. Não há como fixar a data do fim dos tempos. Os discípulos do Senhor não estão abandonados.

Jesus anuncia a destruição do templo. O primeiro templo (de Salomão) foi destruído em 586 a.C. Dizer que também o segundo templo (construído em 515 a.C.) seria destruído como anuncio do fim do mundo. Ele não dá uma resposta direta, mas falta das catástrofes que fazem pensar no fim; entre estas, a ruína do templo. Porém, ‘o fim não vem em seguida’ (no tempo de Lucas o templo já estava em ruínas).

Não se deve ir atrás de qualquer fanático dizendo-se o Messias. As catástrofes são apenas lembretes, sinais. Significam que Deus julga a História. Ele tem a última palavra, para a qual nos preparamos, com o coração desperto e sóbrio, na fidelidade no dia-a-dia, como também na perseguição.

Apesar de sua linhagem apocalíptica, há que ter em conta que nosso texto não é nenhum descrição do fim do mundo. O centro do relato está no início do versículo 12: “Antes disso tudo, porém [...]”. Lucas quer explicar que não se sabe quando ocorrerá o fim do mundo. Quando os discípulos perguntavam a Jesus Cristo quando virá o dia, a resposta consiste em dizer que devem suceder muitas coisas que parecerão indícios do fim, sem o ser ainda. O que importa, pois, não é conhecer a data da segunda vinda de Cristo, mas ter claro que, antes de tudo isso, os discípulos serão perseguidos por causa do Evangelho.

Jesus quer agora inspirar confiança e dar ânimo a seus discípulos. Se eles serão levados aos tribunais por sua causa, é lógico que Jesus não os abandonará nesta ocasião.  Por isso lhes promete ser ele mesmo o advogado e dar-lhes aquela sabedoria de que vão necessitar.

Sua causa, que é a mesma causa de Jesus, chegará a uma vitória: o Evangelho se propagará a todo o mundo. Também Jesus foi levado ante os tribunais, padeceu e morreu sob Pôncio Pilatos, mas ressuscitou e seus apóstolos pregaram o Evangelho por força da Ressurreição.

Mesmo que sejamos mortos por causa do Evangelho, nossa vida permanece intacta pela ação de Deus, que nos livra da morte eterna.

O importante é que o cristão perseguido está nas mãos de Deus. Ele o salvará. A seu modo. Por seus caminhos. Vale notar que a perseguição é ocasião de um testemunho mais firme, glorioso, irresistível. Jesus foi o primeiro perseguido, e ele é quem é perseguido nos discípulos. Com o testemunho de doação da própria vida, os cristãos mostram a grandeza daquele que seguem: nem a morte os pode separar dele.

A fé possui a certeza de que Deus não abandona o mundo às forças do mal. O sofrimento que vemos deve ser encarado como as dores de um pastor, não como abandono e absurdo.


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