Jesus disse a Pedro e João: “Ao entrarem na cidade encontrarão um homem carregando uma bilha de água, sigam-no até a casa em que ele entrar, e digam ao dono da casa: o Mestre pergunta-se: Onde está a sala em que comerei a Páscoa com os meus discípulos? Ele mostrará no andar ali superior uma grande sala mobiliada, e façam os preparativos”. Foram, pois, e acharam tudo como Jesus lhes dissera, e prepararam a Páscoa.” (LC 22,9-13)
Com o mesmo carinho que os discípulos prepararam o lugar da ceia, nós preparamos e organizamos o espaço da celebração, como quem escolhe a graça e a energia de nosso Deus que se comunica conosco no aqui e agora de nossa história.
Os primeiros cristãos, com o cuidado de não reproduzir as religiões existentes, afirmavam que não precisavam de templo – porque, diziam eles, como colocar em um só lugar Aquele que domina o céu e a terra? -, cediam suas casas ou reservavam uma casa para a Liturgia comunitária.
De fato, o espaço da celebração não é a casa de Deus. A casa de Deus é cada um de nós e somos nós como Igreja. A verdadeira casa de Deus é a comunidade de fiéis que formam o corpo de Cristo. O espaço da celebração é a casa da casa de Deus, o lugar que abriga a assembléia dos cristãos e cristãs, convocados pelo Pai, em Cristo, na força do Espírito.
O espaço: sacramento de nossa aliança com Deus. Se olharmos para a realidade profunda de cada nós e da humanidade como um todo, percebemos a importância do espaço na constituição de nosso ser. Não apenas ocupamos lugar no espaço, mas somos o espaço que ocupamos. Por isso, hoje, a luta por um canto de terra para plantar, por um lugar na cidade para morar, é, sobretudo, a luta pela dignidade de cada um na sociedade em que vivemos.
Os estudos da psicologia profunda – e a experiência de cada um certamente confirma! – revelam esta unidade entre aquilo que a gente é e o espaço que nós vivemos. O espaço revela nosso ser. O “diga-me como moras e eu te direi quem és” tem certo fundo de verdade.
Da mesma forma, o espaço litúrgico apresenta-se como sacramento, através do qual fazemos a experiência da aliança com Deus, nos constituímos como Igreja de Cristo e recebemos o seu Espírito. Recomenda-se que as igrejas e todos os espaços sejam consagrados ou abençoados.
Para organizar o espaço de nossas celebrações, é bom lembrar, em primeiro lugar, que o espaço da celebração é o espaço da assembléia, o lugar reunião da comunidade. Deve facilitar a comunicação entre os irmãos e irmãs e deixá-los o mais à vontade possível.
Como sacramento, o espaço deve ser digno e belo, sinal da beleza de Deus. O que não significa, de maneira nenhuma, luxo ou requinte, mas apenas bom gosto! A importância espiritual da beleza não quer dizer que no espaço da celebração vamos permitir enfeites desnecessários. É importante lembrar que os objetos devam ser uteis, isto é, servir a alguma finalidade na dinâmica da celebração, e serem, ao mesmo tempo, verdadeiros.
Devemos cuidar para que o espaço seja despojado e simples, levando-nos ao essencial. Assim como há poluição nas cidades e nos lugares da natureza, podemos ter poluição no espaço da celebração. Tantas coisas, tantos objetos, folhagens, cartazes, que perdemos o sentido do que realmente é importante. Uma regra pratica que pode nos ajudar é a de evitar duplicações: por exemplo, se temos uma cruz grande não precisa ter outra sobre o altar...
Retirado do Livro Liturgia em Mutirão – Ed. CNBB
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