Chegamos à quarta semana da Quaresma, é preciso fazer uma revisão dos nossos compromissos e o que realmente nos motivam a fazê-los. A Santa Mãe Igreja nos pede três exercícios espirituais Oração, Jejum e Esmola. Pede também que nós façamos penitência como um passo consciente de pedido de perdão dos pecados e desejo de mudança de vida, conversão.
Fixemos atentamente o nosso olhar no sangue de Cristo e compreenderemos como é precioso aos olhos de Deus seu Pai esse sangue que, derramado para nossa salvação, ofereceu ao mundo inteiro a graça da penitência. Percorramos todas as idades do mundo e veremos que em todas as gerações o Senhor concedeu o tempo favorável da penitência a todos os que a Ele se quiseram converter. Noé proclamou a penitência, e todos os que o escutaram foram salvos. Jonas anunciou aos ninivitas a destruição iminente, mas eles, fazendo penitência pelos seus pecados, aplacaram a ira de Deus com as suas orações e obtiveram a salvação, apesar de não pertencerem ao povo de Deus.
Inspirados pelo Espírito Santo, os ministros da graça de Deus pregaram a penitência. O próprio Senhor de todas as coisas falou da penitência, empenhando as suas palavras com juramento: Pela minha vida, diz o Senhor, não quero a morte do pecador, mas o seu arrependimento; e acrescentou aquela admirável sentença: Deixa de praticar o mal, ó casa de Israel. Diz aos filhos do meu povo: Ainda que os vossos pecados cheguem da terra ao céu, ainda que sejam mais vermelhos que o escarlate e mais negros que o cilício, se vos converterdes a Mim de todo o coração e disserdes ‘Pai’, Eu vos tratarei como um povo santo e ouvirei as vossas súplicas. (cf. Isaias 1,18; 63,16; 64,7; Jeremias 3,4; 31,9).
E querendo levar à penitência todos aqueles a quem amava, confirmou esta sentença com a sua vontade onipotente.
Obedeçamos, portanto, à sua excelsa e gloriosa vontade e, implorando humildemente a sua misericórdia e benignidade, refugiemo-nos na sua clemência e convertamo-nos sinceramente, abandonando as obras más, as contendas e as invejas que conduzem à morte.
Sejamos humildes de coração, irmãos caríssimos, evitemos toda a espécie de soberba, vaidade, insensatez e cólera, e ponhamos em prática o que está escrito. Diz o Espírito Santo: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte na sua força, nem o rico na sua riqueza; mas quem se gloria, glorie-se no Senhor, procurando-O a Ele e praticando o direito e a justiça (cf. Jr 9,22-23; 1Cor 1,31).
Antes de mais nada, lembremo-nos das palavras do Senhor Jesus, quando nos recomendava a benevolência e longanimidade: Sede misericordiosos e alcançareis misericórdia; perdoai e sereis perdoados; como tratardes o próximo, assim sereis tratados; dai e dar-se-vos-á; não julgueis e não sereis julgados; sede benévolos e obtereis benevolência; com a medida com que medirdes vos será medido (cf. Mateus 5,7; 6,14; 7,1. 2).
Observemos fielmente estes mandamentos e preceitos do Senhor; vivamos sempre, com toda a humildade, fiéis às suas santas palavras; e lembremo-nos do texto sagrado: Para quem voltarei o meu olhar senão para o humilde e manso de coração, para aquele que teme as minhas palavras? (cf. Isaias 66,2).
Deste modo, imitando as obras grandiosas dos nossos ilustres antepassados, corramos de novo para a meta que nos foi proposta desde o princípio, que é a paz. Contemplemos atentamente o Pai e Criador do universo, e coloquemos toda a nossa esperança na magnificência e generosidade do dom da paz que nos oferece.
Da Carta de São Clemente I, papa, aos Coríntios.
(Cap. 7, 4-8, 3; 8, 5-9, 1; 13, 1-4; 19, 2: Funk 1, 71-73-77 78.87) (Séc. I).
Obedecei a Deus, mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Aproximai-vos de Deus e ele se aproximará de vós. Purificai as mãos, ó pecadores, e santificai os corações, homens dúbios. Humilhai-vos diante do Senhor, e ele vos exaltará (Tiago 4, 7-8. 10).
Esta Palavra deixa clara que a grande necessidade da penitência é a conversão dos nossos corações. Neste tempo as orações e prefácios das Missas nos dão o verdadeiro sentido dos exercícios espirituais, pois a pergunta não deve nos desobrigar, menosprezando a necessidade de oração e penitência, mas deve acender em nossos corações o verdadeiro conhecimento de Deus e de nós mesmos:
Para renovar, na santidade, o coração dos vossos filhos e filhas, instituístes este tempo de graça e salvação. Libertando-nos do egoísmo e das outras paixões desordenadas, superamos o apego às coisas da terra (Prefacio da Quaresma II).
Esperar com alegria, cada ano, a festa da Páscoa. De coração purificado, entregues à oração e à prática do amor fraterno, preparamo-nos para celebrar os mistérios pascais, que nos deram vida nova e nos tornaram filhas e filhos vossos (Prefacio da Quaresma I).
Vós acolheis nossa penitência como oferenda à vossa glória. O jejum e a abstinência que praticamos, quebrando nosso orgulho, nos convidam a imitar vossa misericórdia, repartindo o pão com os necessitados (Prefacio da Quaresma III).
Oração: Deus, que para remédio e salvação nossa nos ordenais a prática da mortificação, concedei que possamos evitar todo pecado e cumprir de coração os mandamentos do vosso amor. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Minha benção fraterna.
Padre Luizinho
Retirado do Blog da Canção Nova
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